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sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A FORMAÇÃO DAS IGREJAS É A HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ



A APRESENTAÇÃO

Prezados Ministros, Professores e Líderes (Discipuladores)

A Paz do Senhor Jesus seja convosco.

Estamos vivendo tempos de fome espiritual, onde heresias têm procurado se instalar no seio da Igreja; Deus levantou o projeto para um grande avivamento espiritual. Não basta apenas termos talentos naturais ou compreensão das conseqüências das crises que o mundo atravessa. Precisamos,exercer influências com nosso testemunho perante os que dispomos a ensinar a Palavra de Deus. é muito importante porque nos dará ampla visão da teologia Divina, atrairá futuros líderes ao aprendizado e criará um ambiente mais espiritual na nossa Igreja (Koinonia). Aprendizados errados geram desastres e resistência à Obra de Deus. Somente o correto de forma correta leva ao sucesso, na consciência e submissão ao Espírito Santo que rege a igreja. Temos que combinar estratégias de ensino com o nosso caráter revelado em nossas vidas; devemos incentivar a confiança dos alunos na Escritura, com coerência e potencial. Temos capacidade, em Deus, de mudarmos o mundo, começando do mundo interior das consciências humanas dos alunos, que se tornarão futuros evangelizadores capacitados na Bíblia. Tome esta certa decisão: Estude, antes, o material, reúna seus alunos, apresente os planos de aula, dê um tempo para refletirem, divulgue a doutrina, em conjunto, como facilitador do processo educacional, tranqüilize e encoraje os outros a fazerem parte de novas turmas. Não preguemos a verdade para ferirmos os outros ou para destruir, mas para ajudar e corrigir as almas,com amor, esperando que Deus lhes conceda o entendimento do Reino dos Céus.
Como facilitador da visão de ensino, conheça os quatro pilares da Educação:
1) Aprender a Conhecer: -Tenha a humildade de saber que não sabes tudo; Seja competente, compreensivo, útil, atento, memorizador e informe o assunto de forma contextualizada com a realidade atual.
2) Aprender a fazer: -Seja Preparado para ministrar as aulas, conhecendo a matéria previamente, estimulando a criatividade dos alunos, preparando-os para a tarefa determinada de Jesus de serem discípulos.
3) Aprender a Viver juntos: -Estimule a descoberta mútua entre os alunos da Palavra de Deus, em forma de solidariedade, cooperativismo, promovendo auto-conhecimento e auto-estima entre os alunos, na solidariedade da compreensão mútua; o objetivo do curso não é apenas ter conhecimento, mas “ser cristão”.
4) Aprender a Ser: -Resgate a visão holística (completa) e integral dos alunos, preparando-os para integrarem corpo, alma e espírito com sensibilidade, ética, responsabilidade social e espiritualidade, formando juízo de valores, levando-os a aprenderem a decidir por si mesmos, com a ajuda do Espírito Santo. Lembrem-se de que a primeira impressão é a que fica marcada na consciência. Temos que ser perceptivos, hábeis para lidar com as dúvidas, sem agressões, procurando soluções com base bíblicas sem fundamentalismo de usar textos sem contextos por pretextos de posicionamentos individuais. Estimule os alunos, com liberdade de pensamento para terem respostas. Tome comum a mensagem, filtrando os resultados no bom-senso. Seja amável, compreensivo, sincero, sem ter uma visão exclusivista do seu ponto de vista, em detrimento da Palavra de Deus, que sempre é o referencial.

Agradecemos a Deus, aos amados Líderes e aos alunos por seu interesse.

Deus vos abençoe.


PB. José Márcio Lacerda
Diretor/Presidente do Instituto de Educação Teológica Pneumatikos-IETEP
BACHAREL EM TEOLOGIA (FACULDADE DE TEOLOGIA E FILOSOFIA NACIONAL)
IGREJA PRESBITERIANA DE NOVA VIDA DO BRASIL
E-mail: ministeriojosemarcio@gmail.com agentejosemarcio@gmail.com



SUMÁRIO


1º CAPÍTULO I QUE SIGNIFICA A PALAVRA "CRISTÃO

2º CAPÍTULO II A GRANDE DESFRATERNIZAÇÃO DAS IGREJAS CRISTÃS

3º CAPÍTULO III ORIGEM DOS "ANABATISTAS

4º CAPÍTULO IV AS PERSEGUIÇÕES CONTRA OS ANABATISTAS

5º CAPÍTULO V IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS ATÉ O SÉCULO XII

6º CAPÍTULO VI IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS DO SÉCULO XII a XV

7º CAPÍTULO VII OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI

8º CAPÍTULO VIII A QUEDA DO APELIDO ANABATISTA

9º CAPÍTULO IX OS BATISTAS

10º CAPÍTULO X IGREJA PENTECOSTAL ANABATISTA

11º HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ



INTRODUÇÃO
A FORMAÇÃO DAS IGREJAS É A HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ
1º CAPÍTULO I QUE SIGNIFICA A PALAVRA "CRISTÃO"?
O significado para a palavra cristão hoje é bem diferente do significado usado nas escrituras. Hoje, qualquer um que segue uma religião denominada "cristã", acha se no direito de dizer que é um cristão. Alguns são tão depravados em sua forma de viver que de maneira nenhuma fazem jus a essa palavra. Outros são tão errados biblicamente e mesmo assim insistem em achar-se cristãos. E aí está o problema: O próprio indivíduo achar-se um cristão quando não o é. A palavra “cristão” como é usada na bíblia é um apelido. E este apelido referia-se aos crentes que andavam de uma forma digna. A conduta (dentro da família e da sociedade), a transformação interior e exterior, sucediam a profissão de fé destes crentes. Tamanha era a transformação que se tornavam impossíveis de não serem notados. Então a própria sociedade, testemunhando esta transformação, chamava-os de "cristãos". Assim, ser apelidado de cristão seria uma grande honra a qualquer crente. É errado, mesmo numa igreja considerada correta, chamar pessoas não regeneradas de cristãos. Não vemos na Bíblia um só exemplo dos apóstolos considerarem verdadeiros crentes aqueles que ainda viviam no pecado. Paulo nos dá um grande exemplo disso em I Co 6,9-11; quando fala que: "Os injustos não herdarão o reino de Deus", e numa lista muito ampla dá exemplo do que é ser um injusto: "Não vos enganeis, nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores, herdarão o reino dos céus, e tais fostes alguns de vós". Alguns Coríntios foram achados nos pecados mencionados acima. Foram! Mas o sangue de Jesus lavou-os, santificou-os e os justificou. O pecado era coisa do passado na vida destes crentes. Achar que se é um cristão por pertencer a uma igreja denominada de cristã é um grande erro. A maior igreja cristã do mundo tem um bilhão e duzentos milhões de fiéis. Todos idólatras, ou então não estariam lá. Herdarão os mesmos o reino dos céus? Se não herdarão os reino dos céus porque é certo chamá-los de cristãos? O verdadeiro significado da palavra "cristão" não está tanto neste lindo apelido. Está na pessoa que aceita Jesus como seu salvador e vive dignamente como um verdadeiro discípulo do Senhor Jesus Cristo. A palavra cristão também não é um nome próprio dado por Jesus aos seus discípulos. Ele jamais chamou um de seus apóstolos ou qualquer outra pessoa de "cristão". Ele simplesmente chamava-os de "discípulos" ou "seguidores". Esta palavra, no sentido que é usada na Bíblia, é nada mais e nada menos que um apelido dado aos discípulos ou membros da igreja de Jesus Cristo.
ONDE SURGIU PELA PRIMEIRA VEZ ?
O apelido "cristão" surgiu pela primeira vez na cidade de Antioquia em referencia aos discípulos de Cristo naquela cidade (At 11,26). Foram assim chamados pelos moradores daquela grande metrópole devido ao bom exemplo que davam e por sempre testemunhar a respeito de Jesus. Desde então o apelido pegou e suplantou os outros apelidos que eles tinham, como por exemplo o de "nazarenos", apelido pelo qual eram conhecidos os discípulos pelos judeus (At 24,5).O apelido cristão generalizou-se de tal forma que em pouco tempo todos os membros das igrejas de Cristo foram assim chamados. Não houve outro que representasse tão bem os discípulos de Cristo até meados do terceiro século, período no qual houve a necessidade de acrescentar um sobrenome a este apelido. Até o século terceiro não havia nenhuma instituição denominacional como temos hoje. Não havia a Igreja Católica, ou a Igreja Batista, ou a Igreja Anglicana. Havia apenas a Igreja de Jesus Cristo, e como vimos, seus membros foram apelidados de cristãos. Jesus, ao instituir sua igreja, nunca a chamou por um nome como Católica ou Batista. Chamava-a de "minha igreja" (Mat. 16,18), ou quando muito, colocava o nome da cidade onde ela se encontrava, "Igreja de Esmirna" (Apoc. 2,8).
O CRESCIMENTO DOS CRISTÃOS PRIMITIVOS
O crescimento dos cristãos foi espantoso. O núcleo formado por Cristo em Jerusalém se espalhou para a Judéia, Galiléia e Samaria. Não tardou muito e o evangelho atravessou as fronteiras da Palestina atingindo a Síria, Chipre e toda a Ásia Menor. Mais algum tempo e toda a costa norte e sul do mediterrâneo possuía grandes centros de cristãos. Nos lugares mais longínquos não seria tão difícil encontrar um cristão professando a fé bíblica. O crescimento inicial foi conseqüência do espírito missionário que havia no coração dos apóstolos. Esse espírito foi transmitido a primeira geração de convertidos, os quais, até o segundo século, conseguiram espalhar o evangelho em quase todo o mundo conhecido. O fator de não ter um local específico para a reunião de cultos (ainda que havia um lugar especial onde eles se reuniam aos domingos, e a julgar pelo que diz Paulo era sempre no mesmo local - I Co 11,18 e 20 ), facilitava o esparramar do evangelho. O costume de prédios par as igrejas favorece no conforto e na questão denominacional, mas desfavorece no sentido de trazer novas pessoas a Jesus. A julgar pelas escrituras será preciso as igrejas verdadeiras repensarem o fator prédio.
AS PERSEGUIÇÕES SOFRIDAS PELOS CRISTÃOS ATÉ 313 D.C.
O crescimento veio acompanhado do ciúme do judaísmo e das religiões pagãs, sendo as últimas protegidas pelo império. De princípio o judaísmo perseguiu e fez vítimas como Estevão e o apóstolo Tiago. Décadas depois o paganismo entrou em ação, e com o apoio dos imperadores, suas vítimas chegaram aos milhões. Trajano, imperador entre 98 a 117, decretou um ofício em que o cristianismo em si já constituía um crime, e todos que nele fossem encontrados deveriam ser julgados e punidos com a morte. Ofícios como este voltaram a ser decretados por outros imperadores, e bem como este davam força às religiões pagãs para tentarem destruir a igreja de Cristo. Entretanto as igrejas permaneciam de pé e aumentando cada vez mais. Tertuliano, escreveu certa vez que: "o sangue dos cristãos era uma semente. Quanto mais matava mais crescia." A perseguição teve seu lado positivo. Muitos por verem que os cristãos sofriam as atrocidades calados tiveram curiosidade de conhecer o movimento. Ao conhecerem diversos se convertiam ao Senhor. A perseguição ajudou a fortalecer a fé de muitos crentes. Ë certo que muitos se desviaram, mas os fiéis se tornaram ainda mais fiéis. Além do que, foi preciso formar um cânon do Novo Testamento, pelo qual, foi regida a igreja primitiva e tem sido regidas as verdadeiras igrejas de Jesus até o presente. Estas igrejas eram na sua maioria igrejas fiéis. Sempre houve as erradas. Desde o tempo apostólico as heresias entraram e permaneceram em algumas igrejas de Cristo. Infelizmente as heresias cresceram de tal forma que por causa delas houve no terceiro século uma grande desfraternização das igrejas cristãs.
2º CAPÍTULO II A GRANDE DESFRATERNIZAÇÃO DAS IGREJAS CRISTÃS
O terceiro século é marcado por um acontecimento muito importante na história das igrejas de Cristo. Mais exatamente no período que vai desde o ano de 225 até o ano de 253. Neste tempo houve uma declaração de desfraternização entre as igrejas por motivos doutrinário e organizacional. Eram tempos difíceis. Apesar das conversões acontecerem em grande número as igrejas sofriam externa e internamente. Externa devido as perseguições já mencionadas. Internamente porque as igrejas estavam sendo corrompidas por dois erros absurdos totalmente antibíblicos. Um deles chegava ao ponto de substituir a salvação pela graça. O outro tirava a chefia de Cristo sobre sua própria igreja.
OS DOIS ERROS QUE DIVIDIRIAM AS IGREJAS ENTRE 225 a 253 A.D.
O Batismo Como Meio de Salvação- Desde os primórdios da igreja sempre foi um problema a questão de como o homem poderia alcançar o céu. O ensinamento de Jesus e posteriormente dos apóstolos eram unânimes: "Pela graça somos salvos". O Novo Testamento nunca deixou dúvidas sobre este assunto. Mesmo nas igrejas primitivas esse foi um problema sério. O primeiro concílio das igrejas em Jerusalém foi realizado justamente para resolvê-lo. O próprio apóstolo Pedro, vendo que havia contenda sobre o assunto, deixou claro que: "cremos que seremos salvos pela graça". Portanto, o ensinamento bíblico sobre a questão é que o único meio de se chegar ao céu é por Jesus, pela graça, e, usando como meio de alcançá-la, a nossa fé. Não contentes com esse princípio, e querendo fazer uma mudança não autorizada nas escrituras, muitos pastores começaram a ensinar que a salvação não era apenas pela graça. Implantaram um novo meio de salvação: O batismo. Pensavam: "A Bíblia tem muito a dizer em relação ao batismo. Muita ênfase é colocada na ordenança e no dever concernente a ela. Evidentemente ela deve ter algo a ver com a salvação". Dessa forma criou corpo a idéia de REGENERACÃO BATISMAL, ou seja, o indivíduo precisa ser batizado para ir ao céu. Colocou-se a água do batismo no lugar do sangue de Jesus. Esse erro é pai de um futuro que ainda demoraria a aparecer: O batismo infantil.
Formação de Uma Hierarquia Temporal Hierarquia Dentro das Igrejas Além desse grave erro houve um outro. Foi o surgimento dentro das igrejas de uma hierarquia temporal. Um erro que fere a autoridade única do Senhor Jesus Cristo sobre sua igreja. Nenhum dos apóstolos, jamais, em versículo algum do Novo Testamento, quis a primazia entre os outros na igreja primitiva. Não vemos na Bíblia homens como Pedro, Paulo, ou qualquer outro apóstolo subjugar seus irmãos na fé, ou ainda requerer deles uma cega sujeição. Eles se consideram homens comuns, sujeitos aos desejos da carne e com possibilidade de queda (At l0,15-16; Rom 7,24;). Mas alguns pastores não entendiam dessa forma. Viam no cristianismo um meio de alcançar a primazia entre seus semelhantes. Muitos começaram a se desviar do ensinamento de que todos os membros são iguais dentro da igreja. O pastor começou a exercer um papel de "chefão". Alguns historiadores relatam esse erro da seguinte forma:
O pastor de Hermas ( cerca de 150 A.D.) “Mestres dignos não faltam, mas há também tantos falsos profetas, vãos, cúpidos (desejosos) pelas primeiras sés, para os quais a maior coisa na vida não é a prática da piedade e da justiça senão a luta para o posto de comando."
O Historiador Mosheim: "Os pastores aspiravam agora a maiores graus de poder e autoridade do que possuíam antes. Não só violavam os direitos do povo como fizeram um arrocho gradual dos privilégios dos presbíteros..." Os membros já não eram considerados irmãos, mas súditos do "bispo". Comandavam a igreja como se comanda um exército. João cita o exemplo de um crente chamado Diotrefes. O apóstolo deixa claro que esse homem "buscava a primazia entre eles", referindo-se é claro aos irmãos na fé. Diotrefes tornou-se tão audacioso, que, quando João escrevia para a igreja ele impedia que os irmãos lessem a carta. Esse é só um simples exemplo do que acontecia já no tempo dos apóstolos. Pedro ao comentar o assunto diz que o pastor é o servo e não o senhor da igreja (I Pedro 5,1-4). Aliás, a palavra por ele usada é muito clara: "Não como tendo domínio sobre a herança de Deus". O pastor jamais deve ser o chefe da igreja, mas o servo que irá conduzir o rebanho. Essa terrível idéia de um bispo monárquico governar os demais pastores teve início na pessoa de Clemente (95 A.D.), pastor da igreja em Roma. Foi ele o primeiro a buscar a primazia entre os demais. Chegou a envolver-se num problema que não lhe pertencia por direito, querendo mandar numa igreja a qual não pastoreava, que foi a igreja de Corinto. Depois dele foi Inácio, bispo de Antioquia na Síria, que viveu entre o I século. - II século. Ele exorta todos os cristãos a obedecerem o bispo monárquico e aos presbíteros (20,2). Chegou a comparar a obediência ao bispo monárquico com as cordas de uma harpa. Ele é o primeiro a contrastar o ofício do bispo ao do presbítero e a subordinar os presbíteros ou anciãos ao bispo monárquico e os membros das igrejas a ambos. Mas deve-se a Cipriano, bispo de Cartago (morto em 258), que foi um dos principais autores desta mudança de governo da igreja, pois pugnou pelo poder dos bispos com mais zelo e veemência do que jamais fora empregada nessa causa. Como se pode observar não foi uma lei feita do dia para a noite. Foi uma heresia que aos poucos penetrava dentro das igrejas, a saber, nas igrejas maiores dos grandes centros.
Hierarquia Entre as Igrejas Esse erro veio a favorecer a outro de tamanha maldade. Foi o erro de uma igreja ter autoridade sobre outra igreja. A Bíblia ensina que a igreja deve ser independente ou seja: a igreja de Antioquia não tinha autoridade sobre a igreja de Éfeso. A igreja de Éfeso não tinha autoridade sobre a igreja de Laodicéia, e assim por diante. No livro de apocalipse, quando Cristo conversa com as sete igrejas da Ásia, ele trata cada uma individualmente. Cada uma tem seu próprio anjo (pastor), e nenhuma será recompensada ou corrigida pelo erro da sua co-irmã. Acontece que os pastores de muitas igrejas não viam as coisas como Deus ensinou. Viam a sua ganância acima da vontade de Deus. Os pastores das grandes igrejas como a de Roma, Alexandria, Antioquia, e muitas outras, iniciaram um processo de subjugar as igrejas menores. Eram tempos difíceis. O imperador perseguia a igreja. Junto com as perseguições vinha a fome. Com isso as igrejas maiores engrandeciam-se, e numa falsa humildade, ajudavam as menores. Foi assim que principalmente Roma passou a gozar de uma distinção especial. Essa ajuda tinha um preço muito alto: A submissão de muitas igrejas menores. A igreja co-irmã deixava de ser uma igual para tornar-se vassala. Na luta para ver qual igreja ia ser a maior entre as igrejas erradas, prevaleceu a igreja de Roma, mas é claro, sem o consentimento dos grandes bispos monárquicos, iniciando-se assim uma luta interna entre as igrejas heréticas. Esse assunto será tratado mais cuidadosamente na origem da igreja Católica.
A DIVISÃO DAS IGREJAS TORNA-SE INEVITÁVEL
As Igrejas Erradas Recusam-se a Voltar as Origens Apesar destes dois erros terem invadido as igrejas de Cristo, houve muitas, senão a maioria, que não admitiam os tais. Houve tentativas no sentido de trazer as igrejas desviadas de volta ao verdadeiro costume bíblico. Entretanto o poder político das igrejas fiéis era quase nada. A maioria destas igrejas eram pequenas congregações, e seus pastores, homens simples com o único objetivo de fazer a vontade de Deus. Alguns não eram tão simples assim, como o pastor Montano, que veementemente pregou em toda a Ásia contra essas heresias (160 d.C.) e Tertuliano (a partir de 202 d.C.) no ocidente. Este último chegou mesmo a desafiar várias vezes os pastores heréticos, principalmente o de Roma, a voltar a obedecer as escrituras.
As Igrejas Fiéis Resolvem Tomar Uma Atitude O fato é que as igrejas erradas ou heréticas não voltaram a obedecer a Bíblia. Pior. Conforme os anos passavam mais erradas elas se tornaram. O assunto chegou a um ponto que as igrejas certas deixaram de aceitar os membros vindos das igrejas heréticas. Essa não aceitação, que a luz das escrituras é recomendada - pois se alguém crê que o batismo salva deixa de acreditar que só Jesus salva - foi acrescida com o rebatismo dos membros vindos das igrejas desobedientes. Daí ter surgido o apelido "anabatista" para os seguidores de Montano e principalmente para as igrejas da Ásia Menor.
A Exclusão das Igrejas Erradas é o Único Caminho O rebatismo dos membros vindos das igrejas erradas acabou se tornando o objeto da divisão da cristandade. As igrejas erradas por serem grandes, mais famosas e politicamente mais aceitas, não aceitaram passivamente a atitude das igrejas que rebatizavam seus membros. Iniciou-se grandes controvérsias a respeito do assunto. Realizaram muitos concílios para tentar resolver a situação. Dois deles se deram em Cartago em 225, um composto de 18 e o outro de 71 pastores, em ambas as assembléias ficou decidido que o batismo dos heréticos que pregavam a salvação pelo batismo e iniciavam o sistema hierárquico católico - não devia ser considerado como válido. Os historiadores McClintock e Strong comentam como se deu essa desfraternização: V.I pg 210. "Na Ásia Menor e na África, onde por muito tempo rugiu amargamente o espírito da controvérsia, o batismo só foi considerado válido quando administrado na igreja correta. Tão alto foram as disputas sobre a questão, que dois sínodos se convocaram para investigá-la. Um em Icônio e outro em Sínada da Frígia, os quais confirmaram a opinião da invalidade do batismo herético. Da Ásia passou a questão à África do Norte. Tertuliano concordou com a decisão dos concílios asiáticos em oposição à prática da igreja Romana. Agripino convocou um concílio em Cartago, o qual chegou a uma decisão semelhante aos da Ásia. Assim ficou a matéria até Estevão, bispo de Roma, no ano de 253, provocado pela ambição, que procedeu em excomungar os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, aplicando-lhes os epítetos de rebatizadores e anabatistas". Fica evidente que entre as igrejas erradas estava a de Roma. Sendo assim ela foi excluída no ano de 225 juntamente com as outras igrejas heréticas. A atitude do bispo romano de excluir os pastores da Ásia mostra a que ponto estava sua vontade de assenhorar-se do rebanho de Deus. Mas sua atitude de nada valeria, pois, um membro excluído não pode excluir ninguém. Outro historiador, Neander, V.I pg 318, tem o seguinte relato sobre estes acontecimentos: "Mas aqui, outra vez foi um bispo romano, Estevão, que instigado pelo espírito de arrogância eclesiástica, dominação e zelo, sem conhecimento, ligou a este ponto (salvação pelo batismo), uma importância dominante. Daí, para o fim do ano de 253, lavrou uma sentença de excomunhão contra os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, estigmatando-os como anabatistas, um nome, contudo, que eles podiam afirmar que não mereciam por seus princípios: porque não era o seu desejo administrar um segundo batismo aqueles que tinham sido batizados, mas disputavam que o prévio batismo dado por hereges não podia ser reconhecido como verdadeiro. Isto induziu Cipriano, o bispo a propor o ponto para a discussão em dois sínodos reunidos em Cartago em 225 A.D. um composto de 18, outro de 71 pastores, ambas as assembléias declarando-se a favor das idéias de que o batismo de heréticos não devia ser considerado como válido". Num resumo simples destes dois relatos verifica-se que, no ano de 225 A.D., as igrejas reúnem-se em concílios e decide a exclusão das igrejas que administravam o batismo como forma de salvação, que eram, justamente, as igrejas que admitiam um bispo monárquico sobre as igrejas. Entre as igrejas erradas estão as de Roma, Antioquia, Cartago e muitas outras. Entre as igrejas fiéis estão uma muito conhecida pelos estudantes da Bíblia, a igreja de Éfeso.
O RESULTADO DA DESFRATERNIZAÇÃO DOS CRISTÃOS
A partir desta data, 253 d.C. as igrejas de Cristo se dividiram em dois grandes blocos. Os anabatistas, assim chamados por não aceitarem o batismo das igrejas erradas, e os católicos, nome dado as igrejas heréticas desde o ano de l70 por Inácio, pastor de Antioquia. O futuro destes dois grupos deu razão aos fiéis o fato de terem excluído os demais. Com o passar do tempo as igrejas erradas, como veremos, multiplicou ainda mais suas heresias. Enquanto isso, vivendo conforme as escrituras, os cristãos anabatistas lutavam para sobreviver e manter de pé as chamas do evangelho.
3º CAPÍTULO III ORIGEM DOS "ANABATISTAS"
Como vimos no final do capítulo dois, com a desfraternização dos cristãos entre os anos de 225 a 253 A.D., surgiu dois grandes blocos de cristãos. O bloco dos anabatistas e o bloco das igrejas erradas. Neste capítulo trataremos especificamente com o futuro que tomou as igrejas fiéis cognominadas de "anabatistas".
QUEM FORAM OS ANABATISTAS?
Nos livros de história e em muitas enciclopédias encontraremos algumas notas sobre quem foram os anabatistas. Em alguns livros são chamados de "dissidentes", e em outros de "seita de heréticos". Há escritores que não querendo se comprometer com sua maioria de leitores católicos ou protestantes, chama-os de "fanáticos religiosos". Observando estas poucas entre muitas referencias erradas sobre eles, podemos analisar cuidadosamente. Eram dissidentes? Não. Dissidente é uma pessoa que se separa de outro por algum motivo. Eles não se separaram de ninguém. Apenas não concordavam com heresias dentro da igreja. Se uma igreja tem 20 membros. Quinze resolve mudar a fé. Cinco permanecem fiéis. Quem dissidiu? Os quinze que estão no erro ou os cinco que permaneceram fiéis? É evidente que dissidente é aquele que saiu daquilo que está certo e firmado. Chamá-los de um ajuntamento de heréticos é o mesmo que chamar os apóstolos de heréticos. Não foram os anabatistas que mudaram de fé. Nunca foi a intenção de um anabatista mudar aquilo que Deus ordenou. Heréticos foram os pastores e membros das igrejas erradas, os mesmos que posteriormente foram conhecidos como católicos. Os anabatistas não eram uma facção de cristãos. Eles eram os verdadeiros cristãos. Portanto, seita foi a igreja - Católica - que surgiu tendo como membros indivíduos e pastores excluídos por motivos biblicamente corretos. Também não eram fanáticos religiosos. Seguir a Cristo como manda as escrituras não é ser fanático, é ser discípulo verdadeiro. Discordar de heresias não é fanatismo, é zelo pela palavra de Deus. Seria os apóstolos fanáticos? Zaqueu foi um fanático por querer fazer a vontade de Deus? Paulo foi um fanático quando condenou a idolatria? Pedro foi um fanático quando discordou da salvação pelas obras? De forma alguma. A maior prova de que os anabatistas não eram fanáticos está no exemplo dos primeiros cristãos mencionados no livro de Atos. Podemos afirmar com certeza que os anabatistas foram os verdadeiros seguidores de Jesus entre os anos de 225 até os anos de 1600. Homens que amavam servir a Cristo. Eram cristãos que não concordavam com o erro grotesco de ver pessoas acreditando que o batismo ajudava na salvação; Cristãos que não aceitavam em ver um bispo monárquico querendo mandar no rebanho de Deus. Igrejas que tiveram a coragem de excluir do meio cristão original as igrejas heréticas. Foram eles os autênticos sucessores dos apóstolos na obediência a Jesus e a sua Palavra.
O QUE SIGNIFICA ESTE APELIDO?
O próprio título confessa que o sobrenome dado aos cristãos fiéis - anabatistas - é um apelido, e tem tudo a ver com o propósito para o qual ele foi dado. Anabatistas é uma palavra grega que significa "batizar outra vez". O prefixo "ana" quer dizer outra vez, e a raiz "batista" significa mergulhar ou batizar nas águas. Assim, quando uma igreja era chamada de anabatista por outra, significava que ela batizava outra vez os membros vindos das igrejas erradas.
ONDE E QUANDO SURGIU ESTE APELIDO?
Este apelido foi usado pela primeira vez na Ásia Menor para distinguir nesta região as igrejas fiéis das erradas. O local mais aceito como sua origem é na Frígia, local de onde saiu o pastor Montano para pregar contra os dois erros mencionados no segundo capítulo, os quais, corrompiam as igrejas cristãs. Montano foi um pastor muito itinerante, e por isso sua mensagem se esparramou por toda Ásia Menor, fazendo que as igrejas dessa região permanecessem fiéis a doutrina recebida pelos apóstolos. Montano viveu cerca de 156 A.D. Foi justamente nessa época que as igrejas da Ásia Menor resolveram rebatizar membros vindos de igrejas erradas. Então pela primeira vez uma igreja foi conhecida como "anabatista". Oficialmente ele é usado em 253 A.D., pelo bispo romano Estevão que, indignado com o fato de ver sua igreja excluída pelas igrejas da Ásia, resolveu chamá-las de "anabatistas". O fato é que depois do bispo romano ter se manifestado, todas as igrejas que não concordavam com a idéia de Salvação através do batismo e da necessidade de um bispo monárquico, foram conhecidas como anabatistas.
O POR QUE DESTE APELIDO
Talvez o leitor esteja confuso e pergunte o por que dos cristãos ter a necessidade de receberem outro apelido além de cristão. Um crente fiel ao Senhor tem muito amor aos ensinos da Bíblia. Jesus ao enviar a grande comissão dá três ordens: Fazer discípulos; batizar; e ensinar as coisas que ele ordenou; Então, uma igreja fiel irá: pregar, batizar e ensinar o que ele ordenou. Note que ele diz: "vos tenho ordenado". Ordem é ordem. Mandamentos são mandamentos. A igreja não pode fazer aquilo que não lhe foi ordenado, mas somente o que Jesus mandou. Por isso as igrejas fiéis não podiam e nem podem se submeter a erros heréticos como mudar o plano de salvação e a chefia da igreja! A exclusão das igrejas erradas em 225 A.D. pelas igrejas fiéis foi uma atitude necessária para a conservação do evangelho puro e original. Assim como um membro profano deve ser excluído do seio da igreja, da mesma forma uma igreja profana deve ser excluída da comunhão com as outras igrejas fiéis. O próprio Senhor Jesus nos ensina no livro de Apocalipse que o simples fato de uma igreja não ser fria nem quente é motivo de ser "vomitada". Queiram os ecumênicos ou não, já no segundo século havia dois tipos de cristãos: os fiéis ao evangelho e os infiéis. Os infiéis, excluídos em 225, já não tinham mais o direito de batizar, ao menos que se reconciliassem. Como isso não aconteceu perderam totalmente a ordem do batismo. Aceitar o batismo de uma igreja excluída é o mesmo que aceitar que um crente excluído saia por aí batizando todo mundo. Conclui-se que o rebatismo de membros vindos de uma igreja excluída é algo necessário, pois quem não recebe o batismo de uma igreja biblicamente aceita, não recebeu o batismo cristão. Portanto, o apelido anabatista, só apareceu porque as igrejas erradas não quiseram arrepender-se de seus erros. Além do que, não se chamaram assim, mas foram pelas igrejas erradas assim chamados. O fato dos anabatistas não terem repudiado o apelido significa que o mesmo estava de acordo com uma realidade da época, ou seja, precisava ter rebatizadores para enfrentar as heresias das igrejas erradas.
4º CAPÍTULO IV AS PERSEGUIÇÕES CONTRA OS ANABATISTAS
Como vimos nos capítulos anteriores, as igrejas fiéis, a partir do ano de 253.A.D., foram decididamente conhecidas pelas igrejas erradas pelo apelido de anabatistas. No presente capítulo estudaremos as aflições que esses crentes passaram para permanecerem leais ao ensino de Jesus. Foram duas fases distintas de perseguição. Na primeira fase a perseguição foi sofrida juntamente com as igrejas erradas, pois, para todos os efeitos, os pagãos não saberiam bem distinguir quem era o certo e quem era o errado. Aos pagãos o que interessava era eliminar o cristianismo. Essa fase durou até o ano de 313 A.D. A partir desta data, o Imperador Constantino fez uma proposta de casar o Estado com a Igreja. As igrejas erradas aceitaram o convite. As fiéis não. Começou então a segunda fase de perseguição. Neste período vemos as igrejas fiéis sofrendo perseguições nas mãos de igrejas erradas. Abaixo temos um breve relato destas duas fases de perseguição.
PERSEGUIDAS JUNTO COM AS IGREJAS ERRADAS ATÉ 313 A.D.
Até o ano de 3l3 A.D. os cristãos - fiéis ou errados - sofriam as perseguições vindas com os editos lançados pelos imperadores. As primeiras conhecidas foram as de Nero (54-68). Pedro e Paulo morreram nesse período. A perseguição estourou pela segunda vez em 95 durante o governo despódico de Domiciano. Foi nesse período que o apóstolo João ficou preso em Patmos. Outras se deram em ll2 por Plínio e em 161-180 por Marco Aurélio. Estas perseguições foram locais e esporádicas até o ano de 250, quando se tornaram gerais e violentas, começando com uma dirigida por Décio. Muitos pastores se desviaram nesta perseguição. Em 303 Diocleciano ordenou o fim das reuniões cristãs, a destruição de igrejas, a deposição dos oficiais da igreja, a prisão daqueles que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruição das escrituras pelo fogo. Um ultimo édito obrigou os cristãos a sacrificarem aos deuses pagãos sob a pena de morte caso recusassem. Esta primeira fase de perseguição criou dois problemas internos que necessitavam de solução. Um dos problemas foi as duas duras controvérsias que tiveram lugar no Norte da África e em Roma, envolvendo a maneira de tratar aqueles que tinham oferecido sacrifícios em altares pagãos, quando da perseguição movida por Décio, e aqueles que entregaram Bíblias na perseguição dirigida por Diocleciano. As igrejas fiéis depuseram do cargo os pastores que caíram durante este período. Foi o caso do bispo de Cartago, Felix. Já as igrejas erradas achavam que estava tudo bem, afinal de contas eram tempos de perseguição. Assim, apoiado pelo bispo de Roma, Felix manteve-se no cargo de pastor. Esta atitude separou ainda mais as igrejas fiéis das erradas. Os donatistas surgiram desta questão. A perseguição movida por Diocleciano provocou o segundo problema, que foi o do Cânon do Novo Testamento. Se o possuir epistolas podia levá-los a morte, os cristãos precisavam estar seguros de que os livros pelos quais poderiam padecer a morte eram realmente livros canônicos. Esta preocupação ajudou nas decisões finais acerca de qual literatura era sagrada. Foi assim que resolveu-se aceitar os atuais vinte e sete livros do Novo Testamento seguindo a seguinte idéia: Verificar se ele tinha sinais de apostolicidade; Verificar se foi escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos apóstolos; Verificar a eficácia do livro na edificação da igreja quando lido publicamente; e verificar sua concordância com a regra de fé dos apóstolos.
PERSEGUIDAS PELAS IGREJAS HERÉTICAS A PARTIR DE 313 A.D.
Em 313, com o edito de Milão, Constantino fez cessar a perseguição aos cristãos em todo o império e gradualmente foi cumulando-os de favores. O imperador logo percebeu a clara divisão entre os cristãos. Percebera a importância de ser apoiado pela hierarquia de uma religião poderosa. Mas precisava que essa hierarquia fosse unanime em sua fidelidade ao Estado. Assim, embora pagão, presidiu concílios da Igreja e obrigou-a a unificar-se. Devido a essa atitude foi prontamente contrariado pelos anabatistas. Indignado, e aliando-se aos cristãos errados, baniu e perseguiu os fiéis que não concordaram com sua unificação das igrejas. Começaram as terríveis perseguições das seitas cristãs oficiais - protegidas pelo imperador - contra as não oficiais, os anabatistas, que se mantiveram independentes do governo. Pela primeira vez na história, a partir do ano 313, encontramos a página mais triste da história das igrejas. Encontramos cristãos errados perseguindo os cristãos fiéis. Esta perseguição, além de visar o extermínio dos anabatistas, também foi a mais longa. Durou mais de mil e trezentos anos, vindo a terminar após a Reforma no século XVII. As heresias que levaram as igrejas erradas a serem excluídas eram de princípio duas: Salvação pelo batismo e a idéia de um bispo monárquico. Agora, com a igreja se tornando a religião oficial do Estado, e estando sob a orientação e o comando do Imperador, temos mais uma heresia, e esta feriu a independência da igrejas para com o Estado. Para a infelicidade dos fiéis, era esta uma heresia que dava muita força aos cristãos errados. Os pastores das igrejas heréticas tornaram-se mais fortes do que já eram. O bispo de Roma logo despontou como soberano sobre os demais. Até algumas igrejas fiéis, vendo neste casamento o cessar da perseguição, debandaram de lado, diminuindo consideravelmente o número das igrejas fiéis às escrituras. Protegidos e armados com o apoio dos imperadores as igrejas heréticas mostraram sua verdadeira face. A face da intolerância. A face de um caráter depravado que não tinha nada de Cristo. A face do ódio contra quem era fiel a Cristo. Liderados pelo bispo Romano no Ocidente e pelo bispo de Constantinopla no Oriente as igrejas heréticas passaram a perseguir cruelmente as igrejas fiéis. Proibiu-se o direito de culto; proibiu-se a livre interpretação das escrituras; proibiu-se o rebatismo; Quem não pertencesse a igreja oficial - ou Católica - seria perseguido e condenado a morte. Qualquer pessoa que fosse rebatizada pelos anabatistas sofreria a pena de morte. Os pastores anabatistas foram a uma condenados à fogueira, ao afogamento, a tortura e toda sorte de assassinado e extermínio possível. Assustados com a perseguição e na busca da sobrevivência, as igrejas fiéis fugiam de lugar a lugar. Iniciou-se o período de migração dos anabatistas para os países onde havia a tolerância religiosa. Portanto, a partir do século. IV vamos encontrá-los em diversos países e com diversos nomes. No capítulo seguinte será estudada estas fugas mais detalhadamente.
A FUGA DOS ANABATISTAS
MOTIVO DA FUGA: A INQUISICÃO
Foi visto no capitulo anterior que o motivo da fuga dos anabatistas deveu-se ao plano de extermínio por parte das igrejas heréticas. O plano, primeiramente elaborado pelo imperador Constantino, foi seguido pelos seus sucessores e levado a cabo pelos bispos das principais igrejas heréticas como a de Roma e Constantinopla. Em qualquer enciclopédia o leitor poderá encontrar como foi feito este plano. Chamava-se INQUISICÃO. Durou mais de 1200 anos e matou mais de 50.000.000 (cinqüenta milhões) de anabatistas em todo o mundo. Vejamos o relato da enciclopédia BARSA sobre a Inquisição: "Se bem que a Inquisição só se apresentasse em plena pujança no século XIII, suas origens, contudo, remontam o século IV. A partir de então data a perseguição aqueles que não aceitavam o credo católico. Tinham seus bens confiscados e eram condenados a morte. As perseguições foram acentuadas no século IV e V. Do século VI ao IX as perseguições diminuíram. Aumentou porém, a partir da ultima parte do século X, registrando então numerosos casos de execuções de hereges, na fogueira ou por estrangulamento. O papa Inocencio III (1198-1215) foi responsável por uma cruzada contra os albingenses (anabatistas do sul da Franca), após a qual praticou execuções em massa". Note na frase acima: "suas origens remontam o século IV". Foi justamente neste período - após 313 A.D - que os cristãos heréticos, por terem unido a Igreja com o Estado, conseguiram forcas para destruir os cristãos fiéis. Fica claro segundo este relato da BARSA que o motivo ou a intenção dos cristãos heréticos era a de exterminar os anabatistas, e método que usaram foi a famosa INQUISICÃO. No mesmo relato mencionado somos informados que as perseguições foram acentuadas nos séculos IV e V. Só Deus sabe quantos cristãos fiéis foram rudemente assassinados. Quando diz que "do século VI ao IX as perseguições diminuíram", não foi pelo fato de haver misericórdia por parte dos católicos. Quer dizer que não tinham tantos anabatistas para eles matarem, pois, após trezentos anos de perseguição e genocídio, ficaram poucos para contarem a história. A partir do século X, lá pelos anos 900, quando em alguns países o números de anabatistas aumentava, a perseguição recrudescia, ou seja, era mais sanguinária. Um dos motivos que no século XVI os anabatistas apareceram em grande número na Alemanha, Boêmia, Países Baixos e Inglaterra, é que nestes lugares a Inquisição era bem menor. No sul da Europa, devido a influencia papal, era quase impossível um anabatista sobreviver. Sem a liberdade de cultos e com a vida constantemente ameaçada os anabatistas só tiveram uma saída. Fugir para os montes e lugares distantes. Fugir da inquisição promovida pela ira e maldade papal.
O motivo pelo qual os anabatistas eram perseguidos foram:
Ø insubmissão a hierarquia religiosa;
Ø Não aceitação do batismo como um sacramento ou algo que tenha a ver com a salvação;
Ø pregar que a salvação é só pela graça sem a ajuda das obras;
Ø negar o culto aos santos;
Ø negar que Maria é mãe de Deus;
5º CAPÍTULO V IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS ATÉ O SÉCULO XII
Não é fácil traçar um lugar exato para o movimento dos anabatistas, pois os mesmos mudavam-se durante os períodos de graves perseguições. Outro problema é o apelido que eles levavam. Houve tempo em que mais de um apelido foi usado para designar o mesmo grupo de pessoas, é o caso dos montanistas na Ásia, Paulicianos na Armênia e Donatistas na África do Norte, todos viveram na mesma época entre os séculos IV ao VIII. No período que vai desde o ano 160 até 1100, houve pelo menos quatro grandes e influentes grupos de anabatistas. São eles: Os Montanistas - principalmente na Ásia Menor; Os Novacianos - Na Ásia Menor e na Europa; Os Donatistas - por toda a África do Norte; e os Paulicianos - primeiramente no oriente médio, indo para o centro europeu e de lá para os Alpes no sul e regiões campestres no norte da Europa. Os apelidos que receberam derivavam-se ou de um nome pessoal (exemplo: Donatistas de Donato) ou podia ser derivado de um lugar (exemplo: Albingenses da cidade de Albi no sul da Franca). Porém, o que mais importava nestes quatro grupos, não era o nome que recebiam, mas se realmente eram fiéis às doutrinas da Bíblia.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO "MONTANISTAS"
Oficialmente os "montanistas" foram os primeiros cristãos a serem chamados de anabatistas pelos cristãos infiéis ou hereges. O apelido montanista vem do nome próprio MONTANO, que foi um pastor frígio que viveu aí por volta de 156 A.D. Foi um movimento que varreu toda Ásia Menor num momento em que as igrejas estavam sendo destruídas pelas heresias da Salvação pelo batismo e a idéia de um bispo monárquico. Os montanistas insistiam em que os que tivessem decaído da primeira fé deveriam ser batizados de novo. O historiador contemporâneo Earle E. Cairns diz que o movimento "foi uma tentativa de resolver os problemas de formalismo na igreja e a dependência da igreja da liderança humana quando deveria depender totalmente do Espirito Santo." E também acrescentou que o "montanismo representou o protesto perene suscitado dentro da igreja quando se aumenta a força da instituição e se diminui a dependência do Espirito Santo." (O Cristianismo através dos Séculos, pg 82 e 83). Como sua mensagem era uma necessidade para as igrejas o movimento espalhou-se rápido pela Ásia Menor, África do Norte, Roma e no Oriente. Algumas igrejas grandes chegaram mesmas a serem chamadas de Montanistas. Foi o caso da igreja de Éfeso. Tertuliano, considerado um dos maiores Pais da Igreja, por ser bom estudante da Bíblia, atendeu aos apelos do grupo e to rnou-se montanista. Apesar de serem radicais quanto as regras de fé de uma igreja era povo humilde e manso. As igrejas erradas logo reagiram contra esse movimento. No concílio de Constantinopla, em 381 (portanto nesta época a igreja e o Estado já estavam casados um com o outro), os pastores das igrejas heréticas ou católicas declararam que os montanistas deviam ser olhados como pagãos, serem julgados e mortos. As igrejas erradas tinham verdadeiro ódio aos montanistas. O próprio Montano é visto como um arqui-herege da Igreja. Os livros inventam e condenam o movimento chamando-o de pagão e anti-cristão. Na verdade pagãos e anti-cristãos eram os membros das igrejas erradas. Assim que as igrejas erradas se casaram com o Estado veio a perseguição das mesmas contra os montanistas.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO "NOVACIANOS"
O segundo grupo de anabatistas oficialmente conhecidos são os "novacianos". Assim como os montanistas este apelido é proveniente do nome próprio "Novácio". Novácio foi um pastor da Ásia Menor que viveu cerca de 251 A.D. Pouco sabemos sobre sua pessoa, mas a julgar pelos membros de sua igreja foi um homem fiel a Deus. Os novacianos foi o primeiro grupo a ser chamado de catharis, ou seja, os puros. Isso devido a pureza de vida que levavam.
Temos algumas informações a respeito destes anabatistas pelos maiores historiadores da historia da Igreja:
1. Mosheim, Vol. I, pag 203
2. "Rebatizavam a todos que vinham do Catolicismo".
3. Orchard em Alix’s Piedmont C 17, pg.. 176
"As igrejas assim formadas sobre o plano de comunhão restrita e rígida disciplina obtiveram a alcunha de puritanos. Foram a corporação mais antiga de igrejas cristãs das quais temos qualquer notícia, e uma sucessão delas, provaremos, continuou até hoje. Tão cedo como em 254 esses dissidentes (cristãos verdadeiros) são acusados de terem infeccionado a França com as suas doutrinas, o que nos ajudará no estudo dos albigenses... Estas igrejas existiram por sessenta anos sob um governo pagão, durante cujo tempo os velhos interesses corruptos em Roma, Cartago e outros lugares não possuíam meios senão os da persuasão e da censura para pararem o progresso dos dissidentes. Durante este período as igrejas novacianas foram muito prósperas e foram plantadas por todo o império romano. É impossível calcular o benefício do seu serviço a comunidade. Conquanto rígidos na disciplina, cismáticos no caráter, foram achados extensivos e numa condição florescente quando Constantino subiu ao trono em 306 A.D." W. N. Nevins, comenta que: "Na conclusão do quarto século tinham os novacianos três ou quatro igrejas em Constantinopla, assim como em Nice, Nicomédia, Cocíveto e Frigia, todas elas grandes e extensivas corporações, além de serem muito numerosas no Império Ocidental. Havia diversas igrejas em Alexandria no século quinto. Aqui Cirilo, ordenado bispo dos Católicos Romanos, trancou as igrejas dos novacianos. O motivo foi o rebatismo dos católicos. Foi lavrado um édito em 413 pelos imperadores Teodósio e Honório declarando que todas as pessoas rebatizadas e os rebatizadores seriam punidos com a morte. Conformemente, Albano, zeloso ministro com outros foi assim punidos por batizar. Como resultado da perseguição nesse tempo muitos abandonaram as cidades e buscaram retiro no país e nos Vales do Piemonte, onde mais tarde foram chamados de valdenses.". O Dr. Robinson em Eclesiastical Reserches, 126 traça a sua continuação até a reforma e a aparição do movimento anabatistas do século. XVI. E acrescenta: "Depois quando as leis penais os obrigaram a se esconder em lugares retirados e a adorarem a Deus secretamente, foram designados por vários nomes". Parece que o movimento dos novacianos, apesar de iniciar um século depois do movimento montanista, cresceu mais que o primeiro, pelo menos no ocidente. Enquanto o Montanismo crescia na Ásia Menor e no Oriente, os novacianos cresciam mais no ocidente. Um terceiro grupo, os donatistas, cresciam mais na África do Norte.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO "DONATISTAS"
Os donatistas foram o terceiro grupo a serem oficialmente chamados de anabatistas. Foram assim chamados devido serem da mesma opinião que Donato, pastor na cidade de Cartago por volta do ano 311 A.D.
A Origem dos Donatistas-Este movimento apareceu em Cartago durante a perseguição de Diocleciano. O motivo foi simples: Recusaram comunhão comum com os pastores apóstatas como foi o caso de Felix, pastor da maior igreja em Cartago. Felix sacrificou aos ídolos e ao imperador na perseguição de Diocleciano. Muitos fiéis morreram na mesma época por recusar agir da mesma forma. Findada a perseguição Felix ordenou ao ministério Ciciliano, acusado de ser um traidor. Donato solicitou a sua deposição, pois, sustentava que o fato de não ter sido fiel no tempo da perseguição invalidava a possibilidade de Felix ordenar. Esta solicitação é justa e bíblica. Se um pastor é deposto de seu cargo por cair na apostasia que direito ele terá de ordenar alguém? Apoiado pelos pastores das grandes igrejas do ocidente, Felix permaneceu no cargo. Desapontados em ver as escrituras sendo atropeladas os cristãos fiéis do norte da África fizeram o mesmo que os do Oriente, Ásia Menor e do Ocidente, excluíram da os católicos romanos". E o historiador Jones diz na sua Conferencia Eclesiastica, Vol. I, pg 474: "Rara era a comunhão os pastores e igrejas infiéis. Os que assim agiram foram conhecidos como Donatistas.
A Identificação dos Donatistas com os outros grupos de anabatistas-Donatistas e Novacianos eram idênticos em sua doutrina e disciplina. Crispim, historiador francês, diz deles que concordavam: "Primeiro, pela pureza dos membros da igreja, por afirmarem que ninguém devera ser admitido na igreja senão tais como verdadeiros crentes santos e reais. Depois pela pureza da disciplina da igreja. Terceiramente, pela independência de cada igreja. Quartamente, eles batizavam outra vez aqueles cujo primeiro batismo tinham razão de por em duvida". Não há dúvida de que a maior identificação que liga os quatro grupos de anabatistas primitivos - montanistas, novacianos, donatistas e paulicianos - foi a recusa em aceitar as heresias pós-apostólicas das igrejas erradas. Isso os levou a rebatizar os membros vindos dessas igrejas e conseqüentemente recusar a comunhão com as mesmas. O certo é que todas, por defender as verdades bíblicas, receberam o apelido de anabatistas.
Os Donatistas perseguidos verbalmente por Agostinho; Um fato interessante da história dos donatistas é a disposição de Agostinho, o tão famoso pai da igreja, em debater esses fiéis, mais precisamente ao bispo donatista Petiliano. Agostinho tentou censurá-los em palavras, mas diante da Bíblia não houve como vencê-los, pois a Bíblia dava-lhes razão. Perdendo o combate em palavras, Agostinho passou a persegui-los com a espada imperial. Condenou os donatistas nas seguintes questões:
1. Eram separatistas. Negavam-se a unirem com as igrejas oficiais;
2. Insistiam no rebatismo dos que passavam da igreja oficial para a deles;
3. Eram irredutíveis em questão de fé;
O bispo donatista Petiliano, contra quem Agostinho debateu, assim respondeu ao bispo católico: - "Pensai vós em servir a Deus matando-nos com as vossas mãos? Enganais a vós mesmos. Deus não tem assassinos por sacerdotes. Cristo nos ensina a suportar a perseguição, não vingá-la". E o bispo donatista Gaudêncio diz: - "Deus não nomeou príncipes e soldados para propagarem a fé. Nomeou profetas e pescadores". Os bispos católicos (alguns na África) começaram uma nova moda a partir de 370 A.D. Foi a de batizar criancinhas recém-nascidas. Uma idéia prontamente defendida por Agostinho, que fez o seguinte comentário: " Quem não quer que as criancinhas recém-nascidas do ventre das suas mães sejam batizadas para tirarem o pecado original... seja anátema". Essa idéia tão antibíblica foi totalmente recusada pelos donatistas. Aumentou assim as divergências entre católicos e donatistas.
O Crescimento dos Donatistas;-O crescimento desse grupo de anabatistas foi espantoso. No concílio feito por Teodósio II em 441 na cidade de Cartago, compareceram 286 bispos da igreja oficial e 279 bispos donatistas. Robinsom declara que: "tornaram-se tão poderosos que a corporação católica invocou o interesse do imperador Constantino contra eles, pelo que os donatistas inqueriram: - que tem o imperador a ver com a igreja? Que tem os cristãos a ver com o rei? Que tem os bispos a ver no tribunal?". O historiador Orchard, relatou que: "tornaram-se quase tão numerosos como cidade ou vila na África em que não houvesse uma igreja donatista".
A Perseguição contra os Donatistas;-O crescimento foi tanto que espantou Constantino.. Este imperador, que dizia-se cristão, encheu as igrejas oficiais de favores. Na História da Igreja Católica, página 20, temos o seguinte relato: "O clero foi colocado no mesmo pé de igualdade dos sacerdotes pagãos em matéria de isenção e obrigação civis. Eram permitidos os testamentos em favor da igreja". No mesmo livro na página vinte diz: "Constantino fez doações, saídas do tesouro público a igreja que começava a acumular bens e grandes rendimentos". Estes favores porém, só eram concedidos as igrejas oficiais, justamente aquelas que venderam a fé por privilégios humanos, aquelas que desde o princípio precisaram ser excluídas por mudarem até o plano de salvação. Na página 24 do livro já mencionado, segue-se o seguinte relato: "Aboliram a lei da crucificação, porém, não estendeu nenhum desses favores aos cristãos dissidentes, os montanistas por exemplo. No seu entusiasmo de preservar a unidade de fé e disciplina, o imperador mostrou-se tão ativamente hostil para com os dissidentes, tais como os donatistas, que qualquer um que novamente estivesse preocupado com a futura liberdade da igreja teria passado um mal bocado". No livro O Papado na Idade Média, pagina 24, esse relato é confirmado: "Constantino não podia tolerar, especialmente a diversidade das crenças e dos cultos que caracterizava a igreja enquanto ainda vaga a confederação. Manifestou essa resolução imediatamente, quando, após os sínodos pouco categórico de Roma, Cartago, e Arles, condenou pessoalmente os donatistas no ano de 316 A.D. O movimento foi praticamente exterminado com a chegada dos muçulmanos. Em 722 A.D. o islamismo tomou conta do norte da África. As igrejas cristãs na África, tanto donatistas, como as católicas - tanto as de rito ocidentais como as orientais - foram destruídas. O movimento sobreviveu com outros nomes em outros lugares. Os que conseguiram sobreviver foram para o sul da França, em Albi, para os Alpes no sul da Europa, como o Piemonte. Devido aos decretos de punição com a morte de quem não batizasse as criancinhas, ficaram os donatistas praticamente impedidos de entrar nas cidades ocidentais e orientais da Europa.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO "PAULICIANOS"
Os Paulicianos podem ter sido o mais antigo grupo de anabatistas que se conhece. A falta de dados sobre o seu princípio, e o falso relato das igrejas orientais sobre eles dificultam uma data exata para o inicio desse movimento.
A Origem dos Paulicianos;-As tradições narradas pelos monges da igreja grega, dizem que os paulicianos surgiram na segunda metade do século sétimo, tendo como fundador um tal Constantino. Realmente Constantino , um pastor pauliciano, existiu. Mas era simplesmente uma pastor, que, em 690 A.D., foi morto por lapidação por ordem dos bispos gregos. Na História de Gibbon, VI, pg 543, Gibbon classifica o paulicianismo como a forma primitiva do cristianismo: "De Antioquia e Palmira deve ter sido espalhada a Mesopotâmia e a Pérsia; e foi nestas regiões que se formou a base da fé, que se espalhou desde as cordilheiras do Tauro até o monte Arará. Foi estas a forma primitiva do Cristianismo.
Noutro lugar, V, pg 386, diz ele: "O nome pauliciano, dizem os seus inimigos que se deriva de algum líder desconhecido; mas tenho certeza de que os paulicianos se gloriaram da sua afinidade com o apóstolo aos gentios". No livro A Chave da Verdade, escrito pelos próprios paulicianos, citado por Gregório Magistos no décimo primeiro século, e descoberto pelo Sr. Fred C. Conybeare, de Oxford, em 1891, na Biblioteca do Santo Sínodo, em Edjmiatzin da Armênia, afirma nas páginas 76-77 que são de origem apostólica: "Submetamo-nos então humildemente à Santa igreja universal, e sigamos o seu exemplo, que, agindo com uma só orientação e uma só fé, NOS ENSINOU. Pois ainda recebemos no tempo oportuno o santo e precioso mistério do nosso Senhor Jesus Cristo e do pai celestial: a saber, que no tempo de arrependimento e fé. Assim
COMO APRENDEMOS DO SENHOR DO UNIVERSO E DA IGREJA APOSTÓLICA.
prossigamos; e firmemos em fé verdadeira aqueles que não receberam o santo batismo (na margem: a saber, os latinos, os gregos e armênios que nunca foram batizados); como assim nunca provaram do corpo nem beberam do santo sangue do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, de acordo com a Palavra do Senhor, devemos trazê-los a fé, induzi-los ao arrependimento, e dar-lhes o batismo - rebatizá-los." Fica claro que eles não se denominavam paulicianos, porém, "a igreja Santa, Universal e Apostólica". As igrejas romanas, gregas e armênias, eram duramente condenadas por eles. Condenavam principalmente o batismo por imposição (praticado pelos imperadores) e o batismo infantil. Outro relato interessante é o do professor Wellhausen, na biografia que escreveu sobre Maomé, na Enciclopédia Britânica, XVI, pg 571, pois ali os paulicianos são chamados de "sabian", que é uma palavra árabe que significa "batista".
Crescimento e Perseguição dos Paulicianos-Na enciclopédia acima mencionada diz que os sabianos - ou batistas - encheram com seus adeptos, a Siria, a Palestina, e a Babilônia. O maior grupo estava fixado nas regiões montanhosas do Arara e do Tauros. O motivo de escolherem este lugar de tão difícil acesso é a perseguição movida contra eles pelas igrejas gregas. Enquanto Montanistas, Novacianos e Donatistas eram perseguidos mais pelas igrejas romanas, as igrejas gregas perseguiam os paulicianos no oriente. O crescimento não podia deixar de despertar os inimigos. No ano de 690, o já mencionado pastor Constantino, foi apedrejado por ordem do imperador, e seu sucessor queimado vivo. A imperatriz Teodora instigou uma perseguição na qual, dizem, foram mortos na Armênia cem mil paulicianos. Por incrível que pareça foram tolerados por muito tempo pelos maometanos. Isso deixou-os a vontade e foram eles os grandes missionários da idade das trevas entre os anabatistas. Espalharam-se pela Trácia em 970, pela Bulgária, Bosnia e Servia após o ano 1100. Em todos estes lugares foram como missionários enviados pelas igrejas paulicianas. O historiador Orchard revela que "um número considerável de paulicianos esteve estabelecido na Lombardia, na Insubria, mas principalmente em Milão, aí pelo meado do século onze e que muitos deles levaram vida errante na Franca, na Alemanha e outros países, onde ganharam a estima e admiração da multidão pela sua santidade. Na Itália foram chamados de Paterinos e Cátaros. Na França foram denominados búlgaros, do reino de sua emigração, também publicanos e boni homines, bons homens; mas foram principalmente conhecidos pelo termo albigenses, da cidade de Albi, no Languedoc superior". Em 1154 um grupo de paulicianos emigrou para a Inglaterra, tangidos ao exílio pela perseguição. Uma porção deles estabeleceram-se em Oxford. Willyan Newberry conta do terrível castigo aplicado ao pastor Gerhard e o povo. Seis anos mais tarde outra companhia de paulicianos entrou em Oxford. Henrique II ordenou que fossem ferreteados na testa com ferros quentes, chicoteados pelas ruas da cidade, suas roupas cortadas até a cintura e enxotados pelo campo aberto. As vilas não lhes deviam proporcionar abrigo ou alimento e eles sofreram lenta agonia de frio e fome." É interessante lembrar ao leitor, que João Wycliff (1320-1384), considerado a "estrela d’alva" da Reforma, iniciou justamente em Oxford sua luta para reformar a podridão do catolicismo. Sem dúvida ele teve algum contato com algum sobrevivente dos paulicianos. A partir do século XII o nome pauliciano foi caindo em desuso. Conforme suas emigrações e campos missionários, foram recebendo novos nomes ou se fundindo com os outros grupos de anabatistas da Europa. No sul o nome perdeu-se entre os albigenses e valdenses. No centro e norte da Europa foi aos poucos prevalecendo o nome de "anabatistas".
6º CAPÍTULO VI IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS DO SÉCULO XII a XV
Os anabatistas dos séculos XII ao XV são a continuação ou os descendentes diretos dos anabatistas primitivos. A única coisa que vai mudar é o sobrenome do apelido. Vimos que na primeira geração de anabatistas havia quatro grandes correntes, que ia desde o Oriente Médio até a Europa. A partir do século XII, a mais forte destas correntes (os paulicianos) fundiu sua identidade com os irmãos europeus que serão estudados neste capítulo. Dois grandes grupos de anabatistas apareceram neste período. Esse número pode ser bem maior, mas me falta conhecimento para integrá-los aos demais. Não é nossa idéia trabalhar com hipóteses. Trabalhamos com declarações e documentos de estudiosos no assunto de história das igrejas. Por isso consideraremos apenas dois grupos como autênticos anabatistas. São eles: Os albigenses e os Valdenses. A história de amor pela palavra de Deus, e a perseguição que sofreram decorrente deste amor, é uma das histórias mais lindas e tristes que já li.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO ALBIGENSES
Após os quatro grupos primitivos de anabatistas os albigenses é o primeiro a se destacar como seus descendentes. Já se notou que os montanistas, donatistas e novacianos, após a investida de Roma e Constantinopla sobre eles, foram obrigados a se refugiar na região dos Pirineus, sul da Franca. Também os paulicianos a partir do século XI se fixaram nestes lugares. Foi exatamente assim que Deus guardou sua igreja pura e viva, para descobri-la novamente ao mundo e pregar as boas novas. Os velhos nomes morreram, mas a fé permaneceu a mesma. A doutrina também não mudou. Também não mudou o costume de rebatizar os católicos, e por isso todos os dois grupos eram identificados como seus antecessores, ou seja, "anabatistas".
A Origem dos Albigenses Alguns historiadores traçam a origem dos albigenses como tendo provindo dos paulicianos (Enc. Brit. I pg 45), enquanto outros afirmam que eles se achavam no sul da França desde os primeiros dias do cristianismo. Este apelido não provém do nome de um pastor famoso, como por exemplo os novacianos. É um apelido proveniente do lugar onde os anabatistas se encontravam. Albi era uma cidade no distrito de albigeois, no sul da França. Após a perseguição desencadeada por Roma e Constantinopla sobre os montanistas, novacianos e donatistas, estes três grupos, sem exceção, ficaram impedidos de pregar nas cidades do ocidente e do oriente onde prevalecia o poder papal. A prática de rabatizar os católicos era punida com a morte. Então, num gesto de conseguir a sobrevivência da fé e da ordem apostólica, estes grupos procuraram esconder-se nos Alpes e nos Pirineus. Ao chegarem nestes lugares perderam o antigo apelido e foram conhecidos por outros apelidos: ALBIGENSES - pelo lugar onde se refugiaram; CÁTAROS - Devido a pureza de vida que levavam; HOMENS BONS - Pela inegável integridade desses crentes; e ANABATISTAS - por rebatizaram os que vinham do catolicismo romano ou ortodoxo. Não existia diferença entre as doutrinas dos recém-chegados a esse refugio - como foi o caso dos paulicianos - e os anabatistas já instalados ali há quase um milênio - a saber, os montanistas, novacianos e donatistas. Mesmo vindos de cantos totalmente diferentes e de diversos lugares do mundo antigo, ao chegarem nos vales dessas montanhas, uniam-se facilmente uns com os outros. O crescimento dos anabatistas neste lugar fez o dr. Allix calcular o seu número em três milhões e duzentos mil pessoas só nos Pirineus. (O batismo Estranho e os Batistas, pg 63). É maravilhoso saber como Deus guardou os anabatistas por tantos séculos e depois ajuntou-os num mesmo lugar. É maravilhoso saber que a podridão do catolicismo não conseguiu penetrar nessas igrejas de Jesus Cristo por todos estes séculos.
Perseguição contra os albigenses-Qualquer pessoa pode por si mesma fazer um estudo minucioso sobre as atrocidades cometidas contra os albigenses. O que o catolicismo fez por mais de um século contra esse grupo de anabatistas pode ser lido em qualquer biblioteca de uma simples escola pública. Basta pegar uma enciclopédia e abrir na página de Inocencio III. Este papa católico foi um dos muitos que mataram friamente anabatistas por mais de mil e trezentos anos. Só que as atrocidades deste papa foram todas registradas e não podem ser escondidas da sociedade. Para a igreja católica ele é um santo. Para mim o mais usado por Satanás de seu tempo. O Papa Inocencio III (1198-1216) desencadeou contra os anabatistas de albi o que foi chamada de "a quarta cruzada". A chacina, iniciada em fins do século XII, iria se prolongar até meados do século XIII. Centenas de milhares de albigenses - também chamados de cátaros e bons homens, foram cruelmente assassinados pelo mandato papal. Houve em 1167 na cidade de Toulouse o chamado "concílio albigense". Assunto: Tratar simplesmente dos hereges anabatistas que lá viviam. O resultado desse concílio foi a quarta cruzada posta em vigor pelo papa Inocêncio III. Em 22 de Julho de 1209, quase toda a população de Béziers foi massacrada. O papa Inocêncio e seus sucessores, em nome de Deus, matava anabatistas como se mata porcos. Alguns albigenses que conseguiram se refugiar em Montségur (foram estes os últimos albigenses anabatistas a assim serem chamados), conseguiram sobreviver até o ano de 1244. O escritor Nicolas Poulain assim descreveu o seu fim:` "A 16 de Marco de 1244, os sitiadores prepararam uma enorme fogueira no sopé do rochedo de Montségur. Então, os 200 sobreviventes saíram do refúgio e desceram em lenta procissão até seus carrascos. Os sãos sustinham os enfermos; de mãos dadas, entoavam hinos religiosos. Entre eles, havia uma mãe com sua filha doente... impassíveis, todos entraram nas chamas... o local onde foi erguida a fogueira ainda é conhecido como o "campo dos queimados"; ali se erigiu uma esta funerária onde foi gravada a seguinte inscrição: "EM MEMÓRIA DOS CÁTAROS, MÁRTIRES DO PURO AMOR CRISTÃO." E ainda há quem defenda um homem como Inocêncio III. E ainda há quem ache a igreja católica ser a igreja que Jesus deixou. Não, não é. Deus não tem assassinos como pastores. Sua igreja não é uma igreja assassina, pois, "a porta do inferno não prevalecerá contra minha igreja." Se leitor duvida do que aqui está escrito procure saber por si mesmo a verdade. Mas busque a verdade.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO VALDENSES
A perseguição que o papado moveu contra os albigenses durante várias décadas fez os anabatistas a se deslocarem para muitos lugares. O nome albigense era sinônimo de morte. Surgiu então um outro apelido para designar os anabatistas deste tenebroso período. Foram chamados de Valdenses.
A Origem dos Valdenses-Os livros relatam que os valdenses se originaram de um rico comerciante de Lion em ll76. Seu nome era Pedro de Valdo, daí valdenses. Mas a verdade é que esse grupo é uma continuação dos albigenses. Vendo os anabatistas albigenses que a perseguição no sul da França não ia ter fim - como não teve - fugiram para outras localidades. Em suas fugas iam evangelizando e rumando sempre para o norte da Europa. Foi onde Pedro de Valdo se converteu, e por ser famoso, os inimigos logo apelidaram os antigos albigenses de Valdenses. Significativo é o depoimento de Raisero Sachoni. Ele foi por dezessete anos um dos mais ativos pregadores dos "Cátaros" ou "Valdenses". Mais tarde uniu-se à ordem dominicana apostatando da fé. Tornou-se um acérrimo inimigo dos Valdenses, e por isso o papa fe-lo inquisitor da Lombardia. Por muitos anos, até sua morte, acusou e mandou matar seus ex-irmãos anabatistas. Foi um judas. Sua opinião sobre a origem dos valdenses é como se segue: "Entre todas as seitas não há mais perniciosa à igreja (católica é claro) do que os valdenses. Por três razões: Primeira, porque é a mais antiga, pois alguns dizem que data do tempo de Silvestre, 325 A.D. (Silvestre foi o papa que junto com Constantino condenou os donatistas, montanistas e novacianos), outros ao tempo dos apóstolos. Segunda, é a mais largamente espalhada, porque dificilmente haverá um país onde não existam. Terceira, porque, se outras seitas horrorizam aos que a ouvem, os valdenses, pelo contrário, possuem uma grande aparência de piedade. Como matéria de fato, eles levam vidas irrepreensíveis perante os homens e no que respeita a sua fé, aos artigos do seu credo, são ortodoxos. Sua única falta é que blasfemam contra a igreja e o seu credo". O testemunho desse apóstata é muito importante. Não é fácil para um legado católico dizer que "datam do tempo de Silvestre ou dos apóstolos". Outro escritor, dessa vez um francês, Michelet, diz na Historie de France, II, pg 402, Paris 1833: "Os valdenses criam numa continuidade secreta através da Idade Média, igual a da Igreja Católica". E Neander adiciona na History of the Christian, pg 605, Vol. IV, 1859: "Não é sem fundamento a afirmação dos valdenses deste período (1100 em diante), a respeito da antigüidade de sua seita, e que tinha havido, desde o tempo da secularização da igreja, a mesma oposição (a igreja Romana) que eles sustentavam". Os historiadores que se tem especializado na história dos valdenses sustentam a idéia de que as doutrinas dos valdenses não se originaram com Pedro Valdo. Diz Faber, The Waldenses and Albigenses: "A evidencia que acabo de produzir, prova, não somente que os valdenses e albigenses existiram antes de Pedro de Lião; mas também, que no tempo do aparecimento dele nos fins do século doze, havia duas comunhões de grande antigüidade (O autor refere-se aos albingenses e valdenses ao dizer que existias duas comunhões). Segue-se, portanto, que mesmo nos séculos doze e treze, as igrejas valdenses eram tão antigas, que a sua origem remota foi atribuída, mesmo pelos seus inimigos inquisitoriais, ao tempo além da memória do homem. Os romanistas mais bem informados do período, não ousaram fixar a data da sua origem. Eram incapazes de fixar a data exata dessas veneráveis igrejas. Tudo que se sabe é que eles tinham florescido ao longo do tempo, e que eram muito mais antigos do que qualquer seita moderna". Portanto, a se alguém quer saber a origem dos valdenses saiba que, apesar de receberem esse apelido somente a partir de 1100, já eram conhecidos como albigenses, paulicianos, donatistas, novacianos e montanistas. Tinham de diferente apenas o apelido, mas eram todos de uma mesma comunhão. Também todos, sem exceção, foram chamados de "anabatistas". O fato de aparecer paralelamente no mesmo período albigenses e valdenses, não quer dizer que os valdenses não seja uma continuação dos albigenses. Quer dizer que durante um período de mais ou menos meia década, enquanto o apelido albigense caía em desuso, crescia o nome valdense. É o que chamo de período de transição. O estudante notará que a mesma coisa aconteceu no século XVI. Neste período, enquanto caía o apelido anabatista, surgia o apelido batista.
A doutrina dos valdenses-Suas doutrinas eram idênticas a dos primitivos anabatistas. Há dois documentos datados de cerca do ano 1260 A.D. escritos por católicos que descrevem os valdenses: Um deles diz: "os valdenses vestiam com relativa simplicidade, comiam e bebiam moderadamente, sempre laboriosos estudiosos, havendo entre eles muitos homens e mulheres que sabiam de cor todo o novo testamento". O outro documento é o tratado de Davi de Augsburgo, escrito sobre os "pobres de Lião" ou valdenses, e impregnado de ódio e antipatia. Este documento diz que os valdenses proclamavam-se "discípulos de Cristo e sucessores dos apóstolos" e quando eram excomungados, regozijavam-se com o fato de terem de sofrer perseguição como outrora os apóstolos, "nas mãos dos escribas e fariseus". O documento informa que eles rejeitavam os milagres eclesiásticos e os festivais, ordens, bênçãos, etc., dizendo que essas coisas foram introduzidas pelo clero cobiçoso; batizavam os que abraçavam seus princípios, dizendo alguns deles que o batismo de crianças não vale nada, pois elas são incapazes de crer. Não criam que o sangue e o corpo de Cristo estão na eucaristia, limitando-se a abençoar o elemento como um símbolo. Celebravam a ceia, recitando palavras do evangelho; negavam o purgatório, o concubinato, o sacerdotalismo, o legalismo, etc.
A Perseguição dos Valdenses-Assim como os albigenses os valdenses foram tenazmente perseguidos pela Igreja Católica. A Inquisição matou, queimou, afogou, esfolou, torturou e fez muito mais para destruir os valdenses. Só para o estudante ter uma idéia, o Papa João XXII (1316-1334), tendo um rendimento farto e regular dos impostos criados por ele mesmo, gastava 63% do tesouro papal para financiar a guerra contra os anabatistas e os muçulmanos. (O Papado na Idade Média, pg 140 e 143). O papado obrigou o povo a pagar impostos com o intuito de financiar guerras visando o extermínio dos anabatistas. Em todos os países era passada a chamada "rota romana" com os ad doc - que significa "a isto" - pressionando e atormentando o povo a pagar o tributo para o papa. No final do século XV os valdenses ainda estavam de pé. Suas forças estavam nos vales dos Alpes. Tinham uma escola prática em Milão e de ramificações em zonas distantes como a Calária e a Apúlia. Possuidores de um noviciado e de seminários independentes, os valdenses punham em campo uma grande quantidade de missionários itinerantes, os quais, conheciam de cor longas passagens dos evangelhos e das epístolas. Infelizmente muitos se ligaram com os hussitas na Boêmia e com os Lolardos na Inglaterra. Isso degradou em muito a pureza de muitas igrejas valdenses, pois estas igrejas, assim como as protestantes, pregavam uma fé que podia-se pegar em armas para defender direitos. No século XVI a euforia da reforma também varreu uma grande parte dos valdenses. Acredito que isso destruiu o grupo como denominação. Alguns se aliaram com os luteranos na Alemanha, outros a Zuinglio na Suiça, e uma grande parcela com Calvino. Os fiéis, que não se misturaram, continuaram anabatistas puros. Até hoje existe algumas igrejas com o nome denominacional "valdense".
7º CAPÍTULO VII OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Tenho visto muitos historiadores da Igreja tentando responder erroneamente a questão de onde vieram os anabatistas do século XVI. A resposta correta é simples: Não vieram, já estavam. O movimento anabatista do século XVI é uma continuação dos movimentos anabatistas que atravessaram toda a Idade Média. Os costumes são iguais; a doutrina é a mesma; os membros tinham a mesma característica diante da sociedade. O fato de sabermos mais sobre os anabatistas do século XVI do que os anabatistas da Idade Média, não se deve ao fato de estarmos incertos sobre a existência dos últimos. Deve-se ao fato de que agora já tinham inventado a imprensa. E também, com a divisão do catolicismo no advento da Reforma, teríamos informações oficiais de dois lados, o catolicismo e o protestantismo. Além do que o século XVI está bem mais próximo de nossa época que o século IV. Pense bem: O que você sabe sobre o papa Silvestre do século IV? Quase nada. Que tal verificar na sua memória o que você sabe sobre Lutero, Cabral, e outros que viveram no século XVI? Tenho certeza que as informações sobre os últimos são bem mais amplas. Porque seria diferentes com os anabatistas?
A ORIGEM DOS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Admitir que os anabatistas atravessaram toda a idade média, mesmo que levando outros nomes, não é uma tarefa fácil. Para a igreja católica admitir isso ela estará afirmando sua exclusão em 225, além do que, que não é a igreja mais antiga. Para os protestantes - principalmente luteranos e presbiterianos - é dizer que não foram seus patronos Lutero e Calvino os resgatadores da verdade. Os anabatistas tem sua origem nas igrejas anabatistas que conseguiram escapar da perseguição católica durante o período das Trevas, que vai desde século IV até o século XVI. Apesar de terem outros apelidos além de anabatistas, estas igrejas eram o verdadeiro cristianismo, e todas, sem exceção, eram chamadas de "anabatistas".
SUAS CARACTERISTICAS ORGANIZACIONAL E DOUTRINÁRIA
O historiador A.G. Dickens, no seu livro A Reforma, pg 131- 140-141, faz um relato muito significativo sobre a origem, organização e doutrina dos anabatistas do século XVI. Ele não defende os anabatistas, mas também não pode negar o fato de serem eles um grupo de cristãos totalmente diferente do catolicismo e protestantismo. Eis o relato de Dickens: "Em que sentido pode o anabatismo ser chamado de um movimento? Não podemos certamente falar de uma reforma anabatista como falamos de uma reforma luterana, zuingliana ou calvinista. Os anabatistas não tinham nenhum chefe espiritual, nenhum código de doutrina largamente aceito, nenhum órgão central dirigente (eram independentes). Não influenciaram os governos, não modelaram as sociedades nacionais, não conservaram uma administração política. Nessa comunidade marginal (ao lado) de crentes, a disciplina não limitava apenas ao batismo. A confissão de Schleitheim, um de seus documentos mais largamente divulgados, redigida em 1527, talvez pelo mártir Miguel Satler, reduz-se a sete artigos: O batismo, diz-se, só será concedido aos que conheceram o arrependimento e mudaram de vida, e que entrem na ressurreição de Jesus Cristo. Os que estão no erro não podem ser excomungados antes de advertidos por três vezes, e isto deve-se fazer antes do partir o pão, de maneira que uma igreja pura e unida se reuna. A ceia do Senhor é só para os batizados, e é um serviço comemorativo. Os membros devem deixar o culto papista (católico) e antipapista (protestante), não tomarem parte dos negócios públicos (que eram na sua maioria imoral), renunciam a guerra e as diabólicas e anticristãs arma de fogo. Os pastores devem ser sustentados pelas congregações, afim de poderem ler as escrituras, assegurar a disciplina da igreja e dirigir a oração. Se um pastor é expulso ou martirizado, deve imediatamente ser substituído, e ordenado outro, para que o rebanho de Deus não seja destruído. A espada destina-se aos magistrados temporais, a fim de poderem castigar os maus, mas os cristãos não devem usá-la, mesmo em legítima defesa, como também não devem recorrer à lei ou tomar o lugar dos magistrados. São proibidos os juramentos." O estudante deste tratado pode comparar o elo que liga os anabatistas do século XVI aos dos séculos anteriores e aos batistas. São o mesmo povo. Olhe bem para os artigos de fé acima mencionados. Compare com as doutrinas dos batistas. Existe alguma coisa que não está de acordo? São todos o mesmo povo. Todos eram e devem ser verdadeiros seguidores das Escrituras Sagradas.

AS DIVISÕES ENTRE OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Muitos há que condenam o movimento anabatista do século XVI dizendo que eles por algum tempo apelavam para a violência. Os que assim pensam se esquecem que toda igreja tem seu lado ruim. Veja a Igreja de Jesus. Não havia lá o Judas? Era Judas o verdadeiro representante da igreja ou um membro errado? Sim, os anabatistas tiveram membros e pastores que não honravam suas doutrinas. E eram justamente aqueles que estavam misturados com as revoluções luteranas, calvinistas e zuinglianas. Foi o caso de Melchior. Dickens afirma no seu livro A Reforma, pg 142 sobre ele: "Pode-se dizer que a Confissão de Schleitheim, no seu conjunto, contém muitas posições características e que era aceite pela maior parte dos anabatistas. Fora dela havia muitos preceitos religiosos ou sociais não aceites por todos eles e sujeitos a controvérsias. Doutrinas não incluídas na confissão eram rigorosamente sustentadas por certas comunidades, como a cristologia Melchiorita." Para quem não sabe Melchior Hoffiman é acusado de ser anabatista e de fazer um levante contra o Estado de Lutero na Alemanha. Dickens considera-o "sectários e extremistas à margem do anabatismo" (A Reforma pg 143). O historiador Christian diz que ele nunca foi um anabatista. Hoje estamos vivendo uma situação parecida. São batistas aqueles que se dizem batistas e não honram os artigos de fé bíblicos? São batistas os batistas que acreditam na salvação pelas obras? São batistas os que acreditam na salvação pela guarda do sábado? Porém na parede da frente de suas igrejas está escrito: Igreja Batista. É batista quem realmente vive como um batista deve viver. Foi o caso dos anabatistas do século XVI. Uma maçã podre não invalida as maçãs boas.
OS ANABATISTAS E LUTERO
Os anabatistas do século XVI e o reformador católico Martinho Lutero escreveram uma página especial do cristianismo neste período. Quando Lutero iniciou o seu movimento encontrou nos anabatistas um apoio antipapista. Tinham de comum o fato de saberem que o papa era um servo de Satanás. Muitos anabatistas migraram-se para a Alemanha animados com o discurso antipapista de Lutero. A decepção não demorou a chegar. Quando Lutero conseguiu o poder temporal ele passou a perseguir os anabatistas. Primeiro usando discursos inflamados. Depois usou a intimidação. E por fim, usou a força. Para decepção de muitos de seus admiradores, Lutero não ficou devendo nada a nenhum papa em questão de crueldade contra os anabatistas. Veja alguns relatos sobre a perseguição de Lutero aos camponeses anabatistas feitas pelo escritor Stefan Zweig em seu livro Os caminhos da Verdade, páginas 184 e 198: "Lutero abraçava, sem restrições e definitivamente, a causa da autoridade contra o povo. O asno, dizia ele, precisa de pauladas; a plebe deve ser governada com a força... Iniciava-se já a perseguição aos livres pensadores e aos dissidentes, instaurava-se a ditadura do partidarismo... Arrancava-se a língua aos anabatistas, atenazavam-se com ferros candentes e condenavam-se a fogueira como hereges os pregadores, profanavam-se os templos, queimavam-se os livros e incendiavam-se as cidades." Lutero não pode ser visto como um defensor da causa de Deus. Tampouco alguém que resgatou o direito de ler a Bíblia. Não, de forma alguma. Ditadores não são homens de Deus. Homens que matam por causa de doutrina não são homens de Deus. Não vemos Jesus arrancar a língua de ninguém para pregar o evangelho. Porque então seus pregadores agiriam dessa forma? Lutero perseguiu os anabatistas porque estes não se sujeitaram a seus caprichos de ditador. Em Abril de 1525, por ordem de Lutero, o qual chegou a redigir um panfleto, numa linguagem violenta contra os anabatistas, pediu que seus súditos colocassem fim na desordem anabatista que atormentava o seu país. Naquele mês mais de cem mil anabatistas morreram assassinados pelos soldados luteranos. Essa é a verdadeira história sobre os anabatistas e Lutero.
OS ANABATISTAS E CALVINO
A relação entre Calvino e os anabatistas do século XVI não foram diferentes da que houve com Lutero. Todo revolucionário tem a tendência de se tornar um ditador. Aconteceu primeiro com Lutero na Alemanha. Pouco depois aconteceu com Calvino na cidade de Genebra. Nos livros que temos sobre a reforma não se pode esconder os atos de atrocidades que Calvino cometeu contra feiticeiros, humanistas e aos anabatistas residentes em sua cidade. No livro O Cristianismo Através dos Séculos, pg 254, diz que: "Para garantir a eficácia de seu sistema (o sistema de uma cidade santa), Calvino estabeleceu penalidades severas. Vinte oito pessoas foram executadas e setenta e seis exiladas em 1546." Temos o relato de uma testemunha ocular dos fatos, chamado Sebastião Castellio, que fora um pastor Calvinista e tornou-se depois um humanista, abandonando seu ministério devido a evidencias tais quais temos a seguir: "Revolta-me o exemplo de como se procede nesta cidade o emprego da violência contra os anabatistas. Eu mesmo vi arrastarem para o cadafalso uma mulher de oitenta anos com sua filha, esta mãe de seis filhos, que não cometeu outro crime senão o de negar o batismo das crianças." (Extraído do livro Uma Consciência Contra a Violência, página 115). Se Calvino fosse um homem de Deus certamente agiria como a Bíblia ensina. Saberia que somente teremos uma cidade perfeita quando estivermos no céu. Saberia conceder a liberdade religiosa a seus concidadãos. Saberia que lugar de pastor não é no comando de cidades e sim conduzindo o seu rebanho. Quem manda matar a mãe de seis crianças por não aceitarem o erro do batismo infantil não pode ser um homem da dispensação da graça. Os verdadeiros batistas não tem nada a ver com o calvinismo.
OS ANABATISTAS E ZUINGLIO
Zwinglio foi um grande reformador e da mesma época que Lutero. Zurique foi a cidade que ele escolheu para fazer notório o seu movimento reformador. Muitos anabatistas foram para lá pensando justamente na liberdade religiosa que os reformadores pregavam antes de se tornarem cruéis ditadores. No começo houve uma grande amizade entre os anabatistas (principalmente os valdenses) e os simpatizantes de Zwinglio. Muitos anabatistas inclinaram-se para o zwinglianismo, principalmente em setembro de 1532. Parece que a maioria dos valdenses seguiram Zwinglio por este tempo. Mas foram decepcionados. Zwinglio aceitou a adesão dos que queriam, mas condenou aqueles que não quiseram se juntar a ele. Assim que Zurique ficou em suas mãos, Zwinglio iniciou uma perseguição contra os indomáveis anabatistas. Por sua ordem o senado promulgou uma lei, segundo a qual, aquele que se atrevesse a batizar alguém que tivesse sido batizado antes, na infância, fosse afogado. Suas idéias se espalharam por todas as cidades suíças de ascendência alemã, e consequentemente, nestes lugares, os anabatistas eram afogados por batizarem seus membros.
PORQUE OS ANABATISTAS NÃO SE UNIRAM COM OS REFORMADORES?
Uma igreja que representa a pura doutrina deixada pelo Senhor Jesus não poderia se unir com nenhum movimento reformador do século XVI. Primeiro porque como o próprio nome diz, era uma reforma da igreja Católica. Se queriam reformá-la é porque admitiam que ela era uma igreja de Jesus, quando na verdade tinha deixado de ser desde 225. Segundo porque quando os reformadores vieram da igreja Católica não houve entre seus pastores iniciantes uma conversão de seus pecados. O que houve foi uma convicção da parte deles de que a igreja católica estava errada. Até os católicos tinham essa convicção. Terceiro que, não se convertendo, também não foram e nem podiam ser batizados, ordenança pela qual um crente professa publicamente que está aceitando Jesus e sua Igreja. Se não foram batizados com que autoridade podiam ministrar o batismo ou passar esta autoridade a outros? As igrejas que saíram da reforma cometiam erros que jamais podiam ser aceitos como sendo realizados pela igreja de Jesus. O primeiro é o batismo infantil. Todas as igrejas da Reforma batizavam crianças recém-nascidas. A Igreja de Jesus nunca realizou e nem permitiu o batismo infantil. O segundo erro é a formação de uma igreja oficial. Por exemplo: Luterana na Alemanha; Anglicana na Inglaterra; Presbiteriana na Escócia; Jesus nunca quis casar sua igreja com o Estado. Antes ensinou: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Terceiro é a formação de uma hierarquia dentro da igreja, colocando uma igreja acima da outra e pastores comandando outros pastores. O quarto erro é o uso de armas para impedir a liberdade religiosa e se meter em guerras contra católicos. O quinto erro é o de praticarem o batismo por aspersão e não por imersão. Por estes e outros motivos os anabatistas jamais poderiam ter se aliado com as igrejas da reforma.A OPNIÃO DE HISTORIADORES DA IGREJA SOBRE OS ANABATISTAS
Apesar de não concordar com os historiadores convencionais a respeito da história dos anabatistas (pois eles tratam os tais como dissidentes e hereges), penso ser importante a opinião destes homens sobre os anabatistas.
A opinião de A.G. Dickens, no livro a Reforma: "Durante os últimos anos fizeram-se estudos que nos levam a ver com novo respeito o sopro do idealismo cristão que alimentava os anabatistas. As horríveis crueldades de que foram alvo por parte dos católicos e dos protestantes chocam mesmo aqueles que os estudos dos costumes do século XVI endureceu... a maioria destes sectários era constituída por homens sinceros e pacíficos, que teriam podido ser dirigidos sem recorrer ao fogo e ao afogamento... Haveria muito a dizer, se nos quiséssemos referir aos seus descendentes espirituais, as seitas do século XVII, da Inglaterra e da Nova Inglaterra (os batistas e menonitas), e para podermos afirmar que os anabatistas deram grande contribuição a liberdade religiosa e cívica." (página 143). "Uma revisão realista obriga-nos a acrescentar que nenhuma outra seita religiosa mostrou maior heroísmo passivo, face à perseguição." (página 141) Quando afirmamos que os anabatistas são os sucessores autênticos dos apóstolos não estamos idealizando uma fantasia. Estamos relatando uma verdade que jamais será publicada nos livros de história eclesiástica.
8º CAPÍTULO VIII A QUEDA DO APELIDO ANABATISTA E O SURGIMENTO DO APELIDO BATISTA
Na metade do século XVI, e no princípio do século XVII, há uma súbita queda do apelido "anabatista" e o aparecimento rápido do apelido "batista" em toda a Europa. Muitos procuram ligar a fundação das igrejas batistas na pessoa de John Smith (morto em 1612). Grandes historiadores como Orchard e Christian já fizeram o favor de desmentir essa teoria. Qualquer estudante da história das religiões, se agir com sinceridade, descobrirá que os batistas são o fim dos anabatistas. Os batistas são a junção de diversos grupos anabatistas em torno desse nome com a queda do prefixo "ana". E isso não aconteceu de repente ou de uma só vez. Foram necessário quase um século para que a junção dos anabatistas ao nome batista fosse possível. E só se tornou possível devido ao laborioso trabalho de resgate de pastores itinerantes que, levantados por Deus, uniram os diversos grupos ao nome batista e também, ao nome "menonita".

POR QUE O APELIDO ANABATISTA CAIU?
Vimos que no inicio do século XVI, muitos anabatistas, iludidos com o aparecimento de alguns lideres da reforma, saíram de seus esconderijos e foram habitar nas cidades e povoações onde a reforma explodia. Não demorou muito e toda a Europa Central foi minada com a chegada desses cristãos. No sul da Alemanha, na Boêmia, na Suíça, na França, na Hungria e nos países baixos, os anabatistas estavam fortemente organizados. Animados com a chance de novamente poderem pregar publicamente - isso depois de 1200 anos - deixaram os Pirineus e os Alpes e marcharam rumo ao norte da Europa. O sucesso foi imediato. As conversões multiplicavam-se. A cidade de Estraburgo, na França, chegou a ter mais de dez por cento de sua população anabatista. Só na Morávia, o pastor Jacob Hutter, organizou mais de oitenta igrejas em menos de dez anos. Hutter foi morto em 1526 pregando o evangelho. O pastor Hans Huth, encadernador itinerante, estendeu o evangelho por numerosos países da Europa. Abriu centenas de igrejas no sul da Alemanha e na Austria. Em 1527 ele foi preso em Ausburgo, interrogado e submetido a tortura; morreu no mesmo ano, devido a queimaduras publicamente sujeitado. O pastor Hubmaier teve grande participação dos trabalhos na Morávia, onde encontrou auditório e leitores para seus panfletos. Em 1528 ele foi queimado na cidade de Viena. Sua esposa foi lançada ao Danúbio com uma grande pedra no pescoço. Cálculos menores indicam que só nos Países Baixos morreram mais de 30.000 anabatistas em menos de cinco anos de perseguição. A perseguição foi brutal e desumana. Além dos casos mencionados acima temos um muito famoso: O martírio de Miguel Satler. Este era um pastor batista. Sendo um homem de muita sabedoria, coube a ele, em 1527, redigir a Confissão de Schleitheim, o credo anabatista. Foi o documento mais largamente divulgado entre os anabatistas, o qual, como já mencionamos, era um precioso resume dos artigos de fé das igrejas anabatistas e posteriormente batistas. O ato lhe custou o martírio. No livro Breve História dos Batistas, pg 59, temos um comentário extraído de sua sentença de morte: "Miguel Satler deverá ser entregue ao carrasco. Este o levará até a praça e aí primeiro lhe cortará a língua. Depois o amarrará a uma carroça e com tenazes incandescentes tirará, por duas vezes, pedaços de seus corpo. Em seguida, a caminho do lugar da execução fará isso cinco vezes mais e depois queimará seu corpo até o pó como um arqui-herege" Assim ele morreu. Quando já na fogueira, as chamas queimaram as cordas que lhe prendiam as mãos, e ele levantou os dedos indicadores. Era o sinal combinado com os irmãos anabatistas para indicar que os sofrimentos eram suportáveis. Os anabatistas cresceram tanto no século XVI que despertou o ódio dos católicos e protestantes. A ilusão de que a reforma os ajudaria transformou-se numa grande desilusão. Os protestantes do norte da Europa fecharam-lhe as portas e iniciaram um período de perseguição intimidadora, que visava apenas fazerem parar de crescer. Não adiantou. Continuaram a crescer. Foi Lutero, em 1525, que desencadeou uma perseguição em massa. Essa perseguição atravessou as fronteiras da Alemanha e o apelido "anabatista" tornou-se um sinônimo de morte. O historiador Dickens relata sobre esse fato escrevendo um comentário de Bullinger, um escritor luterano contemporâneo de Lutero: "Por toda a parte, tanto a católicos como a protestantes, estes sangrentos sucessos - referindo-se a chacina causada por Lutero - serviram de aviso. Deus abriu os olhos dos dirigentes, e de futuro ninguém poderá acreditar num anabatista, mesmo nos que se dizem inocentes." Bullinger deixa claro o que Lutero fez aos anabatistas no dia 25 de Junho de 1535 na cidade de Munster ao chamar o ato de "sangrentos sucessos". Sua ironia em comentar o caso mostra que o reformador tinha pleno apoio de seus seguidores. Além do que a opinião de Bullinger foi certeira no que se refere ao futuro difícil que os anabatistas teriam pela frente. Após a chacina, até o ano de 1566, tanto católicos como protestantes buscaram tenazmente a destruição das igrejas anabatistas. Assustados os anabatistas começaram a deixar de usar este apelido. Sabiam que a simples identificação como anabatista bastava-lhe para ser morto. A partir de 1533, tanto católicos como protestantes resolveram que iriam exterminar o anabatismo. Por isso eles se refugiaram pelos Países Baixos e já não podiam pregar publicamente. Na busca pela sobrevivência espalharam-se como uma denominação organizada. Alguns pastores, tentando evitar o martírio, mudavam-se de lugar e de nome também. Os pastores mais famosos eram os mais procurados. Foi o caso de João de Leida, que fugindo de Munster, instalou-se em Basiléia. Lá, gozando de uma certa liberdade, trocou seu nome para David Joris, e pregava na clandestinidade. Considerado o mais famigerado de todos os anabatistas, depois de morto, seu corpo é retirado do túmulo e queimado junto com seu livro "Wonderboek". O que aconteceu a João de Leida foi a realidade de milhares de anabatistas do mesmo período. Mas tinha um problema. Mudavam de lugar e de nome, porém, como mudar de Senhor? Como não rebatizar os católicos e protestantes que eram convertidos na clandestinidade? Por onde iam acabavam sendo descobertos pelo fato de batizarem por imersão os seus membros. Foi assim que seus inimigos começaram a chamá-los de "batizadores" ou "batistas". Earle Cairns, em seu livro O Cristianismo Através dos Séculos, página 248, afirma que: "os anabatistas são os ancestrais diretos das igrejas menonitas e batistas hoje espalhadas pelo mundo."
O RESGATE DOS ANABATISTAS
Com a dispersão dos anabatistas muitos acabaram em lugares longínquos. Foi preciso haver um "resgate" dos membros dispersos. Muitos anabatistas foram encontrados e resgatados às fileiras da fé pela ação itinerante de pastores que viajavam por toda a Europa em busca das ovelhas dispersas. Veja o relato de Dickens: "Sabe-se que durante estes anos (de 1536 a 1561) Menon Simon viaja infatigavelmente através da Alemanha e dos Países Baixos, confirmando e estendendo os grupos que haviam conseguido escapar à perseguição... O pintor de Vitrais David Joris (morto em 1556) tornou-se também um outro organizador itinerante. Foi finalmente obrigado a fugir para Basiléia, onde, escondido durante largos anos, conseguiu evitar a fogueira." Assim fica claro que após a perseguição desencadeada de 1533 os anabatistas que se dispersaram foram reagrupados por pastores itinerantes. Os resgatados por Menon Simon - nem todos - acabaram sendo conhecidos por menonitas, e existem como denominação até hoje. Os que foram resgatados por David Joris, e muitos outros pastores anabatistas, ficaram sendo conhecidos como "batistas".
A ÉPOCA DA MUDANÇA OFICIAL DO APELIDO ANABATISTA PARA BATISTA
A época exata da mudança do apelido anabatista para batista está entre os anos de 1533 até o ano de 1638. Temos relatos de que o nome batista era usado já no século XVI, e também que o apelido anabatista ainda foi usado no século XVII. Para se ter uma idéia clara sobre esse assunto basta o estudante lembrar que David Joris, que morreu em 1556, agrupava os anabatistas em torno do nome "batista". Mas por outro lado, a primeira Igreja Batista dos Estados Unidos, em Rhode Island, antes de ser chamada de batista era formada por crentes "anabatistas", isso no ano de 1638. Relatos oficiais dos batistas norte-americanos nos informa que: Nos Estados Unidos, na província de Rhode Island, foram fundadas as duas primeiras igrejas batistas da América. Uma em 1638 e a outra em 1639. A primeira em Newport e a segunda em Providence. A primeira, quando foi fundada em 1638 pelo pastor John Clark, foi conhecida como "Igreja Anabatista". Já em 1648, talvez pela tendência que todas as igrejas anabatistas tomavam, eles já tinham mudado o nome para "Igreja Batista". A segunda igreja, de Providence, é na verdade filha da primeira. Roger Williams, um de seus memoráveis fundadores, foi batizado por John Clark em 1638. Assim, a autoridade da ministração do batismo dos batistas americanos foi concedida diretamente de autênticos pastores anabatistas e que depois foram conhecidos como batistas. Também na Inglaterra, a primeira igreja tida oficialmente como "batista", foi formada por membros que receberam o batismo dos anabatistas resgatados por Menon Simons. O nome do primeiro pastor desta igreja é Tomaz Hellys, convertido em 1612. Portanto, a partir de 1612 na Inglaterra e de 1638 nos Estados Unidos, já estava definitivamente caído o prefixo "ana" dos anabatistas. Ficou somente a raiz da palavra, "batistas", apelido este que o precursor de Jesus já levava por seu costume de batizar crentes arrependidos de seus pecados.
9º CAPÍTULO IX OS BATISTAS
A história dos batistas coincide com o final da história anabatista do século XVI. Na verdade é uma clara continuação das igrejas fiéis desde os tempos apostólicos até hoje. Escritores há, que movidos de inveja, e até mesmo de uma certa ignorância do caso, e outros, batistas, que não se importam com a origem de sua denominação, desejam dar aos batistas um começo no século XVII. Para tanto distorcem a história de algumas igrejas batistas, principalmente da Inglaterra, usando ora John Smith, ora Tomas Hellys como fundadores do movimento. Sinto em informar aos que concordam com essa idéia que estão errados ou mal intencionados a respeito da origem e história dos batistas.
A ORIGEM DOS BATISTAS
Podíamos simplificar e dizer que os batistas se originaram com os apóstolos. E é a pura verdade, pois, os apóstolos foram batistas, ou seja, batizavam. Mas os batistas tem sua origem nas igrejas antes denominadas de "anabatistas". É uma continuação do apelido. A única coisa que muda é o prefixo "ana", e este não caiu de uma hora para outra, foi um processo que levou quase cem anos para acontecer. A prova disso é a declaração do bispo Hosius, no concílio de Trento que chamou os anabatistas de "batistas", já em 1554. E nos Estados Unidos, a Igreja Anabatista de Newport foi fundada em 1639, e dez anos depois mudaria seu nome para igreja batista de Newport. Portanto, são 85 anos de transição de um nome para o outro. O fundador da Igreja Batista foi Jesus Cristo. Continuada pelos apóstolos ela teve uma grande ruptura em 225, quando as igrejas infiéis precisaram ser excluídas - que eram os católicos romanos e ortodoxos. Outra ruptura veio em 313, quando muitas igrejas fiéis aceitaram se unir com o Estado. Foram os batistas massacrados pelas igrejas infiéis durante treze séculos, tendo como apelido mais comum o epíteto de "anabatistas". No século XVII ela tem novo apelido, que é o de batista. Continuou sendo perseguida e só teve paz no século XVIII. Foi a partir dessa época que ela realmente conseguiu uma certa liberdade e cresceu, chegando hoje a milhões de adeptos espalhados em mais de duzentos países. Foi a primeira denominação a lançar um missionário na era moderna com Willyan Carey. Foi a primeira denominação a requerer liberdade religiosa a todas as denominações. É e continuará sendo uma igreja que segue princípios puramente bíblicos, os mesmos princípios dos seus antepassados anabatistas, os quais herdaram os princípios das igrejas apostólicas.
A DECLARAÇÃO DE ESCRITORES NÃO BATISTAS SOBRE SUA ORIGEM
O Cardeal Hosius, católico, 1554, presidente do Concilio de Trento, escreveu:(Orchard s History Baptist, seção 12, parte 30, página 364) "Não fosse o fato de terem os batistas sido penosamente atormentados e apunhalados durante os doze últimos séculos e eles seriam mais numerosos mesmo que todos os que vieram da Reforma". Notem que a data é de 1554, ou seja, quase setenta anos a menos que os escritores errados afirmam o início da primeira igreja batista. Este bispo já chamava os anabatistas de batistas, e para ser bem sincero, é mesma coisa na prática religiosa. Sou batista porque? Porque batizo todas as pessoas que desejam fazer parte de uma igreja batista. Eles eram anabatistas porque? Porque rebatizavam os católicos. Não é de fato a mesma coisa? Outra coisa interessante dessa declaração (e é preciso lembrar que foi o presidente de um concílio católico que durou de 1545 até 1563) foi o fato de Hosius mencionar a data de quanto tempo eles já haviam sido perseguidos, ou seja, doze séculos antes desta data. Então, 1554, menos 1200 anos, é igual a 324, data do início da perseguição das igrejas fiéis (ou anabatistas) pelas igrejas infiéis ou erradas (os católicos). Note que ele não diz a data da origem dos batistas. Diz a data da origem da perseguição que eles sofreram. A data, como já dissemos, está primeiramente em Jesus, e depois na exclusão das igrejas infiéis em 225. O bispo Hosius também faz uma diferença clara entre "batistas" e os que "vieram da Reforma". Hosius sabia muito bem que os batistas não eram reformistas nem protestantes. Eram a igreja original, não poluída, não dividida, a verdadeira igreja do Nosso Senhor Jesus Cristo.
Moshein, um dos maiores escritores da história luterana, testifica: (Eccl. Hist. Cent. 16, secção 3, parte 2, capítulo III. Fuller Church History B.4) "Antes de se levantarem Lutero e Calvino, estavam ocultas, em quase todos os países da Europa, pessoas que seguiam tenazmente os princípios dos modernos Batistas Holandeses". "Vasto número dessa gente, em quase todos os países da Europa, preferiam perecer miseravelmente por afogamento, fogueira ou decapitação, do que renunciar as opiniões que abraçaram... É realmente verdade que muitos anabatistas foram mortos, não por serem maus cidadãos, nem membros malfazejos da sociedade civil, mas apenas por serem hereges incuráveis, condenados pelas antigas leis canônicas. Pois o erro de batismo de adultos era, naquela época, considerado uma ofensa terrível" Esta declaração é muito útil porque vem de um autentico protestante. Já que muitos gostam de afirmar que os batistas são protestantes, esse protestante, um luterano, está afirmando que os batistas já existiam antes de se levantarem Lutero e Calvino. Enciclopédia de Endinburg (autor presbiteriano). "Nossos leitores percebem agora que os batistas são a mesma seita dos cristãos que antes foram descritos como Anabatistas. Realmente parece ter sido o seu princípio dominante desde o tempo de Tertuliano até o presente". Apesar de chamar os batistas de "seita", este presbiteriano, querendo uma veracidade de datas em sua narração da origem dos batistas, não pode negar de onde eles surgiram, ou seja, das igrejas anabatistas. Ele é firme em afirmar que "são a mesma seita", para nós, a mesma igreja. Além do que ele data sua origem na pessoa de Tertuliano (160-230 d.C.). Essa é a data que este tratado dá para o aparecimento do primeiro grupo de anabatistas - os montanistas, em cerca de 160 (ver página 11 sobre os montanistas).
Sir Isaque Newton, 1710, escreveu. "Os batistas são o único corpo de cristãos que nunca tiveram similitudes com Roma". Este anglicano, um grande inventor, nada tem a ver com a história da religião. O que vale a pena ressaltar é a data de sua declaração e a firmeza em que ele separa os batistas como a única igreja que não saiu de Roma. Nessa época havia mais cinco denominações reconhecidas: Luteranos, Anglicanos, Congregacionais, Presbiterianos e Ortodoxos. Não existe dúvida. Os batistas são a continuação das igrejas fiéis (ou anabatistas) que excluíram as igrejas infiéis (ou católicas) em 225. Sua origem é esta. Somente os opositores, e os batistas ecumênicos, serão contrários a esta tão grande realidade.
Enciclopédia Britanica Barsa, relata: "Esse nome é uma forma abreviada da palavra anabatista. É um nome dado pelos seus adversários as várias seitas que negavam a validade dos batismo das crianças".
PERSEGUIÇÃO AOS BATISTAS
A história dos batistas é toda regada com o sangue dos seus mártires. Da mesma forma que seus antepassados, os mártires pós-apóstolicos, sofreram nas mãos do império e dos judeus, colocando-os nas prisões e nas arenas para serem engolidos pelos leões, e também seus antecessores, os anabatistas, sofreram toda sorte de atrocidades e torturas nas mãos dos católicos, os batistas sofreram horrores nas mãos dos católicos e protestantes por um longo período de tempo. Onde uma igreja batista era descoberta ou estabelecida, logo vinha a perseguição, e com ela a morte dos batistas.
A Perseguição na Inglaterra-Até o ano de 1534 a Inglaterra foi um país católico. A partir desta data, liderados pelo rei Henrique VIII, os ingleses passaram a ser protestantes, mais precisamente pertencentes a Igreja da Inglaterra, conhecida como Episcopal ou Anglicana. Os templos católicos tornaram-se templos anglicanos. Padres foram muitas vezes transformados em pastores. O batismo foi o mesmo dos católicos, infantil e por aspersão. Os batistas, vendo tanta coisa errada, nunca aceitaram a igreja anglicana como uma igreja de Jesus. Seus pastores batizavam todos os que vinham do catolicismo ou do anglicanismo. Isso pareceu ruim aos olhos do rei e dos pastores anglicanos. Por isso ficou resolvido pelos anglicanos que os batistas precisavam morrer. Muitos pastores e membros das igrejas batistas foram cruelmente mortos pela igreja anglicana. De 1534 até 1688 a igreja anglicana comandou o ato de intolerância contra as igrejas batistas. Foi nesta época que viveu John Bunyan. Neste período a perseguição era geral. As igrejas batistas não tinham o direito legal de existir, e quando descobertas, eram fechadas e destruídas. Não é por um acaso que muitas igrejas batistas, tanto na Inglaterra como no País de Gales, mudavam-se inteiramente para a América do Norte. A partir de 1688 foi permitido aos batistas realizarem seus cultos publicamente, sem é claro, atormentar a igreja anglicana. Isso era coisa impossível aos batistas. Como pregar Jesus sem mostrar o pecado? Como ensinar a Bíblia sem mostrar o erro? O ensinamento da Bíblia, foi, muitas vezes, o fator principal das perseguições contra os pastores batistas. Apesar dessa tolerância era negado aos batistas o direito de ter acesso a cargos públicos, bem como ao parlamento. Somente em 1818 foram os batistas munidos deste direito. Mesmo assim não eram considerados válidos o registro de nascimento (pois negavam dar suas criancinhas ao batismo anglicano), e o registro de casamento (pois não casavam-se diante de um pastor anglicano e numa igreja anglicana). A intolerância do registro de nascimento só foi revogada em 1836, e a de casamento em 1844. Porém ainda não podiam ser aceitos nas Universidades de Cambridge e Oxford. Até este tempo os filhos dos dissidentes não possuíam o direito de acesso em nenhuma das grandes instituições. O ato de libertação veio somente no ano de 1854. Alguns escritores tem revelado ao mundo um pouco das atrocidades sofridas pelos batistas nas mãos dos católicos e dos protestantes da Inglaterra. O Missionário W.C. Taylor relata no Manual das Igrejas Batistas, pg 149-151, que: "Desde o século XII até o século XVII, muitos batistas sofreram perseguição e morte por meio da fogueira, do afogamento, da decapitação, além de outros métodos, que algumas vezes importavam em torturas desumanas. E isso sofreram dos papistas como dos protestantes..." "Escreve Brande que: No ano de 1538, trinta e um batistas, que haviam fugido da Inglaterra, foram executados em Delf, na Holanda; os homens foram decapitados, e as mulheres foram afogadas (History of Reformers pg 303)..." "O bispo Latimer declara que: Os batistas que foram queimados em diferentes partes do reino, seguiam para a morte intrepidamente, sem qualquer temor, durante o tempo de Henrique VIII. (Neals History of Puritans, V. III, pg 356)..." "O Dr. Featley, um dos seus mais figadais inimigos, escreveu a respeito deles, em 1633: Essa seita, entre outras, até agora tem presumido da paciência do Estado, a ponto de organizar convenções semanais, rebatizar centenas de homens e mulheres juntos, de madrugada, em riachos, e em alguns braços do Tamisa e noutros lugares, imergindo-os completamente. Tem imprimido diversos panfletos em defesa de sua heresia; sim, e tem desafiado alguns de nossos pregadores a disputa. (Eng. Bapt. Jubilee Memor. Benedicts Hist. Baptist, pg 304)." Das muitas histórias de pastores e igrejas batistas perseguidos na Inglaterra durante os anos de 1534 a 1688, há uma que até hoje tem comovido o mundo todo. É a história do pastor John Bunyan, ganho para Cristo após o árduo trabalho de sua esposa (uma batista), que lhe trazia a Bíblia e livros para ler. Em 1653 ele batizado foi pela Igreja de Bedford. Desde então sua vida é um exemplo de fé e firmeza nas tribulações. O relato abaixo foi extraído do livro "A História das Religiões", de Cherles Francis Pother, páginas 468-469, de 1944: "Pregava havia já quatro anos quando Carlos II subiu ao trono na Inglaterra e restaurou o episcopalismo. Os pregadores puritanos teriam de conformar-se ou suspender os sermões. John Bunyan recusou-se a obedecer, sendo condenado a doze anos de prisão. Lograria a soltura em qualquer tempo desde que se comprometesse a não mais pregar, mas dizia com desassombro que, uma vez livre, pregaria na primeira oportunidade. Não o demoveu fome da esposa e dos filhos, sendo um deles uma menina, cega. Conseguiu ganhar algum dinheiro na cadeia fabricando cadarço compridos de fio de linho de pontas rematadas, os quais eram vendidos por sua filhinha cega. Até na prisão Bunyan pregava aos companheiros. Tinha consigo apenas dois livros: Livro dos Martires, de Fox, e a Bíblia. Veio então grande inspiração e escreveu O Peregrino. Promulgada a declaração de indulgencias, foi Bunyan posto em liberdade, e logo depois eleito pastor de sua velha igreja. Três anos depois a declaração foi renovada, voltando Bunyan para a prisão por ser pastor não conformista". John Bunyan não foi o único. Simplesmente é o mais conhecido. Antes de Bunyan muitos batistas padeceram o martírio. Tomas Hellys por exemplo, apenas três anos após a fundação da Igreja Batista de Spitalfields, em 1612, foi martirizado a mandato dos bispos anglicanos em 1615. John Smith, outro fundador de igrejas batistas, e um autentico anabatista por ter sido batizado na época em que as igrejas batistas ainda eram chamadas por esse epíteto, foi martirizado em 1612, apenas três anos após da fundação de sua primeira igreja. Edward Wightman, de Burton-sobre-o-Tento, condenado pelo bispo de Coventry, foi queimado em Litchfield, a 11 de Abril de 1612. Estes são alguns dos muitos casos de pastores ou membros batistas mortos por católicos e protestantes.
A Perseguição na Nova Inglaterra (Estados Unidos).Como as perseguições na Inglaterra estavam aumento no período de 1534 a 1688, foi o jeito de muitos anabatistas-batistas deixarem este país e rumarem para os Estados Unidos. Viam na América uma nova Canaã. E acertaram. Muitos pastores pregavam a emigração em massa. Igrejas inteiras foram transferidas da Inglaterra e do País de Gales para os Estados Unidos. O primeiro grupo de batistas a emigrarem ainda eram conhecidos como anabatistas. Veja o relato do livro "A História das Religiões" página 489: "Um outro grupo correu para Providence, logo nos primórdios da existência deste centro, não só foi bem acolhido por Roger Williams, como logrou sua adesão. Este grupo era o dos Anabatistas, ou como são mais conhecidos, batistas".Provavelmente esse grupo veio junto com os puritanos do Mayflower em 1620. Mas descobertos pelos puritanos de Boston foram expulsos de lá em pleno inverno rigoroso de 1638. Negavam-se a entregar suas crianças para o batismo infantil dos presbiterianos e dos congregacionalistas. Encontraram em Roade Island um abrigo para sua fé. Formaram uma igreja anabatista em Newport neste mesmo ano. No ano seguinte fundaram uma igreja batista em Providence. Tinham como pastor John Clark, um homem de princípios e verdadeiro baluarte da fé. Também é desta igreja o conhecido Obadias Holmes, que foi o sucessor de John Clark no ministério. O pastor J.M. Carrol, no seu livro O Rasto de Sangue, página 47, assim narra as perseguições sofridas por Holmes e seus companheiros diante da Igreja Congregacional em Massachussets Bay: "Com respeito às perseguições em algumas das colônias americanas vamos mencionar alguns exemplos. De certa feita, estava enfermo um dos membros da Igreja de John Clark. A família morava na Colônia e um pregador visitante de nome Crandall e um leigo de nome Obadias Holmes, foram visitar a família enferma. Enquanto eles estavam realizando um culto de oração com a família doente, um oficial ou oficiais da colônia prenderam-nos e mais tarde foram apresentados perante o tribunal para serem processados. Também está dito na história que para arranjar uma acusação mais forte contra eles, foram levados para uma reunião religiosa da Igreja Congregacional, tendo as mãos amarradas. A acusação deles foi a de não tirarem seus chapéus num serviço religioso. Todos foram processados e condenados. O governador Endicott está presente. Zangado disse a Clark, durante o julgamento: - Tendes negado o batismo infantil (isto não era acusação contra eles). - Mereceis morrer. Não quero um traste deste na minha jurisdição. Como pena deviam pagar uma multa ou serem açoitados. A multa de Crandall (o visitante) foi de cinco libras; A pena de Clark foi de 20 libras; A multa de Holmes (os registros dizem que ele foi congregacional antes de se tornar um batista) foi de 30 libras. As multas de Clark e Crandall foram pagas por amigos. Holmes recusou igual obséquio alegando que não havia errado, razão porque foi bastante chicoteado. Os arquivos dizem que ele se despira até a cintura e que foi açoitado (com chicote tipo especial) até que o sangue lhe cobriu as costas, descendo pelas pernas até lhe encher os sapatos! " O Dr. J.M. Carrol ainda relata outra história de perseguições sofridas pelos batistas na América, e desta feita o perseguido o pastor Jaime Ireland, página 49: "A Virgínia foi o segundo lugar no mundo onde a liberdade religiosa foi adotada, seguindo a Rhode Island. Mas isto foi um século mais tarde. Antes disto, cerca de trinta pregadores em tempos diferentes foram presos, tendo como única acusação contra si o fato de pregarem o Evangelho do Filho de Deus. Jayme Ireland é um exemplo. Ele foi preso... Depois disto os seus inimigos tentaram matá-lo a pólvora. Tendo falhado neste primeiro esforço quiseram sufocá-lo até a morte, usando enxofre, que ardia sob as janelas da prisão. Tendo falhado outra vez, tentaram envenená-lo com o auxílio de um médico. Tudo falhou. E Ireland continuou a pregar para o seu povo das janelas da prisão. Um muro foi construído em redor da cela para impedir que o povo o visse ou fosse visto por ele, mas esta dificuldade foi vencida. O povo amarrou um lenço à ponta de uma comprida vara a qual era levantada para mostrar a Ireland que todos estavam reunidos. As pregações continuaram." Hoje os Estados Unidos é o país mais evangelizado do mundo. Os batistas são o maior corpo denominacional do país, com milhões e milhões de adeptos esparramados em todo canto das terras americanas. Mas nem sempre foi assim. A liberdade aos batistas só veio em plena pujança no século XVIII. O Dr. J.M. Carrol traça um exemplo de como o Estado da Virgínia chegou dar liberdade religiosa aos batistas, página 49: "Em Virginia foi promulgada uma lei dando permissão aos municípios de terem um pastor batista, mas somente um. O pastor poderia pregar uma só vez de dois em dois meses. Mais tarde esta lei foi modificada permitindo a pregação uma vez cada mês. Mais ainda assim em um só lugar do Município e um único sermão naquele dia mas nunca pregado à noite. Outras leis foram passadas não somente na Virgínia, mas em outros lugares, proibindo qualquer trabalho missionário". Hoje muitos desprezam o sentido denominacional dos batistas. Eles se esquecem que se hoje a Bíblia pode ser lida com liberdade é fruto de um laborioso trabalho de persistência dos batistas, sim, daqueles pastores que deram seu sangue para podermos receber a Bíblia, o livre direito de culto e o correto ensino das escrituras. Dependesse de Calvino e Lutero estaríamos presos às correntes da escravidão protestante que varreu o norte da Europa. Dependesse do catolicismo estaríamos presos às correntes da escravidão e idolatria que sempre habitou no Sul da Europa e de lá foi transportada para as Américas.
O TRABALHO MISSIONÁRIO DOS BATISTAS
Não podemos chamar a vinda dos batistas ingleses para a América como uma obra missionária. Podemos chamá-la de uma emigração. Dois fatores contribuíram para uma demora de uma organização missionária dos batistas. Primeiro que a Inglaterra era um país com grande influencia no mundo. Aparentemente isso poderia ajudar na obra missionária dos batistas. Mas é só nas aparências. Sua influencia podia ajudar os anglicanos e posteriormente os metodistas. Já os batistas não impunham a sua fé a ninguém. Aos batistas importava propor e não impor o evangelho aos países conquistados pelos ingleses. Devido a antipatia dos morados nativos pelos ingleses as missões tipo da dos batistas era muito difícil. O segundo fator era a pobreza que pairava nas igrejas batistas. Com seus direitos civis cassados a maioria dos seus membros era gente pobre e humilde. Mesmo assim, enfrentando todos estes obstáculos, cabe aos batistas o troféu de serem a primeira denominação cristã a enviar um missionário na Era Moderna.
10º CAPÍTULO X IGREJA PENTECOSTAL ANABATISTA
Atualmente o termo ANABATISTA, que tem um grande peso devido aos valores defendidos por aqueles que em sua época, ao serem iluminados pelo Espírito Santo, guardaram sua fé até a morte, surge mais uma vez através da denominação evangélica nascida no Rio de Janeiro, a Igreja Pentecostal Anabatista.Uma denominação que tem por doutrina, ou seja, baseia seus ensinamentos, unicamente na Palavra de Deus, acolhendo todos que são enviados por Deus e adentram por suas portas, a abraçarem a fé comum em Cristo Jesus, para assim alcançar a salvação.Porque a salvação é o tema base das pregações, uma vez que se entende que para isto Jesus veio ao mundo, e que este seja o objetivo (plano) de Deus para com os homens. E, segundo seus princípios doutrinários, o indivíduo deve travar uma luta contra os rudimentos que traz do mundo buscando se espelhar na pessoa de Cristo para trazer à vida um novo homem, que é segundo a vontade de Deus.Seus cultos são ministrados por membros assíduos que compõem o ministério da igreja e, principalmente pelos pastores ou missionários, dirigentes das igrejas. O ministério é composto por pastores, evangelistas, missionários, diáconos e profetas. No decorrer dos cultos são proferidas mensagens de revelação pelo Espírito Santo, onde Deus revela os segredos de muitas corações, convencendo àqueles presentes e confirmando a sua Palavra, estas mensagens são entregues pelos profetas que compõem o ministério quando inflamados pelo Espírito do Senhor.Esta denominação jovem vem crescendo bastante, ano a ano novos templos são erguidos e as fronteiras nacionais vem sendo ultrapassadas. Até dezembro de 2004 estavam confirmados diversos templos também em São Paulo e Minas Gerais.
HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ
INTRODUÇÃO
A Igreja Cristã nasceu no momento em que Jesus convocou Seu primeiro discípulo para a obra de Deus (ver Jo 1.35-51). Jesus chamava, e as pessoas vinham se agregar ao Grupo Santo. A história da vida do Mestre nós bem a conhecemos, através dos Evangelhos e demais livros do Novo Testamento. Mas, o que aconteceu quando o Cabeça da Igreja deixou este mundo? Atos 1.6-12 nos fala da ascensão do Senhor e nos reporta que a Igreja perseverava unânime em oração. Ora, sabemos que é impossível buscar a presença do Senhor sem a ação do Espírito. O Evangelho de João nos diz que o Espírito já havia sido dado aos discípulos antes do Pentecoste, diretamente por Jesus ressurreto (Jo 20.22). Sob o poder e ação do Espírito esses mesmos discípulos escolheram Matias, como substituto para Judas Iscariotes, o traidor. Cinqüenta dias depois da Páscoa, na festa do Pentecoste, o Espírito foi outorgado à Igreja de maneira plena, para não somente conduzi-la à Salvação e à Glória com o eterno Pai, mas, sobretudo, lhe dar poder para testemunhar de Cristo. A História da Igreja Cristã se divide, pois, em dois períodos aparentemente distintos, mas, na realidade, praticamente não há diferença entre eles. O primeiro nos fala dos atos de Jesus e de Seus seguidores, até o dia em que Ele foi elevado às alturas (At 1.2). Sem que houvesse descontinuidade, no segundo período, Jesus age através do Espírito Santo. É isso que Lucas quis dizer na introdução ao livro de Atos. O Pentecoste foi o cumprimento da Promessa, conforme o relato do mesmo Lucas, em seu Evangelho (Lc 24.49). A Igreja, que já era nascida do Espírito, recebeu a Sua plenitude, o "batismo de poder" de que nos falam os pais reformados. Tinha o Espírito, orou unânime, e o Espírito foi derramado em Sua plenitude. O Pentecoste nos mostra quão grandiosa é a bênção decorrente de uma Igreja unânime em oração. Milhares foram batizados, a Igreja cresceu, prosperou e testemunhou de Cristo: em Jerusalém, na Judéia e Samaria e até os confins da terra, conforme a promessa de Jesus em At 1.8. Às vezes, no curso da História da Igreja, houve momentos em que nos é difícil ver a ação do Espírito Santo de Deus. Em alguns períodos parecerá que toda a Igreja abandonou por completo a fé bíblica. Contudo, devemos nos lembrar que a História da Igreja é também a história dos atos de pessoas pecadoras como nós e, se abrirmos bem os nossos olhos, e olharmos para a História com os óculos da fé, veremos que, nos momentos mais escuros da história eclesiástica, nunca faltaram aqueles que preservaram a chama santa e ajudaram a conduzir a Igreja no caminho certo. E dentre os que preservaram a fé certamente estão inseridos os reformadores do século XVI. No início do século XIV, apesar das vozes de protesto dos verdadeiros crentes, a liderança da Igreja Romana teimava em manter a Arca da Fé fora dos rumos estabelecidos pelas Sagradas Escrituras. Diante de tal situação, surgiram vozes de protesto, propugnando por uma reforma na Igreja. Essas vozes ou foram insuficientes ou foram caladas pela fogueira. Mas o Deus Todo-Poderoso, por sua Providência, tal como já havia operado por ocasião da vinda de Cristo, criou as condições necessárias para que a Reforma pudesse subsistir. Assim é, como diz João Calvino no livro IV das Institutas, quando necessário, Deus pode suscitar apóstolos e evangelistas para intervir soberanamente na vida da Igreja. Para Calvino, o grande reformador Martinho Lutero é um exemplo típico de apóstolo de Jesus Cristo, e através de quem a pureza do Evangelho recuperou a sua honra. Lutero, em 1505, com 22 anos, resolveu tornar-se um monge agostiniano. Sua justificativa para tal ato foi a de que o caminho mais adequado para a salvação era através da vida monástica. Mas, no convento, Lutero não encontrou a paz de espírito desejada. O sentimento de culpa pelo pecado e a sensação de estar sempre debaixo da ira divina fez com que ele se excedesse em jejuns, vigílias e flagelações; além do quê, procurava seu confessor a toda hora. Em 1512, para tentar minorar a angústia do futuro reformador, seu superior, Staupitz, mandou que ele fosse lecionar Filosofia e Teologia na nova universidade de Wittenberg, recebendo, para o exercício do cargo, o título acadêmico de doutor em teologia. No ano seguinte, enquanto lia a Carta aos Romanos, Lutero deparou-se com o texto "O justo viverá por fé" (Rm 1.17 b) e concluiu que a "justiça de Deus" não se refere ao fato de que Deus castigue os pecadores; mas, que a justiça do justo não é obra sua, mas um dom ou dádiva de Deus. O crente vive pela fé, não porque seja justo em si mesmo, ou porque cumpra as exigências da justiça divina, mas porque Deus lhe dá esse dom. A fé não é uma qualidade do homem, pela qual ele mereça uma recompensa da parte de Deus. A justificação pela fé, pela qual o homem recebe o perdão gratuito de Deus, não pressupõe a indiferença de Deus diante do pecado. Pelo contrário, Deus é santo, e o pecado lhe causa repugnância. O cristão é, ao mesmo tempo, justo e pecador. Ele não deixa de ser pecador quando é justificado. Pelo contrário, quem recebe a justificação pela fé descobre, em si mesmo, o quanto é pecador, e não por ser justificado é que deixa de pecar. Finalmente, a justificação não é ausência do pecado, mas o fato de que Deus nos declara justos ainda que em meio ao nosso pecado. Esta é a verdade da justificação pela fé; e contra esta verdade, e acima dela, pairava o ensino da igreja romana que o homem pode alcançar a salvação pelas obras. Nessa época, Lutero ainda não tinha percebido que sua grande descoberta se opunha a todo o sistema de penitências da Igreja Católica. Por mais de quatro anos, Lutero trabalhou em Wittenberg sem romper com a igreja. Até que, em 1517, apareceu, nas cercanias da cidade, um homem chamado João Tetzel, enviado para vender indulgências emitidas pelo papa. Tetzel afirmava, entre outras coisas, que os aqueles que comprassem as indulgências por ele vendidas, ficariam mais limpos que Adão antes de pecar. Essas indulgências, em última análise, ofereciam diminuição das penas do purgatório, até para os parentes já mortos ("tão pronto a moeda caísse no cofre, a alma saía do purgatório"). Ao saber do fato, Lutero se indignou, uma vez que o tráfico das indulgências estava desviando o povo do ensino a respeito de Deus e do pecado, enfraquecendo seriamente a vida moral do povo. Decidiu, então, enfrentar tão grande erro e abuso. Nas universidades medievais, era costume apor-se, em lugares públicos, a defesa ou ataque de certas opiniões. Esses escritos eram chamados de "teses", nas quais se debatiam as idéias e se convidavam todos os interessados para uma discussão acadêmica. No dia 31 de outubro de 1517, véspera do dia de Todos os Santos, quando muita gente comparecia à igreja do castelo de Wittenberg, Lutero afixou, nas portas dessa igreja, 95 teses que deviam servir de base para um debate acadêmico, onde atacou principalmente a prática das indulgências, declarando que estas não tinham poder para remover a culpa ou afetar a situação das almas no purgatório; e que o cristão arrependido tinha o perdão vindo diretamente de Deus. Segundo Lutero, se era verdade que o papa tinha poderes para tirar uma alma do purgatório, ele tinha que utilizar esse poder, não por razões triviais como a necessidade de fundos para construir uma igreja, mas simplesmente por amor, e assim fazê-lo gratuitamente (tese 82). A venda de indulgências que Lutero atacou havia sido autorizada pelo papa, em troca de que a metade do produto fosse enviada para os cofres da Igreja. Com esse dinheiro, o papa Leão X sonhava com o término da Basílica de São Pedro. Sobre este assunto Lutero ainda declarou: "... o certo é que o papa deveria dar o seu próprio dinheiro aos pobres de quem os vendedores de indulgências tiravam, mesmo que para isso tivesse que vender a Basílica de São Pedro" (tese 51). A grande basílica, que é hoje o orgulho da Igreja romana, foi uma das causas indiretas da reforma protestante. As teses negavam, ainda, o pretenso poder de a igreja de ser mediadora entre o homem e Deus e de conferir perdão aos pecadores. A resposta da Igreja Romana foi rápida e violenta, visto que Lutero havia mexido em uma das maiores fontes de receita da Igreja. Diante das teses e da repercussão que elas alcançaram, o papa intimou Lutero a comparecer a Roma para se justificar. Ora, isso significaria morte certa. Lutero não escaparia da fogueira. Por providência divina, o Eleitor da Saxônia protegeu seu súdito, ordenando que o caso fosse discutido na Alemanha. No debate que se seguiu, Lutero foi mais longe ainda, declarando que o papa não tinha autoridade divina e que os concílios eclesiásticos não eram infalíveis. Essas afirmações configuraram um rompimento definitivo com a Igreja Católica Romana. Aberta assim a luta, o Reformador prosseguiu sem temor, agindo com muita rapidez. O que mais chocou a Igreja Católica foi sua afirmativa de que nem o papa, nem os sacerdotes tinham poderes sobrenaturais. Ora, caso essa idéia encontrasse apoio e adesão, a Igreja sofreria um tremendo golpe em sua autoridade. E Isso aconteceu. Essa é a razão pela qual Lutero é, ainda hoje, considerado, por alguns setores mais ortodoxos da Igreja Católica, como o herege destruidor da unidade da Igreja, um javali selvagem que penetrou na vinha do Senhor (bula "exsurge domine). Lutero passou então a provar que todos os cristãos são sacerdotes, tendo acesso à presença de Deus mediante a fé em Cristo. Negou que somente o papa pudesse interpretar as Escrituras. Estas, disse ele, podiam ser interpretadas por qualquer crente sincero. Em vista de suas afirmações, o povo viu que qualquer pessoa podia ser verdadeiramente cristã sem ter a necessidade de prestar obediência ao papa. Como era de se esperar, Lutero foi excomungado pelo papa, mas esse ato só seria tornado efetivo após a aprovação pelo parlamento alemão, chamado"Dieta", que foi convocado para se reunir, em 1521, na cidade de Worms. Na Dieta, Lutero foi instado pelo imperador a se retratar de seus atos e livros que escrevera, ao que respondeu: "É impossível retratar-me, a não ser que me provem que estou errado, pelo testemunho das Escrituras... Minha consciência está alicerçada na Palavra de Deus. Assim Deus me ajude. Amém". Diante das palavras de Lutero, houve grande confusão. De um lado, os partidários do papa, que gritavam: "à fogueira com ele"; e de outro, seus compatriotas alemães fizeram um escudo humano para protegê-lo, retirando-o do ambiente. O Parlamento decretou Lutero fora da lei e a destruição de seus escritos, mas os alemães o protegeram, escondendo-o em um castelo amigo. Durante o período em que esteve recluso, Lutero aproveitou para traduzir a Bíblia para o alemão, cujas cópias foram colocadas nos bancos das igrejas. Os dotes musicais de Lutero o impeliram a redigir, baseado no salmo 46, a letra daquele que viria a ser o hino da Reforma: "Castelo Forte é o Nosso Deus" Lutero fez da Palavra de Deus o ponto de partida e a autoridade final de sua teologia. Como professor das Sagradas Escrituras, a Bíblia tinha para ele grande importância. A Palavra de Deus, na realidade, transcendia o revelado na Bíblia, pois ela é nada menos que Deus mesmo, a segunda pessoa da Trindade, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (Cf. Jo 1). Sim, essa Palavra se encarnou em Jesus Cristo, que, por sua vez, é a revelação máxima de Deus e sua máxima ação. Em Jesus, Deus se nos deu a conhecer e, como Cristo, venceu os poderes do maligno, que nos sujeitavam. A revelação de Deus é também a vitória de Deus. A Bíblia é, então, a Palavra de Deus porque nela Jesus Cristo chega até nós. Para Lutero, a autoridade final está no Evangelho, na mensagem de Jesus Cristo, que é a Palavra de Deus encarnada. Visto que a Bíblia dá um testemunho mais fidedigno desse Evangelho do que a igreja corrompida do papa, a Bíblia tem autoridade sobre a Igreja. A teologia de Lutero nos diz ainda que é possível ter certo conhecimento de Deus por meios puramente racionais ou naturais. Este conhecimento permite ao ser humano saber que Deus existe, e distinguir entre o bem e o mal. Porém, esse não é o verdadeiro conhecimento de Deus. A Deus não se conhece como quem usa uma escada para subir ao telhado. Todos os esforços da mente humana para elevar-se ao céu e conhecer a Deus são totalmente inúteis. Esses esforços nos conduzem à teologia da Glória. Tal teologia pretende ver Deus como ele é, em sua própria glória, sem ter em conta a enorme distância que separa o ser humano de Deus. O que a teologia da glória faz, no final das contas, é pretender ver a Deus naquelas coisas que nós humanos consideramos mais valiosas e, portanto, fala do poder de Deus, da glória de Deus, da bondade de Deus. Porém, tudo isto não é mais do que fazer Deus à nossa própria imagem e pretender que Deus seja como nós mesmos desejamos que Ele seja. O fato é que Deus, em Sua revelação, se nos dá a conhecer de um modo muito distinto. A suprema revelação de Deus tem lugar na cruz de Cristo e, portanto, em lugar da teologia da glória, é necessário que o crente siga o caminho da teologia da cruz. O que essa teologia busca é ver Deus, não onde nós queremos vê-Lo, nem como nós desejamos que Ele seja, mas sim onde Deus se revela, e como Ele mesmo se revela, isso é, na cruz. Ali, Deus se manifestou na debilidade, no sofrimento e no escândalo. Ou seja, Deus atua de modo radicalmente distinto do que se poderia esperar. Deus, na cruz, destrói todas as nossas idéias pré-concebidas da glória divina. Apesar de seu protesto contra as doutrinas comumente aceitas, e de sua rebeldia contra as autoridades da igreja romana, Lutero sempre pensou que a Igreja era parte essencial da religião cristã, repetindo o aforismo de Cipriano de Cartago (Extra ecclesia, nula salus – fora da igreja, não há salvação). Em sua eclesiologia, a communio sanctorum ou comunhão dos santos, preconizada pelo Credo dos Apóstolos, não contemplava apenas uma comunhão direta do indivíduo com Deus, mas uma vida cristã no meio de uma comunidade de fiéis. Lutero também combateu o clericalismo na Igreja, pois a Escritura diz que todos os cristãos são sacerdotes (cf. 1 Pe 2.9), podendo, assim, comunicar-se, pela oração, diretamente com o Criador. Mas, isto não quer dizer que cada crente deva isolar-se em si mesmo; pois o ser sacerdote não contempla somente uma relação interpessoal homem-Cristo. O sacerdócio do crente é universal, ou seja, cada crente é sacerdote de seu irmão, estando capacitado a se apresentar diante de Deus para orar por seus irmãos em Cristo e para lhes ensinar as maravilhas do Evangelho. Este sacerdócio comum de todos em benefício de todos une a igreja, pois nenhum cristão pode dizer que é cristão sem aceitar a honra e a responsabilidade do sacerdócio. Mas, em contraposição ao citado benefício e privilégio, há a responsabilidade e o serviço decorrente. A unidade e igualdade em Cristo devem ser demonstradas pelo amor mútuo e cuidado de uns pelos outros. Isso implica que ninguém pode ser um cristão sozinho. Assim como uma pessoa não pode nascer de si mesmo ou se autobatizar, da mesma forma não se pode servir a Deus sozinho. Para quem estava acorrentado durante séculos, a liberdade tende a ser confusa e até certo ponto perigosa, porque as pessoas, de uma maneira geral, não têm a justa medida dos limites de sua própria liberdade, ou direito. E isso, na sociedade medieval, gerou muitos conflitos, alguns dos quais enfraqueceram politicamente a Reforma. Em 1529, tendo recebido reforços daqueles que desistiram, por medo, de apoiar a Reforma, reuniu-se, na cidade de Spira, nova Dieta, para deliberar sobre os últimos acontecimentos que agitavam a nação alemã. A maioria católica decidiu pelo impedimento de qualquer propaganda da Reforma. Contra isso, os do partido de Lutero protestaram, razão pela qual, daí por diante, os seguidores da Reforma são geralmente chamados de "Protestantes". No ano seguinte, em Augsburgo, os reformados luteranos expuseram sua teologia, através de uma Confissão, que é considerada a Carta Magna da Reforma Luterana, da qual.

podemos extrair cinco princípios básicos:
1) só a Escritura,
2) só a Fé,
3) só Cristo,
4) só a Graça e
5) Sacerdócio Universal.
A ordem conforme foram apresentados não indica uma maior importância de um sobre os demais, visto que cada um deles tem a ver com os desvios ou erros em que a Igreja Católica havia incidido ao longo de mil e quinhentos anos. A Dieta de Augsburgo deu um ultimato aos protestantes, o que valeu por uma declaração de guerra, que finalmente eclodiu em 1546, pouco depois da morte de Lutero, que faleceu aos sessenta e três anos. Ao olharmos para a Reforma com os olhos da fé e não com a ótica do século, como alguns líderes evangélicos hoje o fazem, à luz da influência de livros de história geral, os quais estão impregnados de doutrinas sociais e econômicas, a entendemos como tendo sido um movimento essencialmente religioso. Não há dúvida de que sempre houve uma semente santa na Igreja, mantida pelo Espírito Santo, o toco a que se refere o profeta Isaías (Is 6.13). Esse toco contém uma brasa eterna, o Corpo de Cristo. A Reforma foi um reavivamento dessa brasa, cuja chama de testemunho se espalhou por toda a terra. Mas uma coisa fica bem clara: a reforma não se produziu porque Lutero, Zuínglio e Calvino, os principais reformadores do século XVI, se propuseram a isso, mas porque chegou o momento oportuno de Deus. Hoje, nós, os filhos da Reforma, estamos comemorando 486 anos. Ao longo de nossa história houve momentos de plena obediência a Deus e Sua Palavra, assim como períodos de ênfase excessiva em valores puramente humanos. Épocas em que setores do protestantismo, por influência de doutrinas deletérias racionalistas, se afastaram dos ideais dos reformadores, a ponto de romper com uma das essências da fé cristã que é a crença na divindade de Cristo. Doutrinas estranhas à Palavra de Deus, à toda hora estão batendo à nossa porta. Cabe a nós, os atalaias da fé reformada, vigiar e orar, para que o inimigo de nossas almas não nos pegue desprevenidos e nos peneire. Nos dias atuais, mais do que nunca, é preciso que nos mantenhamos fiéis ao aforismo de autoria do reformado holandês Gisbertus Voetius, à época do Sínodo de Dort: "Ecclesia reformata, semper reformanda", que muitos têm traduzido equivocadamente, mas que quer dizer: Igreja Reformada sempre se mantendo fiel aos princípios da Reforma. Que as comemorações do dia da Reforma nos façam sempre relembrar que ela, à luz da Palavra de "Deus, estabeleceu princípios, não costumes, e que esses princípios não podem nem dever ser levianamente considerados pela igreja que se diz reformada. Mantenhamos, pois, a sã doutrina dos reformadores, reverenciando aqueles apóstolos de Jesus Cristo, por meio de quem a pureza do Evangelho recuperou a sua honra.
SUPLEMENTO TEOLÓGICO SOBRE A HISTÓRIA DA IGREJA
O panorama que se nos apresenta no cenário religioso moderno seja talvez uma das muitas razões que nos levou a fazer um acurado e profundo estudo da Igreja do Novo Testamento, assim como o seu posterior desenvolvimento histórico.
Portanto são dois assuntos de importância:
(1) A forma e modelo da Igreja do Novo Testamento e...
(2) Seu posterior desenvolvimento dentro da história.
E nesse estudo histórico comprovamos, com surpresa, que já a partir do segundo século a grande maioria da Igreja trilhou o caminho da apostasia. Era, sem lugar a dúvidas, as palavras do apóstolo Paulo que estavam tendo seu cumprimento: “Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vos mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles”. Atos 20:29-30.Todo historiador que procura pesquisar os primeiros 500 anos da Igreja concorda com o fato de que realmente aconteceu esse lamentável quadro de apostasia e desvio da verdade. Estes eventos históricos devem ser sucessivamente colocados diante do povo honesto, para que Deus, de alguma maneira, através do ensino desses tristes fatos possa mover o coração de alguns para corrigir os desvios, endireitar as veredas e se esforçar na restauração. Uma lembrança que a Bíblia insiste em fazer: "Lembra-te dos dias da antigüidade, atenta para os anos de muitas gerações: pergunta a teu pai e ele te informará, aos teus anciãos e eles te dirão" - Deuteronômio 32:7. Devemos voltar ao passado para examinar acuradamente os fatos e assim comprovar como eram os acontecimentos reais, e aprender com os apóstolos como era a Igreja que Jesus fundou. Um longo e exaustivo trabalho poderia ser apresentado usando o grande acervo de documentos em nossos arquivos, mas isso seria cansativo e erudito demais. Um trabalho, quem sabe, de uma tese posterior. O propósito, portanto, desta disciplina é outro, é apresentar, uma síntese, um resumo dos fatos principais, retendo as idéias básicas. Tendo em vista apresentar de forma clara os fatos como eles são, sem procurar encobrir a verdade por mais dura e triste que seja. O plano e estrutura desta disciplina:O plano desta disciplina é fácil de se ver. Ele é dividido em três partes, cada uma desenvolvendo um tema determinado e específico, o que facilita o estudo individual ou em grupo. Pensamos fazer assim, pois, é importante o estudo e a compreensão de uma parte para logo em seguida passar para a segunda parte. O desejo do autor: É o desejo do autor que esta disciplina desperte a consciência espiritual de alguns para a grande necessidade de voltar às origens do Evangelho simples, humilde e transformador que era ensinado e pregado nos primórdios da fé. Desejamos que estas linhas sejam para o seu estudo, orientação e crescimento na Palavra de Deus. Uma vez que desejamos apresentar apenas a verdade contida nas Sagradas Escrituras. Acreditamos ser a Bíblia a autêntica Palavra de Deus, a qual foi escrita para nosso conhecimento e aperfeiçoamento na fé, conforme afirmam as seguintes passagens: “Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu nome”. João20:30-31. “Fiel é a Palavra e digna de inteira aceitação”. 1ª Timóteo 4:9. A mensagem de Deus está completa na Bíblia e nos fornece todo o necessário para nossa vida e salvação. Não precisamos de qualquer revelação ou nova doutrina, senão unicamente as diretrizes de Cristo e dos apóstolos. Algumas considerações que são importantes em relação com a Igreja. Em primeiro lugar faremos uma breve resenha do Império Romano, pois foi neste cenário histórico que a Igreja se desenvolveu, estudamos alguma coisa também das leis e processos da legislação romana para compreender melhor o julgamento ao qual Jesus foi submetido e as razões pelas quais a igreja foi perseguida pelo Império.
1. 0 que conhecemos hoje como "Cristianismo" ou religião cristã começou com Cristo entre os anos 25 e 30 da nossa era, dentro dos limites do Império Romano. Este foi um dos maiores impérios que o mundo tem conhecido em toda a sua história.
2. O Império Romano abrangia quase a totalidade do mundo conhecido e habitado. Nessa época Tibério César era o seu imperador.
3. Quanto à religião o Império Romano era pagão. Tinha uma religião politeísta, isto é, de muitos deuses. Alguns eram deuses que representavam as forças da natureza e outros deuses eram imaginários. Havia muitos devotos e adoradores desses deuses. Não era simplesmente uma religião do povo, mas também do Império. Era uma religião oficial. Estabelecida pela lei e protegida pelo governo. Apresentamos a seguir uma síntese do Império Romano, para um panorama bíblico que fornece dados históricos e culturais para compreender o ambiente em que se desenvolveu a Igreja.
IMPÉRIO ROMANO
(27 a.C. a 476 d.C.) Depois de um século de lutas civis, o mundo romano estava desejoso de paz. Octavius Augustus se encontrou na situação daquele que detém o poder absoluto num imenso império com suas províncias pacificadas e em cuja capital a aristocracia se encontrava exausta e debilitada. O Senado não estava em condições de opor-se aos desejos do general, detentor do poder militar. A habilidade de Augustus - nome adotado por Octavius em 27 a.C. - consistiu em conciliar a tradição República de Roma com a de monarquia divinizada dos povos orientais do império. Conhecedor do ódio ancestral dos romanos à instituição monárquica, assumiu o título de imperador, por meio do qual adquiriu o Imperium, poder moral que em Roma se atribuía não ao rei, mas ao general vitorioso. Sob a aparência de um retorno ao passado, Augustus orientou as instituições do estado romano em sentido oposto ao republicano. A burocracia se multiplicou, de forma que os senadores se tornaram insuficientes para garantir o desempenho de todos os cargos de responsabilidade. Isso facilitou o ingresso da classe dos cavaleiros na alta administração do império. Os novos administradores deviam tudo ao imperador e contribuíam para fortalecer seu poder. Pouco a pouco, o Senado - até então domínio exclusivo das antigas e grandes famílias romanas - passou a admitir italianos e, mais tarde, representantes de todas as províncias. A cidadania romana ampliou-se lentamente e somente em 212 d.C. o imperador Marcus Aurelius Antoninus, dito Caracalla, reconheceu todos os súditos do império. O longo período durante o qual Augustus foi senhor dos destinos de Roma, entre 27 a.C. e 14 d.C., caracterizou-se pela paz interna (Pax Romana), pela consolidação das instituições imperiais e pelo desenvolvimento econômico. As fronteiras européias foram fixadas no Reno e no Danúbio, completou-se a dominação das regiões montanhosas dos Alpes e da Península Ibérica e empreendeu-se a conquista da Mauritânia. Imperador Octavius Augustus. O maior problema, porém, que permaneceu sem solução definitiva, foi o da sucessão no poder. Nunca existiu uma ordem sucessória bem definida, nem dinástica nem eletiva. Depois de Augustus, se revezaram no poder diversos membros de sua família. A história salientou as misérias pessoais e a instabilidade da maior parte dos imperadores da Dinastia Julius-Claudio como Caius Julius Caesar Germanicus, Calígula, imperador de 37 a 41 d.C., e Nero, de54 a 68 d.C. É provável que tenha havido exagero, pois as fontes históricas que chegaram aos tempos modernos são de autores que se opuseram de frente a tais imperadores. Mas se a corrupção e a desordem reinavam nos palácios romanos, o império, solidamente organizado, parecia em nada se ressentir. O sistema econômico funcionava com eficácia, registrava-se uma paz relativa em quase todas as províncias e além das fronteiras não existiam inimigos capazes de enfrentar o poderio de Roma. Na Europa, Ásia e África, as cidades, bases administrativas do império, cresciam e se tornavam cada vez mais cultas e prósperas. As diferenças culturais e sociais entre as cidades e as zonas rurais que as cercavam eram enormes, mas nunca houve uma tentativa de diminuí-las. Ao primitivo panteão romano juntaram-se centenas de deuses e, na religião como no vestuário e em outras manifestações culturais, difundiram-se modismos Egípcios e Sírios. A partir de suas origens obscuras na Judéia, o cristianismo foi-se aos poucos propagando por todo o império, principalmente entre as classes baixas dos núcleos urbanos. Em alguns momentos, o rígido Monoteísmo de Judeus e cristãos se chocou com as conveniências políticas, ao opor-se à divinização, mais ritual que efetiva, do imperador. Registraram-se então perseguições, apesar da ampla tolerância religiosa de uma sociedade que não acreditava verdadeiramente em nada. O império romano só começou a ser rígido e intolerante em matéria religiosa depois que adotou o cristianismo como religião oficial, já no século IV. O século II, conhecido como o Século dos Antoninus, foi considerado pela historiografia tradicional como aquele em que o Império Romano chegou a seu apogeu. De fato, a população, o comércio e o poder do império se encontravam em seu ponto máximo, mas começavam a perceber-se sinais de que o sistema estava à beira do esgotamento. A última grande conquista territorial foi a Dácia e na época de Trajanus (98-117 d.C.) teve início um breve domínio sobre a Mesopotâmia e a Armênia. Depois dessa época, o império não teve mais forças para anexar novos territórios. A da causa da decadência de Roma. Apesar da paz interna e da criação de um grande mercado comercial, a partir do século II não se registrou nenhum desenvolvimento econômico e provavelmente também nenhum crescimento populacional. A Itália continuava a registrar uma queda em sua densidade demográfica, com a emigração de seus habitantes para Roma ou para as longínquas províncias do Oriente e do Ocidente. A agricultura e a indústria se tornavam mais prósperas quanto mais se afastavam da capital. No fim do século II, começou a registrar-se a decadência. Havia um número cada vez menor de homens para integrar os exércitos, a ausência de guerras de conquista deixou desprovido o mercado de escravos e o sistema econômico, baseado no trabalho da mão-de-obra escrava, começou a experimentar crises em conseqüência de sua falta, já que os agricultores e artesãos livres haviam quase desaparecido da região ocidental do império. Nas fronteiras, os povos bárbaros exerciam uma pressão crescente, na tentativa de penetrar nos territórios do império. Mas se terminaram por consegui-lo, isso não se deveu a sua força e sim à extrema debilidade de Roma. O século III viu acentuar-se o aspecto Militar dos Imperadores, que acabou por eclipsar todos os demais. Registraram-se diversos períodos de anarquia militar, no transcurso dos quais vários imperadores lutaram entre si devido à divisão do poder e dos territórios. As fronteiras orientais, com a Péseia, e as do norte, com os povos germânicos, tinham sua segurança ameaçada. Bretanha, Dácia e parte da Germânia foram abandonadas ante a impossibilidade das autoridades romanas de garantir sua defesa. Cresceu o banditismo no interior, enquanto as cidades, empobrecidas, começavam a fortificar-se, devido à necessidade de defender-se de uma zona rural que já não lhes pertencia. O intercâmbio de mercadorias decaiu e as rotas terrestres e marítimas ficaram abandonadas. Um acelerado declínio da população ocorreu a partir do ano 252 d.C., em conseqüência da peste que grassou em Roma. Os imperadores Aurelianus, regente de 270 a 275 d.C., e Diocletianus, de 284 a 305 d.C., conseguiram apenas conter a crise. Com grande energia, o último tentou reorganizar o império, dividindo-o em duas partes, cada uma das quais foi governada por um Augusto, que associou seu governo a um Caesar (César), destinado a ser o seu sucessor. Mas o sistema da Tetrarquia não deu resultados. Com a abdicação de Diocletianus, teve início uma nova guerra civil. Constantino I favoreceu o cristianismo, que gradativamente passou a ser adotado como religião oficial. O desgaste do mundo romano era tal que a antiga divisão administrativa se transformou em divisão política a partir de Theodosius, imperador de 379 a 395 d.C. O último a exercer sua autoridade sobre todo o império. Este adotou a Ortodoxia Católica como religião oficial, obrigatória para todos os súditos, pelo edito de 380 d.C. Theodosius I conseguiu preservar a integridade imperial tanto ante a ameaça dos bárbaros quanto contra as usurpações. No entanto, sancionou a futura separação entre o Oriente e o Ocidente do império ao entregar o governo de Roma a seu filho Honorius, e o de Constantinopla, no Oriente, ao primogênito, Arcadius. A parte oriental conservou uma maior vitalidade demográfica e econômica, enquanto que o império ocidental, no qual diversos povos bárbaros efetuavam incursões, umas vezes como atacantes outras como aliados, se decompôs com rapidez. O rei godo Alarico saqueou Roma no ano 410 d.C. As forças imperiais, somadas às dos aliados bárbaros, conseguiram, entretanto uma última vitória ao derrotar Átila nos Campos Catalaúnicos, em 451 d.C. O último imperador do Ocidente foi Romulus Augustus, deposto por Odoacrus no ano 476d.C., data que mais tarde viria a ser vista como a do fim da antigüidade. O império oriental prolongou sua existência, com diversas vicissitudes, durante um milênio, até a conquista de Constantinopla pelos Turcos, em 1453.
AS DINASTIAS E OS IMPERADORES DE ROMA DINASTIA DOS JULIUS E CLAUDIUS (27 a.C. a 68 d.C.)
DINASTIA DOS FLAVIUS E ANTONINUS(68 a 193 d.C.)
DINASTIA DOS SEVERUS(193 a 235 d.C.)
IMPERADORES MILITARES E USURPADORES(235 a 284 d.C.)
TETRARQUIA(284 a 307 d.C.)
CASA DE CONSTANTINUS I O GRANDE(307 a 392 d.C.)
CASA DE THEODOSIUS I E FIM DO IMPÉRIO(392 a 476 d.C.)
DIREITO ROMANO: "AÇÕES DA LEI"
INTRODUÇÃO.
Três períodos abrangeram a história do processo civil romano, compreendendo cada um seu sistema processual típico:
1º. Processo das ações da lei.
2º. Processo formulário.
3º. Processo extraordinário.
Essa delimitação é apenas convencional, pois apesar das três fases específicas e distintas, em momentos de mudança, coexistiram dois sistemas processuais diferentes até que o mais antigo caísse em desuso. Em nosso estudo abordaremos o sistema das ações da lei, utilizado no direito pré-clássico. Porém, antes disso, a fim de um melhor entendimento da matéria, faz-se necessário o conhecimento de alguns conceitos e da evolução histórica do processo civil romano.
PROCESSO CIVIL ROMANO.
O Processo civil romano (Jus actionum) era o conjunto de regras que o cidadão romano deveria seguir para realizar seu direito. Para os romanos o vocábulo Jus encerrava, também, o sentido que os modernos emprestam a direito subjetivo, ou seja, faculdade ou poder permitido e garantido pelo direito positivo. O direito subjetivo é tutelado pela ação (actio) que, no sentido restrito que ainda hoje lhe atribuem, nada mais é do que atividade processual mediante a qual o particular procura concretizar a defesa dos direitos, pondo em movimento o aparelho judiciário do Estado. Para isso executa uma série de atos jurídicos ordenados, o processo. Direito e ação eram conceitos estritamente conexos no sistema jurídico romano. O romano concebia e enunciava o direito mais sob o aspecto processual que material. Durante toda a época clássica, o direito romano era mais um sistema de actiones e de meios processuais do que de direitos subjetivos. Hoje, temos um conceito genérico de ação; em Roma, a cada direito correspondia uma ação específica.
CARACTERÍSTICAS DAS AÇÕES DA LEI.
O mais antigo dos sistemas de processo civil romano é o das ações da lei (legis actiones), do qual a maior parte das informações provém das Institutas de Gaius. As ações da lei eram instrumentos processuais exclusivos dos cidadãos romanos tendo em vista a guarda de seus direitos subjetivos previsto no ius quiritarium, e este sistema processual possuía uma estrutura individualizada para situações expressamente reconhecidas. O processo nesta época histórica era marcado pela extrema rigidez de seus atos, onde as ações tomavam a forma da própria lei, conservando-se imutáveis como esta. Durante este período, o direito em Roma vinha de hábitos, costumes, e o conhecimento das regras jurídicas eram monopólio dos sacerdotes, que detinham o conhecimento do calendário e das normas jurídicas. Conjugavam-se o ius e o faz, ou seja, o elemento laico e o elemento religioso. Cercada de formalismo, solenidade e oralidade, com um ritual de gesto e palavras pré- estabelecidas.
A justiça romana passa por um processo de secularização, provocada por alguns aspectos como:
a) pela Lei das XII tábuas, consolidando o direito consuetudinário antigo;
b) pela bipartição do procedimento;
c) pela criação do pretor urbano em 367 a.C.
d) por dois personagens: Appius Claudius, o Cegus (cônsul em 307 e 296 a.C.) e seu escriba Gneo Flavius, que tornou público aos cidadãos os formulários das ações da lei, antes, detidos apenas pelos pontífices e pelo rex, únicos conhecedores das palavras sacramentais de cada actio.
1. A dívida do tribunus aerarii em relação ao soldo (stipendium) do soldado;
2. A dívida das pessoas responsáveis para contribuir com a compra e manutenção do cavalo para com o soldado de cavalaria;
3. A dívida do comprador de animal para com o vendedor;
4. A dívida do locatário de um animal de carga em relação ao locador desde que este animal estivesse destinado a sacrifício religioso;
5. A dívida do contribuinte para com o publicano no tocante aos impostos. O apossamento extra judicial dos bens do devedor não conferia direito de uso da coisa ao credor, mas somente de mantê-la em seu poder até que fosse honrada a dívida.
LEGADO DE ROMA
A civilização romana foi original e criadora em vários campos: o Direito Romano, codificado no século VI, ao tempo do imperador Justinianus, constituiu um corpo jurídico sem igual nos tempos antigos e forneceu as bases do direito da Europa medieval, além de ter conservado sua vigência, em muitas legislações, até os tempos modernos. As estradas romanas, perfeitamente pavimentadas, uniam todas as províncias do império e continuaram a facilitar os deslocamentos por terra dos povos que se radicaram nas antigas terras imperiais ao longo dos séculos, apesar de seu estado de abandono. Conservaram-se delas grandes trechos e seu traçado foi seguido, em linhas gerais, por muitas das grandes vias modernas de comunicação. As obras públicas, tais como pontes, represas e aquedutos ainda causam impressão pelo domínio da técnica e o poderio que revelam. Muitas cidades européias mostram ainda em seu conjunto urbano os vestígios das colônias romanas que foram no passado. Se, em linhas gerais, a Arte Romana não foi original, Roma teve o mérito de haver sabido transmitir à posteridade os feitos dos artistas gregos. Os poucos vestígios que sobreviveram da pintura romana mostram que as tradições gregas continuavam vivas. Os temas indicam a crescente preocupação religiosa, a serviço dos imperadores divinizados; referem-se, principalmente, à imortalidade da alma e à vida de além- túmulo. O cristianismo se valeu do Império Romano para sua expansão e organização e depois de vinte séculos de existência são evidentes as marcas deixadas por ele no mundo romano. O latim, idioma que a expansão romana tornou universal, está na origem das atuais línguas românicas, tais como o espanhol, o italiano, o português, o francês, o catalão e o romeno. Depois de quase dois mil anos, pode-se ainda falar de um mundo latino de características bem diferenciadas. Aquedutos, fontes, templos e vias - detalhe em maquete da antiga Roma
ARTE ROMANA
Roma é um dos centros culturais mais importantes do Ocidente e boa parte de seus monumentos remonta à antiguidade. Caius Mecenas, conselheiro do imperador Augustus, que reinou no final do século I a.C., foi o primeiro dos grandes patronos da arte. Em sua época surgiram o conhecedor de arte e o turista em busca de tesouros culturais e, pela primeira vez, os artistas obtiveram o mesmo prestígio que políticos e soldados. Arte romana é o conjunto das manifestações culturais que floresceram na península itálica do início do século VIII a.C. até o século IV d.C., quando foram substituídas pela arte cristã primitiva. As criações artísticas dos romanos, sobretudo a arquitetura e as artes plásticas, atingiram notável unidade, em conseqüência de um poder político que se estendia por um vasto império. A civilização romana criou grandes cidades e a estrutura militar favoreceu as construções defensivas, como fortalezas e muralhas, e as obras públicas (estradas, aquedutos, pontes etc.). O alto grau de organização da sociedade e o utilitarismo do modo de vida romano foram os principais fatores que caracterizaram sua produção artística.
COLISEU
Vista lateral do Coliseu - detalhe em maquete da antiga Roma."Enquanto o Coliseu se mantiver de pé, Roma permanecerá; quando o Coliseu ruir, Roma cairá e se acabará o mundo". A profecia do monge inglês Venerável Beda dá a medida do significado que teve para Roma o anfiteatro Flávio, ou Coliseu (Colosseo em italiano), nome que alude a suas proporções grandiosas. O Coliseu ergue-se no lugar antes ocupado pela Domus Aurea, residência do imperador Nero. Sua construção foi iniciada por Vespasianus por volta do ano 70 da era cristã. Titus inaugurou-o em 80 e a obra foi concluída poucos anos depois, na época de Domitianus. A grandiosidade desse monumento testemunha o poderio e o esplendor de Roma na época dos Flávios, família a que pertenciam esses imperadores. O edifício inicial, de três andares, comportava mais de sociais: o podium, para as classes altas; as maeniana, setor destinado à classe cinqüenta mil espectadores. Dois séculos depois, sua capacidade foi ampliada para quase noventa mil, quando os imperadores Severus Alexander e Gordianus III acrescentaram um quarto pavimento. O Coliseu foi construído em mármore, pedra travertina, ladrilho e tufo (pedra calcária com grandes poros). Sua planta é elíptica e os eixos medem aproximadamente 190 por 155m. A fachada se compõe de arcadas decoradas com colunas dóricas, jônicas e coríntias, de acordo com o pavimento. Os assentos são de mármore e a cavea, escadaria ou arquibancada, dividia-se em três partes, correspondentes às diferentes classes média; e os portici ou pórticos, para a plebe e as mulheres. A tribuna imperial ou pulvinar ficava no podium e era ladeada pelos assentos reservados aos senadores e magistrados. Por cima dos muros ainda se podem ver as mísulas que sustentavam o velarium, grande cobertura de lona destinada a proteger do sol os espectadores.
MOEDA ROMANA
As moedas romanas oferecem uma visão única da antiga vida romana, porque eram usadas diariamente por todos, do imperador ao mais simples cidadão de Roma ou de alguma Província e Colônia do Império. As moedas nos mostram muito sobre o que era importante para o povo romano: como eles celebravam suas festas, seus feriados, ocasiões religiosas e seus deuses; como os imperadores queriam ser vistos pelo seu povo através das "virtudes" cunhadas em suas moedas; além de nos dar excelentes retratos dos imperadores, de suas esposas e filhos, dos famosos edifícios e templos há muito tempo transformados em ruínas.
COMO ERAM FEITAS AS MOEDAS ROMANAS:
Durante o império romano as moedas eram "golpeadas". Não havia nenhum processo de cunhagem através de máquinas ou algum processo sistemático, cada moeda era "golpeada à mão". Primeiro o gravador criava dois punções feitos em bronze, um para o verso (onde aparecem comumente as "efígies" dos imperadores) e um para o reverso (onde aparecem as "propagandas" da época). O gravador esculpia os desenhos da moeda através de entalhes feitos nos punções. O punção do verso era colocado em uma mesa, então um disco de metal, que normalmente era aquecido, era colocado sobre ele. O punção reverso era colocado em cima do disco de metal e era então "golpeado" por um martelo.
Consideremos brevemente o mundo judaico na época de Jesus.O povo judeu deste período não constituía propriamente uma nação separada, uma vez que se encontravam judeus espalhados através de todo o Império. Eles tinham ainda o seu templo em Jerusalém e ali vinham adorar a Deus; estavam, pois, até orgulhosos de sua religião. Mas, semelhantemente aos pagãos encheram-se de formalismo e perderam seu poder.
A Igreja e seu panorama histórico.A Igreja de Cristo em seus primórdios não procurou secularizar-se, nem buscar qualquer apoio de qualquer governo. Ela não procurou destronar a César. Disse Jesus: "Dai pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mateus22:19-22; Marcos 12:17; Lucas 20:20). Sendo uma religião espiritual, não visava rivalizar com os governos terrenos. Seus aderentes, ao contrário, eram ensinados a respeitar todas as leis civis, como também os governos. (Romanos13:1-7, Tito 3:1, I Pedro 2:13-16). Havia, portanto, uma clara distinção entre igreja e estado.
Isso permaneceu assim nos primeiros três séculos.A seguir, desejamos chamar sua atenção para algumas das características ou sinais da Igreja de Cristo - a religião cristã. Neste curso vamos traçar uma linha através destes 21 longos séculos, e com especial atenção, vamos nos concentrar nos 1.200 anos, conhecidos pelos historiadores como anos de trevas espirituais e estagnação intelectual. Foram estes 1.200 anos os que marcaram o estabelecimento definitivo de um sistema religioso opositor da verdade. Verdade que foi muitas vezes escurecida e terrivelmente desfigurada. Não obstante haverá sempre alguma característica indelével, alguns poucos fieis, esparsos. Alguns fatos lamentáveis de perseguição, mas, que nos deixarão de sobreaviso, cuidadosos e suplicantes para que esses fatos não voltem a se repetir. Encontraremos dos opositores da verdade muita hipocrisia como também muita farsa.
PARTE 1
1. A Igreja do Novo Testamento.A história da Igreja é o mais interessante estudo que pode ser encontrado em qualquer literatura, não só para aprender sobre a origem e missão da Igreja, como também de suas lutas e triunfos. A Igreja é a instituição pela qual Jesus Cristo deu sua vida, foi por ela que Jesus morreu na cruz. Jesus curou muitos doentes, que possivelmente tiveram outras doenças, envelheceram e morreram. Jesus também ressuscitou a muitos, os quais voltaram a morrer. Porém, o único que permaneceu foram Seus ensinos deixados para a Instituição da qual ele falou que o inferno não prevaleceria contra ela. Isto demonstra o lugar que a igreja ocupa no coração do Salvador. Além disso, dada à importância que Jesus Cristo deu a Sua Igreja é impossível ficar indiferente diante do lamentável quadro apresentado nos dias de hoje pelos professos seguidores do Mestre Jesus. Talvez a maioria pense que a Igreja sempre foi assim, do jeito que a vemos hoje, da forma e maneira em que as denominações a apresentam, isso acontece porque se está ocultando do povo a forma e maneira em que a Igreja do Novo Testamento era.
2. O Propósito da Investigação.Nosso primeiro alvo será para obter uma clara compreensão do que e como era a Igreja de Cristo na época do Novo Testamento. Se nos pudermos identificar como era a Igreja do Novo Testamento teremos então o modelo de Igreja que Jesus estabeleceu, e poderemos medir por esse modelo a organização, culto e adoração da igreja moderna.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS CERTAS
Se atravessando os séculos encontramos um grupo ou grupos de pessoas fugindo à observância destas características distintivas e enunciando outras coisas além das doutrinas fundamentais, então devemos tomar cuidado.
1. Cristo, o autor da religião cristã, reuniu seus seguidores numa organização, a que chamou "Igreja". E aos discípulos competia a tarefa de organizar e expandir essa organização com uma metodologia chamada de: "fazer discípulos". Em primeiro lugar percebemos que há UM AUTOR para a organização da Igreja, e se esse Criador da Organização chamada Igreja é Jesus, poderíamos discutir que ela é imperfeita? Poderíamos alegar que o que Jesus fez precisa se “modernizar”, porque já está ultrapassada? Acreditamos que a Organização estabelecida por Jesus e pelos apóstolos é perfeita e não necessita que homens venham a colocar defeitos e ter assim argumentos para acrescentar “modernização”.
2. Nesta organização chamada “Igreja de Cristo” (Romanos 16:16), de acordo com o Novo Testamento e com a prática dos apóstolos, desde cedo foram criadas algumas classes de oficiais para o exercício da liderança: pastores ou presbíteros ou anciãos (Atos 20:17, etc.); diáconos (Atos 6:1-6; 1 Timóteo 3:8); evangelistas (Atos 21:8; Efésios 4:11; 2 Timóteo 4:5); mestres (1 Coríntios12:29; Efésios 4:11). O pastor era também chamado "bispo". Todos eram escolhidos pela Igreja, e para servirem à Igreja. A finalidade e propósito destes chamados: “encargos de ministério” serão estudados em detalhes.
3. As Igrejas Locais no seu governo e disciplina eram centralizadas como podemos perceber na decisão que devia ser tomada somente por Jerusalém (veja em Atos 15). A história comprova que a Igreja que tinha sede centralizada em Jerusalém teve que mais tarde competir com uma outra organização centraliza em Roma, com certeza uma ficou desmerecida e outra prevaleceu. Era Jerusalém contra Roma. Vamos estudar esta luta entre a transigência com o mundo, de um lado, e a fé e coragem para manter a pureza da fé por outro lado, em detalhes na Segunda parte desta disciplina.
4. À Igreja de Cristo foram dadas duas ordenanças, e somente duas, o Batismo e a Ceia do Senhor. São memoriais e perpétuas. Ordenanças da Igreja serão analisadas à luz do Novo Testamento.
5. Somente os "Salvos" eram recebidos para ser membros das Igrejas. (Atos2:47). Eram salvos unicamente pela graça, sem qualquer obra da lei (Efésios2:5, 8, 9). Os salvos e eles somente deviam ser imersos em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo (Mateus 28:19). E unicamente os que eram recebidos e batizados participavam da Ceia do Senhor, sendo esta celebrada somente pela Igreja.
6. Somente as Escrituras Sagradas e, em realidade, o Novo Testamento são a única regra de fé e de vida, não somente para a Igreja como organização, mas também para cada crente como indivíduo.
7. Cristo Jesus, O fundador da Igreja e O Salvador de seus componentes, é o seu único sacerdote e rei, seu Senhor e legislador e único cabeça da Igreja. Esta executava simplesmente a vontade do Seu Senhor expressa em suas leis completas como inseridas no Novo Testamento, nunca a Igreja legislou ou emendou ou abrigou velhas leis (do Velho Testamento) ou formulou novas.
8. A religião de Cristo era individual, pessoal e puramente voluntária. Sem nenhuma compulsão física ou governamental. A fé era uma matéria de exame individual e de escolha pessoal. "Escolhei" é a ordem das Escrituras.
9. Note bem! Nem Cristo nem os Seus apóstolos deram em qualquer tempo aos seus seguidores designações como "Católico". Jesus Cristo chamou "discípulo" ao indivíduo que o seguia. Dois ou mais seguidores eram chamados"discípulos", uma mulher que seguia os ensinamentos de Jesus era chamada de “discípula” (Atos 9:36).
A assembléia de discípulos, quer em Jerusalém ou Antioquia ou outra qualquer parte era chamada "Igreja". O conjunto de todas as Igrejas era denominado assim: “Igrejas de Cristo” (Romanos 16:16). Isto significa que a organização geral era denominada: “Igreja de Cristo”. Se nos acreditamos que Cristo é Deus, e que Ele resgatou Sua Igreja com seu próprio sangue, então não há nenhuma contradição em Paulo chamar a Igreja de Cristo como “Igreja de Deus” (Atos 20:28). A Igreja é de Cristo, é de Deus, pois foi Ele que diz: “edificarei a minha Igreja...” (Mateus 16:18), portanto, nada mais justo de que esse nome: Igreja de Cristo, que lembra as primeiras palavras de Jesus em relação a Sua organização. Tinha a Igreja de Cristo um modelo ou padrão a ser seguido? Esse é nosso alvo nesta pesquisa histórica e principalmente bíblica. Nosso alvo é justo, honesta nossa intenção e santo nosso propósito, pois se pudermos determinar com exatidão o modelo e padrão da Igreja Primitiva, então nos teremos uma visão do modelo e padrão de Igreja pela qual Jesus deu Sua vida. E se esse é um modelo e padrão a ser imitado, devemos imitar. Nesta pesquisa inicial queremos saber se havia esse modelo de Igreja, com um culto e adoração que servisse de paradigma, isto é, de modelo. Uma organização e administração estabelecida pelos apóstolos e da qual não pudessem se desviar. Queremos saber se qualquer inovação acrescentada a esse modelo seria possível e ao mesmo tempo permitido. Ou se qualquer acréscimo era visto pelos apóstolos como apostasia.
INÍCIO DA APOSTASIA
A formação do cristianismo e a sua propagação como religião histórica foi resultado exclusivo do testemunho e da interpretação da pessoa de Jesus Cristo. Notar este fato é essencial à orientação da obra de evangelização e missionária em qualquer tempo e lugar. O Cristianismo implantou-se e propagou-se pelo método que Jesus Cristo mesmo seguiu no Seu exemplo e ensino. Os discípulos, por exemplo, eles foram escolhidos e treinados por Jesus para que dessem muito fruto e fruto que fosse permanente. Os discípulos tiveram convívio com Jesus, essa experiência, mais tarde foi interpretada pelo Espírito Santo e tornou-se vida e poder neles. A tarefa dos discípulos era a de serem testemunhas de Jesus em Jerusalém, na Judéia, em Samaria e até os confins da terra. Este era também o método e o programa geográfico para a sua obra. É mediante o testemunho e a interpretação da pessoa de Jesus Cristo feita pelos apóstolos e outros cristãos que o Cristianismo se estabeleceu e é, nesta mesma base, a nosso ver, que a história da Igreja precisa ser estudada. Destacamos sempre a palavra “ensino”, como método eficaz para o estabelecimento da Igreja de Cristo. Você comprovará neste estudo que a tônica da mensagem era a didática, o ensino e exposição da palavra em forma de estudo bíblico. Quando a igreja, a partir do segundo século em diante perdeu a metodologia por Jesus para seu crescimento, então se enveredou pelo caminho da apostasia. Quando a igreja começou a usar outros métodos e deixou o ensino da Palavra como prioridade, se perdeu no método especulativo. Mateus 4:23 demonstra que a prioridade no ministério de Jesus era o ensino, pois Mateus coloca esta metodologia em primeiro lugar, (veja o texto paralelo em Mateus 9:35). O longo discurso registrado em Mateus capítulos 5, 6 e 7, conhecido como “Sermão da Montanha”, na verdade não é um “sermão”, pois se prestamos atenção Mateus declara o seguinte: “E, abrindo a sua boca os ensinava, dizendo:” (Mateus 5:2). Portanto, o método empregado por Jesus na montanha não é de um “sermão” e sem o de um Mestre ensinando. As palavras ali registradas são a apresentação de um ensino, na forma de um estudo bíblico, um ensinamento (veja Mateus 5:2 e compare com Mateus 5:19). Principalmente notamos que na narrativa que Mateus faz dos capítulos 5, 6, e 7 faz questão de deixar claro que se trata de método de ensino de princípio a fim (veja para o início Mateus 5:2 e para o final, Mateus 7:29) – De princípio a fim é ensinamento e não um sermão. Em Mateus 11:1 de novo o apóstolo, ao narrar as atividades de Jesus coloca em primeiro lugar o ministério de ensino – Compare com Mateus 13:54. Em Mateus 22:16, podemos ver o reconhecimento que as pessoas fazem do ministério de Jesus, e de novo deixa claro que era o ensino. Finalmente, devemos ponderar o trecho que é conhecido como a “Grande Comissão” Mateus 28:19-20.
A ordem dos fatos é:
1.- Fazei discípulos.
2.- Batizando-os.
3.- Ensinando-os.
Notamos de novo a ordem para que os seguidores de Jesus, aqueles que deveriam continuar o trabalho da Igreja não poderiam inventar “moda” e criar outros métodos diferentes. A Igreja de Cristo, aquela que Ele fundou, segue a mesma orientação dada pelo Seu Mestre, dando prioridade e a devida importância ao ensino das verdades bíblicas. Aqui se comprova uma tarefa enorme, a tarefa de ensinar o povo de Deus. Ministrar não apenas belos sermões, mas principalmente, e acima de tudo ENSINAR. Mais estudo e menos diversão. Na declaração de Jesus: “ser-me-eis testemunhas” (Atos 1:8) está implicitamente revelado que o Cristianismo essencial é o Cristo implantado no coração dos homens através da sua experiência com Jesus, esta obra interior, que em palavras mais bíblicas pode-se chamar de “Justificação pela Fé”, ao ser interpretada pelo Espírito Santo tem como resultado natural o testemunho cristão. Portanto, o testemunho cristão, que era o impulso e motivação dos crentes do primeiro século, era a alegria de ser justificado. Cristianismo consiste primariamente na presença do próprio Cristo nos cristãos, logo em seguida no ensinamento de doutrina, e só depois a instituição. É pela obra do Espírito Santo que Jesus foi feito Cristo e Senhor. Pela interpretação e divulgação deste fato pelos apóstolos surgiu o Cristianismo como religião histórica. O Cristianismo essencial ou histórico, repitamos, é o Jesus da história como Cristo nos homens. Este fato nem sempre tem recebido de nós a devida atenção. Para compreendermos a situação do Cristianismo em qualquer período da história, precisamos verificar o destaque que nele foi dado à pessoa de Jesus Cristo. Também, se desejamos avivar nosso trabalho de testemunho, precisamos dar a devida atenção à pessoa de Jesus Cristo. Precisamos distinguir entre o Cristianismo essencial ou histórico e o Cristianismo “moderno” que muitas vezes procuramos implantar nos homens. O método e êxito para isto não depende de formularmos uma doutrina ou teologia de evangelização, nem do aperfeiçoamento dos nossos meios de comunicação. Tudo isto, certamente, tem o seu lugar ou utilidade. O método essencial, porém, deve ser ensinar as pessoas através de nosso próprio testemunho do que significa Jesus Cristo para nós. Freqüentemente proclamamos hoje, como Igreja, uma mensagem de justificação, em essência, Justificação pela Fé, o que é básico e essencial. Mas, que sentido exato tem esta afirmação para nos mesmo e para o mundo? Que testemunho de interpretação nos poderíamos então dar e realmente damos sobre essa mensagem tão diferenciada e importante? Temos uma experiência de justificação? Desejamos aqui despertar a atenção dos alunos para este assunto, mas não podemos examinar em pormenores a sua importância. Chamamos a atenção para que, no estudo sobre a história da Igreja, verifiquemos o lugar que a pessoa de Cristo tem tido nos vários períodos da história. Abordamos, aqui, apenas o destaque que a pessoa de Jesus Cristo teve na propagação do Cristianismo no período do Novo Testamento.
1. A Propagação do Cristianismo em Jerusalém. O Cristianismo como realidade histórica surgiu definitivamente em Pentecostes, se bem que ao certo ela já estava organizada de forma embrionária durante o ministério de Jesus. O desenvolvimento começou com a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e com a interpretação que estes fizeram depois da pessoa de Jesus com quem tiveram convívio durante o seu ministério. No Pentecostes os apóstolos tornaram-se e passaram a atuar como testemunhas de Jesus Cristo e do que Deus fizera com Ele. Eram Testemunhas, por exemplo, de que Deus o ressuscitou dos mortos. Este testemunho dos apóstolos inicialmente era acompanhado pelas maravilhas com que Deus glorificou o Seu Filho. Como resultado da obra do Espírito Santo nos apóstolos e do testemunho que estes deram de Jesus Cristo, surgiu em Jerusalém uma nova comunidade espiritual cujas características estão descritas em Atos 2:42-47 e 4:32-34. Os que creram em Jesus Cristo formaram esta Comunidade que foi denominada “Igreja”. A formação da Igreja era um movimento espontâneo, era fruto da sua experiência interpretada. Essa Comunidade é que mais tarde foi chamada Igreja de Cristo (Romanos 16:16). Esse nome estava em completo acordo com o testemunho essencial dos cristãos, eles testemunhavam da obra de Jesus em favor deles, e de como o Jesus Homem, era o Cristo anunciado pelos profetas, eles anunciavam o Cristo que os tinha justificado pela obra na realizada e consumada na cruz. O testemunho dos apóstolos e o crescimento da Igreja inicialmente eram acompanhados pelos sinais operados por Deus como, por exemplo, a cura do coxo junto à porta do templo, cuja finalidade era glorificar a Jesus Cristo. A Igreja cresceu até que a cidade de Jerusalém toda tinha conhecimento da doutrina sobre a salvação por meio da Justiça de Deus (Atos5:28). Os adversários admitiram que a causa do movimento estava no fato de que os discípulos haviam estado com Jesus (Atos 4:13). Isto revela que o que estava em foco na pregação era a pessoa de Jesus que era o Cristo predito nas Escrituras Hebraicas. Inevitavelmente surgiu a oposição dos que eram responsáveis pela crucificação de Jesus e de quem os discípulos testemunhavam que tinha sido ressuscitado por Deus. O Cristianismo histórico surgiu e propagou-se como resultado do testemunho que os apóstolos deram de Jesus Cristo. A Igreja primitiva era espontânea e espiritual e não um efeito de atividades de entretenimento para os membros, ou seja, a espiritualidade não era imposta por leis e mandamentos, mas por causa de vida de Jesus em cada membro. Sobre a atuação dos apóstolos, a narrativa era a seguinte: “E todos os dias, no templo (dos judeus) e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo” (Atos 5:42) – Um destaque devemos fazer sobre esta passagem. Três palavras em destaques: templo, casas e ensinar. Os primeiros discípulos não construíam templos, esta palavra é usada aqui para se referir ao grande templo dos judeus, o que nos leva a acreditar que a narrativa de Atos 5 está situada antes da destruição do Templo judaico no ano 70 d. C. O trabalho missionário era concentrado nas casas, pois as reuniões da igreja primitiva seguia esse modelo, desde que eles acreditavam que não mais Deus habitava em templos feitos de mãos humanas (Atos 7:48 e 17:24) e a ênfase da atividade missionária dos discípulos era o ensino, em especial anunciando a salvação provida mediante a fé em Jesus Cristo. O centro do movimento e das atividades dos primeiros discípulos era Cristo. A expansão do Cristianismo em Jerusalém trouxe perseguição por parte dos adversários, que culminou com a morte de Estevão. Em face das perseguições o Cristianismo passou a se propagar fora de Jerusalém e o nome de Jesus Cristo foi divulgado em toda parte.
2. A propagação do Cristianismo na Judéia e Samaria. Quanto ao destaque à pessoa de Jesus Cristo na propagação do Cristianismo na Judéia e Samaria e na obra missionária de Paulo até o final do período da história do livro de Atos, vamos mencionar apenas alguns exemplos desta propagação sem entrar em pormenores. Disperso devido às perseguições em Jerusalém, Filipe chegou a Samaria, e pregava ali a “Cristo”. Os samaritanos, que já conheciam a Jesus, ouvem agora de Felipe que esse Jesus era o Cristo. Depois disso, Filipe, divinamente dirigido, encontrou-se com um etíope que, na sua viagem de regresso para a sua terra, lia a Escritura Hebraica, e lhe ensinou a correta interpretação do texto da Bíblia, ou seja, fez uma exegese correta e anunciou “a Jesus”. Filipe ensinou sobre a pessoa histórica de Jesus como cumprimento da profecia que o etiope estava lendo. O etiope creu e se converteu. Na conversão de Saulo no caminho de Damasco aparece em grande destaque a ação da própria pessoa de Cristo glorificado junto a Saulo. Aparece a ele como “Jesus” histórico. Aparece também junto a Ananias instando-o para ir orientar a Saulo com referência ao que ele devia fazer. Logo depois, Saulo começou a ensinar em Damasco que Jesus era o filho de Deus. O que se vê nestes casos é o destaque ao ensino da fé, ensino centralizado na pessoa de Jesus como Filho de Deus. Igualmente, também, a pessoa de Jesus foi o ensino ministrado por Pedro na casa de Cornélio, quando o Cristianismo transcendeu as fronteiras da nacionalidade. Pedro fez um estudo de como Jesus de Nazaré, ungido de Deus com virtude, andou fazendo o bem (Atos 10:38) como fora crucificado e ressuscitado e como todos aqueles que aceitassem essa dádiva divina de salvação em Cristo receberiam a justificação. Este estudo bíblico sobre a ação salvadora de Deus em Cristo foi o ponto máximo no ensino de Pedro na casa de Cornélio quando o Cristianismo passou para o meio dos gentios. Notamos que o Cristianismo se expandia como resultado direto do ensino das verdades bíblicas relativas a Jesus e não de programas que visam apenas divertir e entreter multidões.
3. A Propagação do Cristianismo até os Confins da Terra. Na propagação do Cristianismo também entre os gentios em geral, a única mensagem ensinada pelos crentes em toda parte era a pessoa de Jesus Cristo. Sem entrar em minúcias, chamamos a atenção dos alunos apenas para alguns casos concretos. Quando, por exemplo, Lucas fala dos crentes dispersos pelas perseguições em Jerusalém (Atos 8:1), ele fala que alguns varões chíprios e cirenenses ensinavam aos gregos em Antioquia e como fruto desses ensinos grande número se converteu ao Senhor (Atos 11:20-21 e 24). Foi na base destes ensinamentos que se implantou o Cristianismo em Antioquia e foi constituída ali a Igreja. Também pela mesma razão os discípulos em Antioquia foram chamados de “cristãos”. A Igreja de Cristo que estava em Antioquia pouco depois se tornou um centro de expansão missionária, pois era fundamentada sobre um alicerce correto, essa base era o ensino correto e apropriado da Justificação pela Fé em Cristo, mensagem essa que alegrou o coração dos gentios, que viram a inutilidade das obras tanto para o judaísmo como para todo o sistema religioso pagão. Os missionários que saíram de Antioquia estavam sob a orientação do Espírito Santo (Atos 13:1-3). É digno de destaque saber que quando Paulo e Barnabé regressaram de sua primeira viagem relataram (fizeram um relatório) de como Deus tinha aberto aos gentios “a porta da fé” (Atos 14:27). Na história da obra missionária de Paulo, temos muitos exemplos de como, em momentos especiais e marcantes no seu trabalho, ele apresentou a mensagem da Justificação pela Fé na pessoa de Jesus Cristo. Ao carcereiro de Filipos disse, por exemplo, “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos 16:31). A Igreja de Cristo em Filipos era composta de crentes em “Jesus Cristo” (Filipenses 1:1), isto é digno de nota, pois a conversão era a Cristo Jesus e não a qualquer sistema de doutrinas. Em Tessalônica Paulo ensinou que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse dos mortos. Explicou que “esse Jesus é o Cristo” (Atos 17:3). Depois, no areópago de Atenas, o ponto culminante da mensagem de Paulo foi o ensino de que Deus destinou um varão que foi ressuscitado dos mortos. Também no seu longo ministério em Corinto, o único assunto de sua pregação era Cristo e esse crucificado. Em sua defesa perante o rei Agripa, Paulo afirmou que o seu ensino era que Cristo devia padecer e que Ele era o primeiro a ressurgir dos mortos, e que devia anunciar essa mensagem somo se fosse uma luz para o povo judaico e aos gentios. Verificamos, portanto, que no ensinamento de Paulo e dos cristãos primitivos em geral, era a ação salvadora de Deus na pessoa de Jesus Cristo. E que foi por meio dessa qualidade de ensino que o Cristianismo penetrou e implantou-se nos principais centros do império romano. Foi nesta base que a expansão do Cristianismo chegou ao ponto máximo na sua marcha essencialmente didática e sem problemas de natureza especulativa. No ensino dos apóstolos e dos outros cristãos do primeiro século até esta altura a pessoa de Jesus Cristo e de Sua obra salvadora eram apresentadas como fatos de experiência sem qualquer tentativa para interpretações doutrinárias e especulativas. O ensino e a didática, como já comprovamos, eram essencialmente o testemunho de como a Justificação era uma realidade pessoal dos cristãos, o testemunho cristão era em essência a experiência da justificação. Na parte final do primeiro século da era cristã, porém, em face das provações e desânimo causados pelas perseguições, muitos cristãos de origem judaica começaram a enfraquecer na fé e a se inclinar para voltar ao judaísmo, esse movimento de volta ao judaísmo, tão combatido por Paulo nas Epístolas aos Romanos, aos Efésios e em especial aos Gálatas, foi conhecido na história como “judaizante”. Diante dessa situação, surgiu então, a necessidade de uma defesa do Cristianismo e de exaltar a salvação cristã em contraste com o judaísmo. É a situação refletida no Livro aos Hebreus, por exemplo. Sua finalidade e didática é fortalecer os crentes e mostrar o final do velho sistema de culto e ritos judaicos. Nela pode-se ver claramente o ensino da superioridade da Nova Aliança, portanto, do cristianismo sobre o judaísmo. No final do primeiro século, o Cristianismo histórico na revelação do Apocalipse aparece com suas formas e atividades externas estabelecidas como sejam, por exemplo: A observância do Domingo como dia do Senhor (Apocalipse 1:10), a posição das igrejas comparadas a castiçais de ouro, o que demonstra o valor de cada uma, apesar dos problemas que cada uma enfrentavam, cada igreja local identificada como tendo uma liderança composta e nunca uma única pessoa, uma liderança responsável comparada a um “anjo”. O Cristianismo apresenta-se organizado e em condições de prosseguir como religião histórica. Além da situação já existente, a revelação de Cristo a João prediz também as coisas que ainda hão de acontecer e a necessidade de a Igreja de Cristo ouvir a mensagem de Jesus através dos seus pastores sob a orientação do Espírito Santo. Porém, o mais descuidado na leitura de Apocalipse, é que desde o início podemos notar o claro ensino da Justificação pela Fé o que torna o último Livro do Novo Testamento também um Livro de didática espiritual e salvadora (veja como exemplo: Apocalipse 1:5-6 e 22:11, 14, 21 – Desde o início até o fim o tema do Livro também é a experiência da justificação pela fé, os benefícios do sangue de Cristo e a graça divina) A partir do segundo século, com o desaparecimento dos apóstolos e da influência pessoal dos cristãos primitivos, começaram a surgir entre alguns líderes do Cristianismo, em face de perseguições e heresias, várias tendências de interpretar criticamente ou em termos racionais a pessoa de Jesus Cristo, para Ele poder ter a capacidade de operar a Justificação provida por Deus. Eram tendências despertadas pela filosofia e idéias religiosas pagãs. Mesmo assim, durante esta transição para o método especulativo, perdurou ainda por algum tempo o ensino correto sobre o tema e a apresentação do testemunho de cristãos que tinham a experiência da justificação em suas vidas. Isto significava, que mesmo nos primórdios da Igreja de Cristo, enquanto de maneira progressiva era introduzida uma outra forma de salvação, muitos fieis permaneceram do lado da verdade. A obra salvadora de Jesus no primeiro século ainda não era interpretada de forma doutrinária, mas de maneira prática. Os cristãos primitivos (do primeiro século) apenas aplicavam à vida os benefícios da Justificação, sem se perguntar “como se explica essa doutrina?”. A morte e a vida de Cristo era aplicada na vida como benefícios de Deus ao homem e essa aplicação prática era o ponto máximo e único do ensino teológico, é dessa forma que podemos extrair das Cartas de Paulo para a Igreja. (1 Coríntios 15:3-4). A fé era a base e alicerce da salvação. Porém, a partir do segundo século, começou a surgir em algumas igrejas o ensino de uma interpretação da pessoa de Cristo. Ao invés de apenas acreditar na obra salvadora, muitos começaram a analisar criticamente essa obra de redenção. E no intuito de explicar se inicia um sem número de especulações. Por exemplo: Foi então que se começou a perguntar se Jesus Cristo era divino ou humano; se era Filho de Deus ou era filho do homem, e como essas idéias podiam ser harmonizadas. Esta mudança no interesse, no pensamento e no ensino é maior do que podemos imaginar, as mudanças foram se ampliando até que culminou num sistema “cristão” que ensinava a salvação pelas obras. Mencionaremos algumas causas e como isso aconteceu: Quando o ensino apostólico passou para o ensino dos séculos posteriores foi óbvio que não só o ensino original foi se perdendo, como também a influência do verdadeiro cristianismo. Precisamos reafirmar que esta tendência crítica surgiu em face de heresias, umas negando, por exemplo, a divindade de Jesus Cristo, e outras negando sua humanidade. Havia necessidade de doutrinar as igrejas em face de tais problemas e outros semelhantes, vindos de fora. Quando, porém, o cristão precisa se defender contra os ataques do mundo, ou quando ele precisa defender aquilo em que crê em face de desafio das heresias, ele corre o perigo de abandonar a sua fé genuína e pessoal e se enveredar para a especulação. O ensino realmente cristão era um testemunho prático da fé em Cristo e não uma resposta doutrinária à perguntas dos que em Jesus não acreditam. No ensino cristão, jamais a exposição doutrinária está isolada do testemunho da fé e da experiência pessoal com Cristo. Nos primeiros séculos depois do período apostólico, até 320 d. C., por exemplo, os teólogos, embora já tivessem os seus pensamentos despertados para assuntos de controvérsias cristológicas, mantiveram ainda uma posição genuinamente evangélica com referência à pessoa e obra de Jesus Cristo. Jesus Cristo continuou a ser crido e ensinado como o único e suficiente mediador entre Deus e os homens. A sua morte na cruz era considerada fato essencial na obra redentora. O sofrimento de Cristo era considerado vicário e Sua vida substitutiva. Os escritos dos teólogos deste período geralmente pouca referência fazem à idéias especulativas. Não havia ainda esforços para se formar algum sistema de teologia. Também os assuntos básicos do Cristianismo ainda não eram estudados em profundidade ou exaustivamente. A aceitação da pessoa e obra de Jesus Cristo era essencialmente prática. Clemente de Roma diz, por exemplo, que o sangue de Cristo foi derramado para a nossa salvação e trouxe a graça de Deus e a chamada ao arrependimento dirigido ao mundo inteiro. A morte de Cristo traz, diziam os teólogos, a salvação e a vida eterna. Era o período da expansão do cristianismo, esse era o “poder de Deus”, era o evangelho de Cristo para salvação (Romanos 1:16). Era simples, singelo, sem ostentação, nem “shows para arrastar multidões”. Nessa época, que agora passaremos a chamar de “Cristianismo Histórico”, as Igrejas de Cristo atuavam na maior humildade, com apenas um testemunho pessoal, era a demonstração do poder do evangelho que podia transformar um pecador em uma pessoa que desfrutava dos benefícios da Justificação pela Fé, esse ensino transformou o mundo de então e abalou o Império Romano. Já explicamos que o Cristianismo Histórico apresentava um ensino simples sobre a condição do homem sem Deus, e a solução provida na obra salvadora de Jesus, era essa a única ênfase, nada havia de interpretação especulativa. Como resultado desse ensino simples, humilde e singelo o Cristianismo Histórico estendeu suas fronteiras e chegou a predominar no Império Romano. Porém, e isto é lamentável, e também um tremendo ensinamento para nossos dias, algumas igrejas começaram a sofrer neste período, depois da morte dos apóstolos, depois do segundo século, a influência de tendências para o sacramentalismo com reuniões cheias de programações, cerimônias e paramentos, dando demasiada importância ao batismo, ao ascetismo, obras externas como atributos de salvação e a perda da visão da Justificação pela Fé. Por exemplo: A celebração da missa é mais uma encenação que um culto cristão, veja como Martinho Cochêm descreve o cerimonial no livro: Explicação da Missa, página 40 – “O sacerdote durante uma só missa benze-se 16 vezes, volta-se para o povo outras 16 vezes, beija o altar 8 vezes, levanta os olhos 11 vezes, 10 bate no peito, ajoelha-se outras 10 vezes e junta as mãos 54 vezes. Faz 21 inclinações com a cabeça e 7 vezes com os ombros, inclina-se 8 vezes e beja a oferta 36 vezes! Põe as mãos sobre o peito 11 vezes e oito vezes olha para o céu, faz 11 rezas em voz baixa e 13 em voz alta, descobre o Cálix e o cobre novamente 5 vezes e muda de lugar 20 vezes!”. Veja como o desvio da fé se iniciou quando movimentos de cenário começaram a substituir as singelas reuniões de ensino da Palavra. A fé se perdeu quando o culto era uma programação para entreter as pessoas e não para ensinar as pessoas. Tudo isso começou a enfraquecer a fé e a vitalidade inicial, aquilo que no Apocalipse é chamado de “primeiro amor” (Apocalipse 2:4). O “primeiro amor” era a fé cristã como aceitação da graça de Deus. Devemos notar com cuidado que esta religião especulativa e cheia de cerimônias tomou corpo, muito mais quando sua Sede se estabeleceu em Roma, em contradição com a Sede de Jerusalém. Sabemos pela leitura atenta de Atos, que as Igrejas de Cristo, em seus primórdios tinham como organização centralizada a cidade de Jerusalém, é importante notar que o relato de Atos 8:1 explica assim: “e fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos”. Os apóstolos deveriam permanecer em Jerusalém, apesar da grande perseguição, pois Jerusalém era a Sede da organização e ali deveria permanecer a liderança. Durante o primeiro século, enquanto os apóstolos estavam ainda vivos a hierarquia da Igreja de Cristo repousava sobre uma liderança tríplice, veja com atenção Gálatas 2:9 – “E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas...”. Note-se com atenção que quem está fazendo este reconhecimento é Paulo, ele que muito bem poderia querer, dada a sua importância, estabelecer um ministério individual. Mas, pelo contrário notamos que ele se reportou à liderança de Jerusalém para dar o seu relatório e solucionar o problema criado com o ensino da Justificação pela Fé aos gentios (Atos 15 – todo o capítulo). Sim! No ano 49 d.C., foi preciso que eles se reunissem em Jerusalém para resolver questões que afetavam os cristãos em geral. O relato de Atos nos diz que, depois duma consideração aberta, “então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos (Presbíteros), com toda a igreja, eleger homens dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens distintos entre os irmãos”. A Igreja aqui mencionada é o reconhecimento que havia uma única Igreja, cuja sede estava em Jerusalém. Nesta reunião notamos também que quem falou foi Pedro (Atos 15:7), que como vimos formava parte da liderança tríplice, assim como também quem falou dando sua opinião foi Tiago (Atos 15:13), um dos outros apóstolos da diretoria geral. Após a resolução, a Bíblia relata que essa resolução deveria ser aceita por todas as igrejas locais que estavam sob a jurisdição de Jerusalém (Atos 15:23; 16:4). Evidentemente os três apóstolos serviam como órgão diretor para as congregações dispersas das Igrejas de Cristo (Romanos 16:16). Então, visto que aquela tríplice liderança em Jerusalém era o modelo cristão primitivo para a supervisão geral sobre todos os discípulos. Se a Igreja desejar seguir o padrão e modelo original, ele é indicado com clareza nas páginas do Novo Testamento. A Igreja não pode se perder na busca de outros modelos a não ser aquele que Jesus estabeleceu para sua Igreja. Desde que a Igreja estava em formação, enquanto Jesus ainda estava com seus discípulos já tinha estabelecido essa hierarquia (Veja com atenção Mateus 17:1; Mateus 26:37 e Marcos 5:37). Devemos ainda destacar que depois que os perguntaram ao Salvador: “... Dize- nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” Mateus 24:3. Como resposta a essa pergunta, o primeiro que Jesus lhes disse foi: “Acautelai-vos que ninguém vos engane” Mateus 24:4 – E a continuação lhes explica que o engano consistiria num engano religioso; assim, o sinal era caracterizado pelo maior engano que o mundo já viu! Portanto, o engano religioso seria o primeiro e mais importante sinal para indicar as cousas que aconteceriam após a morte dos apóstolos. As conseqüências de ser enganados pela falsa religião são muito piores do que ser vítimas da fome, enfermidade ou guerra. A conseqüências são de valor eterno. Jesus advertiu dizendo que seriam enganados “se for possível” até os escolhidos, os próprios eleitos (Mateus 24:24). De acordo com o Livro de Apocalipse essa falsa religião, o grande engano, teria muita autoridade e uma adoração mundial ou universal (“Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra” Apocalipse 13:7-8).
PRINCIPAIS DATAS DO CRISTIANISMO
DATAS F A T O S H I S T Ó R I C O S
155 Morre queimado Policarpo, bispo de Esmirna. 100/165 Justino, o Mártir, um dos apologistas do cristianismo. 160/320 Tertuliano, advogado cartaginês, notável apologista do cristianismo. 313 Publicação do Edito de Milão, pelo Imperador Constantino, pondo fim à era de perseguições. 325 Concílio de Nicéia I: condenou o arianismo. Aprovou o Credo de Nicéia. 340/420 Jerônimo, traduziu a Bíblia para a o latim (Vulgata). 381 Concílio de Constantinopla I: definiu a divindade do Espírito Santo. 385/405 Período em que Jerônimo traduz a Vulgata. 401 Início do gradativo fortalecimento do papado e da Igreja Católica Romana que se estende por toda Idade Média. 431 Concílio de Éfeso: condenou o nestorianismo. Define a unidade pessoal de Cristo. 451 Concílio de Calcedônia: condenou o monofisismo. Define as duas naturezas de Cristo. 553 Concílio de Constantinopla II: condena os erros de Orígenes. 680 Concílio de Trulano (em Constantinopla). Trulano II ou Qüinissexto (692), considerado como complementação dos dois anteriores, condenou o monotelismo. 787 Concílio de Nicéia II. Condena a veneração de imagens. 1096/1291 Período das Cruzadas. 1140/1217 Pedro Valdo, pré-reformador. (Valdenses) 1198 Papa Inocêncio III institui “os inquisidores da fé contra os albigenses”. Considerados hereges, o extermínio começou no ano de1209 e se estendeu por vinte anos. 1328/1384 João Wyclif ou Wycliffe, pré- reformador. 1369/1415 João Huss, pré-reformador, herói da Boêmia, morto na fogueira por decisão do Concílio de Constança. 1419 Nasce João de Wesselus ou Wessel, pré-reformador. 1452/1499 Jerônimo (Girolamo) Savonarola, pré-reformador. 1469/1536 Erasmo de Roterdam, humanista. 1479 O pré-reformador João de Wessália, notável doutor de teologia em Erfurt, morre na prisão. 10/11/1483 Nasce Martinho Lutero, líder da Reforma Religiosa do Século XVI, comemorada no dia 31 de outubro. 17/07/1505 Martinho Lutero ingressa na ordem dos agostinianos. 1511-1553 Serveto, médico e teólogo espanhol, preso, condenado e queimado em Genebra. 31/10/1517 Dia da Reforma Religiosa. Lutero prega na porta da Igreja de Wittenberg suas famosas 95 teses. 1491/1556 Inácio de Loyola, fundador da Sociedade de Jesus (jesuítas), braço da Igreja católica na contra- reforma. 1492/1559 Meno Simons, o mais célebre líder dos anabatistas. Daí vem o termo"menonitas".1505/1572 John Knox, reformador da Escócia, funda, em 1560, a Igreja que viria a chamar-se Presbiteriana. 10/07/15091564 João Calvino, reformador, pastor em Genebra. Pai do calvinismo. 31/10/1517 Reforma Religiosa do Século XVI. Nesta data, Lutero afixa as 95 teses à porta da Igreja de Wittenberg, recomendando as Sagradas Escrituras como base da fé cristã. 10/03/1557 Realiza-se, no Rio de Janeiro, o primeiro culto reformado no Brasil. Pregou o pastor Pierre Richier. 21/03/1557 Organizada a primeira igreja evangélica do Brasil e da América do Sul. 08/01/1560 Morre Jan Laski, reformador polonês. Participou da tradução da Bíblia para o polonês, publicada em1563. 1560 João Knox funda, na Escócia, a Igreja Presbiteriana, também chamada Reformada ou Calvinista, sob inspiração do sistema doutrinário e eclesiástico de João Calvino. 1560/1609 Jacobus Arsênios, teólogo holandês, O arminianismo sustenta que os benefícios da graça são oferecidos a todos. 1565 Falece o reformador suíço Guilherme Farel. 24/08/1572 Noite de São Bartolomeu. 1577 Fórmula da Concórdia, credo firmado pelos luteranos que delimitava a o pensamento teológico calvinista e luterano, perpetuando a separação dos grupos. 1666-1686 Felipe Jacó Spener, líder do Pietismo. 1624/1647 George Fox, fundador da seita dos quaquers. 1631/1705 Felipe Jacó Spener, líder do Pietismo1643/1648 Reúne-se a Assembléia de Westminster e elabora conhecida confissão de fé1661 Fundada em Londres a primeira igreja Anabatista da Inglaterra. 1685 Nasce o Pietismo, grande despertamento espiritual após a Reforma, e que durou cerca de meio século. 1700-1760 Conde Nicolau von Zinzendorf, fundador da comunidade dos moravianos. 1701 Início do trabalho missionário mundial. 1703/1758 Jonathan Edwards. 17/06/170322/03/1791 John Wesley, fundador do Metodismo. 1714/1770 George Whitefield1732 Os morávios enviam Hans Egede à Groelândia, dando início ao movimento de missões estrangeiras. 24/05/1738 Data da experiência máxima de João Wesley. 1735/1743 Primeiro grande avivamento da História da Igreja. 1735/1811 Robert Raikes, jornalista inglês, criador da Escola Dominical. 12/05/1739 Wesley começa a pregar ao ar livre, em Bristol. 1747 Charles e John Wesley visitaram a Irlanda pela primeira vez. 1761/1834 William Carey, missionário na Índia. 1805/1844 Joseph Smith criador da seita dos mórmons. 1832/1905 Hudson Taylor, missionário na China1761/1834 William Carey, o pai das missões modernas. 1837-12/12/1899 Moody, avivalista1774 Primeira Conferência Metodista na Foundery (Londres). 20/07/1780 Começa a funcionar na Inglaterra a primeira escola dominical, fundada por Robert Raikes. 1792 Sociedade Missionária Batista é criada por William Carey. 1792/1875 Finney, notável avivalista. 1813-1873 David Livingstone, missionário escocês na África, para onde seguiu em 1840. 05/05/1813 11/11/1855 Soren Aabye Kierkegaard, filósofo e teólogo dinamarquês, considerado como o primeiro representante da filosofia existencialista. 1832/1905 James Hudson Tailor, missionário na China. 1852/1916 Charles Taze Russel, fundador a seita conhecida como Testemunhas de Jeová. 19/08/1855 Fundada a primeira EBD no Brasil, em Petrópolis, RJ, por Roberto Kalley e sua esposa. 23/08/1884 Rudolf Bultman, um dos expoentes30/07/1976 da Teologia da Dialética. 1886/1968 Karl Bart, teólogo suíço. 1889/1966 Emil Brunner, um dos maiores nomes da teologia do século XX, comandou Teologia da Dialética. 1898 Os Gideões Internacionais, instituição que se dedica à distribuição de Bíblias, é fundada nos EUA. 1900 Charles Parham funda a Escola Bíblica Betel, em Topeka, Kansas, EUA, onde foram ensinadas as doutrinas que se tornaram o núcleo do movimento pentecostal mundial. 25/02/1902 Nasce em Estrasburgo o teólogo Oscar Culman. 1906/1945 Dietrich Bonhoeffer, teólogo e mártir luterano alemão. 09/04/1906 Nasce o movimento pentecostal na famosa Rua Azuza, 312, onde se localizava a Azuza Street Mission, em Los Angeles, EUA. 1908/2001 Richard Wurbrand, criador da Missão A Voz dos Mártires. 07/11/1918 Nasce Billy Graham, notável pregador batista. 18/04/1926 Nasce o Jürgen Moltman, teólogo. 15/01/192904/04/1968 Martin Luter King, eloqüente pastor batista americano, combateu a segregação racial, morreu assassinado. 1931 Nasce David Wilkerson, criador do Ministério Desafio Jovem. 23/08/1948 Fundado, em Amsterdam, Holanda, o Conselho Mundial de Igrejas. 1960 Loren Cunnigham funda, nos Estados Unidos, a JOCUM, Jovens Com Uma Missão. 1966 Nasce a renovação carismática (RCC) nos Estados Unidos, na Duquesne University of Holy Spirit, em Pittsbourgh,
ALGUNS PERSONAGENS REVELANTES DA HISTÓRIA DA IGREJA CHARLES FINNEY (1792-1875)
Nasceu de uma família descrente e se criou num lugar onde os membros da igreja conheciam apenas a formalidade fria dos cultos. Tornou-se um advogado que, ao encontrar nos seus livros de jurisprudência muitas citações da Bíblia, comprou ume exemplar com a intenção de conhecer as Escrituras. Eis um trecho de sua biografia: Ao ler a Bíblia, ao assistir às reuniões de oração, e ouvir os sermões do senhor Galé, percebi que não me achava pronto a entrar nos céus... Fiquei impressionado especialmente com o fato de as orações dos crentes, semana após semana, não serem respondidas. Li na Bíblia “pedi e dar-se-vos-á”. Li, também, que Deus é mais pronto a dar o Espírito Santo aos que lho pedirem, do que os pais terrestres a darem boas coisas aos filhos. Ouvia os crentes pedirem um derramamento do Espírito Santo e confessarem, depois, que não o receberam. Exortavam uns aos outros a se despertarem para pedir, em oração, um derramamento do Espírito de Deus e afirmavam que assim haveria um avivamento com a conversão de pecadores... Foi num domingo de 1821 que assentei no coração resolver o problema sobre a salvação da minha alma e ter paz com Deus. (...) Fui vencido pela convicção do grande pecado de eu envergonhar-me se alguém me encontrasse de joelhos perante Deus, e bradei em alta voz que não abandonaria o lugar, nem que todos os homens da terra e todos os demônios do inferno me cercassem. O pecado parecia-me horrendo, infinito. Fiquei quebrantado até o pó perante o Senhor. Nessa altura, a seguinte passagem me iluminou: “ Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração”. A conversão de Finney e o seu imediato batismo no Espírito Santo, contados em sua biografia, são impressionantes. O amor a Deus, a fome de sua Palavra, a unção para testemunhar e anunciar do Evangelho vieram sobre ele no dia de sua entrega a Jesus. Imediatamente, o advogado perdeu todo o gosto pela sua profissão e tornou-se um dos mais famosos pregadores do Evangelho. Eis o segredo dos grandes pregadores, nas palavras do próprio Finney: Os meios empregados eram simplesmente pregação, cultos de oração, muita oração em secreto, intensivo evangelismo pessoal e cultos para a instrução dos interessados. Eu tinha o costume de passar muito tempo orando; acho que, às vezes, orava realmente sem cessar. Achei, também, grande proveito em observar freqüentemente dias inteiros de jejum em secreto. Em tais dias, para ficar inteiramente sozinho com Deus, eu entrava na mata, ou me fechava dentro do templo. Conta-se acerca deste pregador que depois de ele pregar em Governeur, no Estado de New York, não houve baile nem representação de teatro na cidade durante seis anos. Calcula-se que somente durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas para Cristo pelo ministério de Finney. Na Inglaterra, durante nove meses de evangelização, multidões também se prostraram diante do Senhor enquanto Finney pregava. Descobriu-se que mais de 85 pessoas de cada 100 que se convertiam sob a pregação de Finney permaneciam fiéis a Deus; enquanto 75 pessoas de cada cem, das que professaram conversão nos cultos de algum dos maiores pregadores, se desviavam. Parece que Finney tinha o poder de impressionar a consciência dos homens sobre a necessidade de um viver santo, de tal maneira que produzia fruto mais permanente.
CHARLES SPURGEON (1834-1892) Conhecido como o “príncipe dos pregadores”, aos 19 anos já era pastor na Park Street Chapel, em Londres. A princípio um luar muito amplo, para mil e duzentas pessoas, porém freqüentado por um pequeno grupo de fiéis. Em poucos meses o prédio não comportava mais a multidão e eles se mudaram para um outro auditório que comportava quatro mil e quinhentas pessoas! A Igreja então resolveu alugr o Surrey Music Hall, o prédio mais amplo, imponente e magnífico de Londres, construído para diversões públicas. O culto inaugural deu-se em 19 de outubro de 1856. Quando o culto começou, o prédio no qual cabiam 12.000 pessoas estava superlotado e havia mais 10.000 fora que não puderam entrar! Uma terrível catástrofe ocorreu neste dia. Ao início do culto, pessoas diabólicas se levantaram gritando “ Fogo! Fogo!”, provocando um grande alvoroço e um saldo de sete pessoas mortas e vinte e oito gravemente feridos. Isto não impediu que o interesse pelos cultos até aumentasse. Em março de 1861 sua Igreja concluiu a construção do Metropolitan Tabernacle, local que comportava uma média de 5.000 pessoas a cada culto dominical, isto perdurando pelos próximos31 anos. Pregou em cidades de toda a Inglaterra e noutros países: Escócia, Irlanda, Gales, Holanda e França. Pregava ao ar livre e nos maiores edifícios, em média oito a doze vezes por semana! Spurgeon publicou inúmeros livros. Milhares de sermões seus foram publicados e traduzidos para diversas línguas. Além de pregar constantemente a grandes auditórios e de escrever tantos livros, esforçou-se em vários outros ramos de atividades. Inspirado pelo exemplo de Jorge Muller, fundou e dirigiu o orfanato de Stockwell. Reconhecendo a necessidade de instruir os jovens chamados por Deus a proclamar o Evangelho, fundou e dirigiu o Colégio dos Pastores. A oração fervorosa era um hábito em sua vida. Contava com trezentos intercessores que, todas as vezes que pregava, mantinham-se em súplica.
DWIGHT LYMAN MOODY (1837-1899) Um total de quinhentas mil almas ganhas para Cristo, é o cálculo da colheita que Deus fez por intermédio de seu humilde servo. Moody nasceu em 5 de fevereiro de 1837, o sexto filho de nove, numa pobre família do Connecticut, EUA. Sua mãe ficou viúva com os filhos ainda pequenos, o mais velho tinha 12 e ela estava grávida de gêmeos quando o marido morreu. Sua mãe foi uma crente fiel e soube instruir seus filhos no Caminho. Aos vinte e quatro anos, logo após casar- se, em Chicago, Moody deixou um bom emprego para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único centavo. Tendo trabalhado com Escolas Bíblicas e evangelização em Chicago, atuou também junto aos soldados durante a Guerra Civil. Teve uma tremenda experiência numa viagem a Inglaterra. Visitou Spurgeon no Metropolitan Tabernacle e impressionou-se. Também contatou Jorge Muller e o orfanato em Bristol. Nesta mesma viagem, o que mais impressionou Moody e o levou a buscar definitivamente uma experiência mais profunda com Cristo foram estas palavras proferidas por um grande ganhador de almas de Dublim, Henrique Varley: O mundo ainda não viu o que Deus fará com, para e pelo homem inteiramente a Ele entregue. Um terrível incêndio que praticamente destruiu Chicago, em 1871, também foi um divisor de águas na vida de Moody. Nesta época ele teme uma marcante experiência com o Espírito Santo. Voltou a pregar na Inglaterra posteriormente e Deus o usou para inflamar os corações.. Na Escócia, multidões buscaram ao Senhor. Na Irlanda, maravilhas também ocorreram, com conversões de multidões ao Senhor. Para termos idéia, esta viagem culminou com quatro meses de cultos em Londres. Moody pregava alternadamente em quatro centros. Realizaram-se 60 cultos no Agricultural Hall, aos quais um total de720.000 pessoas assistiram; em Bow Road Hall, 60 cultos, aos quais 600.000 assistiram; em Camberwell Hall, 60 cultos, com a assistência de 480.000; Haymarket Opera House, 60 cultos, 330.000; Vitória Hall, 45 cultos, 400.000 assistentes. Retornou aos EUA em 1875, sendo reconhecido como o mais famoso pregador do mundo, continuando a ser um humilde servo de Deus. Durante um período de 20 anos dirigiu campanhas com grandes resultados nos Estados Unidos, Canadá e México. Em diversos lugares as campanhas duraram até seis meses. Transcrevo um depoimento de um dos assistentes a um dos cultos promovidos por Moody: Nunca jamais me esquecerei de certo sermão que Moody pregou. Foi no circo de Forepaugh durante a Exposição Mundial. Estavam presentes 17.000 pessoas, de todas as classes e de todas as qualificações. O texto do sermão foi: “Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Grandiosa era a unção do pregador; parecia que estva em íntimo contacto com todos os corações daquela massa de gente. Moody disse repetidamente: “Pois o Filho do homem veio - veio hoje ao Circo Forepaugh para procurar e salvar o que se perdera”. Escrito e impresso isso parece um sermão comum, mas as suas palavras, pela santa unção que lhe sobreveio, tornaram-se palavras de espírito e de vida.
JOHN WESLEY (1703-1791) Foi um instrumento poderoso nas mãos de Deus para um grande avivamento no século XVIII. Nascido em Epworth, Inglaterra, numa família de dezenove irmãos! Em 1735 foi para a Geórgia como missionário aos índios norte-americanos, não chegando a ministrar aos índios, mas sim aos colonos na Geórgia. Durante uma tempestade na travessia do Oceano Atlântico, Wesley ficou profundamente impressionado com um grupo de morávios a bordo do navio. A fé que tinham diante do risco da morte (o medo de morrer acompanhava Wesley constantemente durante a sua juventude) predispôs Wesley à fé evangélica dos morávios. Retornou à Inglaterra em 1738. Numa reunião de um grupo morávio na rua Aldersgate, em 24 de maio de 1738, ao escutar uma leitura tirada do prefácio de Lutero ao seu comentário de Romanos, Wesley sentiu seu coração aquecido de modo estranho. Embora os estudiosos discordem entre si quanto à natureza exata dessa experiência, nada dentro de Wesley ficou sem ser tocado pela fé que acabara de receber. Depois de uma viagem rápida para a Alemanha para visitar a povoação moravia de Herrnhut, voltou para a Inglaterra e, juntamente com George Whitefield, começou a pregar a salvação pela fé. Essa “nova doutrina” era considerada redundante pelos sacramentalistas da Igreja Oficial que achavam que as pessoas já eram suficientemente salvas em virtude de seu batismo na infância. Em 1739, John Wesley foi a Bristol, onde surgiu um reavivamento entre os mineiros de carvão em Kingswood. O reavivamento continuou sob a liderança direta dele durante mais de cinqüenta anos. Viajou cerca de 400.000 km, por todas as partes da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda, pregando cerca de 40.000 sermões. Sua influência se estendeu à América do Norte. O metodismo veio a tornar-se uma denominação após a morte de Wesley.
JONATHAN EDWARDS (1703-1758) Grande pregador dos EUA, ingressou no ministério em 1726. Seu primeiro pastorado foi em Northampton, Massachusetts, onde serviu até 1750. Foi contemporâneo e atuante num grande despertamento espiritual e tido por alguns como o maior teólogo da América do Norte. Era pregador excelente, com célebres sermões publicados: Deus Glorificado na Dependência do Homem (1731), Uma Luz Divina e Sobrenatural (1733) e o mais famoso, Pecadores nas Mãos de um Deus Irado (1741). Sobre o sermão mais famoso, baseou-se em Deuteronômio 32:35. Depois de explicar a passagem, acrescentou que nada evitava que os pecadores caíssem no inferno, a não ser a própria vontade de Deus. Afirmou que Deus estava mais encolerizado com alguns dos ouvintes do que com muitas pessoas que já estavam no inferno. Disse que o pecado era como um fogo encerrado dentro do pecador e pronto, com a permissão de Deus, a transformar-se em fornalhas de fogo e enxofre, e que somente a vontade de Deus indignado os guardava da morte instantânea. Continuou, então, aplicando ao texto ao auditório: Aí está o inferno com a boca aberta. Não existe coisa alguma sobre a qual vós vos possais firmar e segurar... há, atualmente, nuvens negras da ira de Deus pairando sobre vossas cabeças, predizendo tempestades espantosas, com grandes trovões. Se não existisse a vontade soberana de Deus, que é a única coisa para evitar o ímpeto do vento até agora, seríeis destruídos e vos tornaríeis como a palha da eira... O Deus que vos segura na mão, sobre o abismo do inferno, mais ou menos como o homem segura uma aranha ou outro inseto nojento sobre o fogo, durante um momento, para deixa-lo cair depois, está sendo provocado ao extremo... Não há que admirar, se alguns de vós com saúde e calmamente sentados aí nos bancos, passarem para lá antes de amanhã... O sermão foi interrompido pelos gemidos dos homens e os gritos das mulheres; quase todos ficaram de pé ou caídos no chão. Durante a noite inteira a cidade de Enfield ficou como uma fortaleza sitiada. Teve início um dos maiores avivamentos dos tempos modernos na Nova Inglaterra.
MARTINHO LUTERO (1483-1546) Era um destacado monge agostiniano, doutor em teologia e pregador na cidade de Wittemberg, quando ocorreu uma grande transformação em sua vida. Ele mesmo contou: Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudo da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo consta que a justiça de Deus se revela no Evangelho (vs 16 e 17). Eu detestava as palavras “a justiça de Deus”, porque conforme fui ensinado, eu a considerava como um atributo do Deus santo que o leva a castigar os pecadores. Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a consciência perturbada me mostrava que era pecador perante Deus. Assim odiava a um Deus justo, que castiga os pecadores... Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre ao mesmo versículo, porque queria saber o que Paulo ensinava. Contudo, depois de meditar sobre esse ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra “o justo viverá da fé”. Vi então que a justiça de Deus, nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus pela fé, como dádiva. Então me achei recém nascido e no Paraíso. Todas as Escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus. Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do Paraíso. Em outubro de 1517, Lutero afixou à porta da Igreja do Castelo de Wittemberg as 95 teses, o teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo pecado e não a penitência. Lutero afixou as teses para um debate público, na porta da igreja, como era costume nesse tempo. Estas teses, escritas em latim, foram logo traduzidas para o alemão, holandês e espanhol. Logo, estavam na Itália, fazendo estremecer os alicerces de Roma. Foi desse ato de afixar as 95 teses que nasceu a Reforma. Um ano depois de afixar as teses, Lutero era o homem mais popular em toda a Alemanha. Quando a bula de excomunhão, enviada pelo Papa, chegou a Wittemberg, Lutero respondeu com um tratado dirigido ao Papa Leão X, exortando-o, no nome do Senhor, a que se arrependesse. A bula do Papa foi queimada fora do muro da cidade de Wittemberg, perante grande ajuntamento do povo. Lutera era um erudito em hebraico e grego, o que facilitou sua grande obra, a tradução da Bíblia para o alemão. Ele mesmo escreveu para o seu povo: Jamais em todo o mundo se escreveu um livro mais fácil de compreender do que a Bíblia. Comparada aos outros livros, é como o sol em contraste com todas as demais luzes. Não vos deixeis levar a abandona-la sob qualquer pretexto. Se vos afastardes dela por um momento, tudo estará perdido; podem levar-vos para onde quer que desejem. Se permanecerdes com as Escrituras, sereis vitoriosos. Depois de abandonar o hábito de monge, Lutero resolveu deixar por completo a vida monástica, casando-se com Catarina von Bora, freira que também saíra do claustro, e geraram seis filhos.
INICIO DE ALGUMAS DENOMINAÇÕES NO MUNDO E SEUS FUNDADORES
Ano Pais/Denominação Fundador(es) 606 Roma - Católica Primeiro Papa, Bonifácio1520 Alemanha - Luterana Martinho Lutero1534 Inglaterra - Anglicana Rei Henrique VIII1536 Suíça - Presbiteriana João Calvino1580 Inglaterra - Congregacional Roberto Browne1739 Inglaterra - Metodista João Wesley1827 EUA - Igreja de Cristo Alexandre Campbell1830 EUA - Mórmon Joseph Smith1843 EUA - Adventista William Miller1884 EUA - Testemunhas de Jeová Charles Taze Russell Ano Pais/Denominação Fundador(es) 1903 EUA - Pentecostal A. J. Tomlinson1906 EUA-O movimento pentecostal Em 1906, no dia 9 de abril, na famosa rua Azuza, 312, onde se localizava a Azuza Street Mission, em Los Angeles, com Willian J. Seymour, tem início o movimento pentecostal atual. O primeiro batizado com o Espírito Santo fora um menino de 8 anos. Outros, da Igreja do Nazareno e de outras igrejas foram sendo batizado1914 EUA - Assembléia de Deus Um grupo de Pentecostais1918 EUA - Evangélica Quadrangular Aimee Semple McPherson
INICIO DE ALGUMAS DENOMINAÇÕES NO BRASIL E SEUS FUNDADORES
Igreja Presbiteriana O missionário americano Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867) chegou ao Rio de janeiro em 12 de agosto de 1863. Foi ele quem trouxe o presbiterianismo ao Brasil e fundou aqui a Igreja Presbiteriana que teve sua primeira comunidade local no Rio de Janeiro (1865). Simonton também foi um dos fundadores do primeiro jornal evangélico do Brasil, chamado Imprensa Evangélica, em 24 de outubro de1864 Congregação Cristã Fundada em 1909/1910, por Louis Francescon, imigrante italiano radicado no Brasil. Assembléia de Deus Fundada em 18 de junho de 1911, no Pará, por Gunnar Vingren e Daniel Berg, imigrantes suecos, dissidentes batistas. Igreja Batista Independente Tem origem no trabalho da Missão de Örebro, Suécia, com a chegada do missionário Erik Jansson, em 1912 ao Rio Grande do Sul. Em 1952 foi organizada a Convenção das Igrejas Batistas Independentes, com sede em Campinas, SP, onde tem seu seminário Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil Em 11/02/1940, após dois anos de debates sobre a doutrina relacionada às"penas eternas", a 2ª IPI de São Paulo tornou-se a Igreja Presbiteriana Conservadora de São Paulo. Seu órgão oficial é o Presbiteriano Conservador. Igreja do Evangelho Quadrangular Fundada em São Paulo, em 15 de novembro de 1951, por Harold Williams. Foi a primeira a admitir pastoras Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo Fundada em São Paulo, em 1950/1955, por Manuel de Mello. Igreja da Nova Vida Fundada por Robert McAllister, em Botafogo, Rio de Janeiro, 1955 Igreja Internacional da Graça R.R. Soares Igreja Pentecostal Deus é Amor Organizada em 3 de junho de 1962, em São Paulo, por David Miranda. Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil Organizada em 1975, em Maringá, PR, fruto da fusão de duas outras igrejas pentecostais: a IPIR e a ICP. Detém a marca Aleluia. Igreja Universal do Reino de Deus Fundada em 9 de setembro de 1977, por Edir Macedo, no Rio de Janeiro. Atua fortemente na política Igreja Renascer em Cristo Organizada em 1986, detém a marca Gospel, no Brasil
O QUE É A IGREJA
A Igreja de Deus existe e está presente no mundo. O Senhor Jesus falou dela, quando disse aos discípulos que “edificaria Sua igreja” (Mateus 16.13-20). Os Reformadores se preocuparam em entender e definir a Igreja. Essa preocupação se encontra refletida nas confissões de fé adotada pelas Igrejas após a Reforma protestante. Podemos definir a Igreja como sendo a comunhão de todos os que foram chamados por Deus, mediante a Sua Palavra, e que recebem a Cristo como Salvador e Senhor, que conhecem e adoram a Deus Pai, Filho e Espírito Santo, em verdade, e que participam pela fé dos benefícios gratuitos oferecidos por Cristo. A Igreja é una, ou seja, só existe uma. Ao mesmo tempo, ela é universal, está espalhada pelo mundo todo, e têm pessoas de todas as tribos, povos, e raças (Apocalipse 7.9-10). Isto não quer dizer que a Igreja é do tamanho do mundo. Existe uma diferença radical entre a Igreja e o mundo. A Igreja está no mundo, mas não é dele. A Igreja de Deus sempre existiu e sempre existirá. Deus sempre teve e terá um povo para Si, para o adorar em espírito e em verdade. A Igreja de Deus, porém, atravessou duas fases históricas distintas. No período antes de Cristo ela estava em geral resumida à nação de Israel, e funcionava com rituais, símbolos e ordenanças determinadas por Deus, como figuras e tipos de Cristo. Com a vinda de Cristo, estas cerimônias foram abolidas, e agora adoramos a Deus de forma mais simples. Porém, é a mesma Igreja no Velho e no Novo Testamentos. Antes de Cristo, os crentes do Antigo Testamento se salvaram pela fé no Messias que haveria de vir. Depois de Cristo, somos salvos pela fé no Messias que já veio. A Igreja de Deus, mesmo sendo una e indivisível, existe agora em duas partes. A Igreja militante, composta dos crentes vivos neste mundo, que ainda estão lutando contra a carne, o pecado, o mundo e Satanás. E a Igreja triunfante, composta daqueles fiéis que, tendo vencido a luta, já partiram deste mundo, e hoje desfrutam do triunfo na presença de Deus (Hebreus 12.22-23). Estas duas partes da Igreja de Deus se unirão na Vinda do Senhor Jesus, quando houver a ressurreição dos mortos, e nosso encontro com o Senhor, para com Ele ficarmos para sempre, e com nossos irmãos de todas as épocas e de todas as partes do mundo (1 Tessalonicenses 4.16-18). A Igreja militante se expressa aqui neste mundo por meio de igrejas particulares. São a organização e estruturação local dos fiéis que se reúnem num mesmo lugar regularmente, para cultuar a Deus, serem instruídos em Sua Palavra e celebrar os sacramentos. As igrejas organizadas têm membros a elas afiliados, direção e liderança espiritual e administrativa, promovem cultos de adoração, celebram os sacramentos, anunciam o Evangelho e praticam boas obras. Elas têm um aspecto estrutural e organizacional, mas jamais devem ser consideradas como um clube ou uma empresa. Estas igrejas locais podem ser mais ou menos puras, dependendo de quão pura é a pregação do Evangelho que ocorre ali, a celebração correta dos sacramentos e o exercício da disciplina entre seus membros. É tarefa de cada igreja particular reformar-se continuamente à luz da Palavra de Deus, procurando cada vez mais se aproximar do ideal bíblico. São os princípios que são imutáveis, não as formas organizacionais e externas. Deve manter comunhão com igrejas evangélicas irmãs — afinal, ela não é única neste mundo! Deve zelar pela pureza da pregação, da celebração dos sacramentos e pela vida espiritual e moral de seus membros. Que Deus nos dê graça para podermos fazer tudo isto! Podemos distinguir quatro padrões gerais, embora muitos grupos não se enquadrem exatamente em nenhum deles. Episcopal É o governo por meio de bispos (episkopoi). É a ordem adotada pelas igrejas anglicana, luterana, metodista (esta com modificações). Um ministério triplo é mantido, abrangendo bispos, pastores (principalmente o clero local, que exerce a liderança nas igrejas e nas paróquias) e diáconos/diaconisas, que trabalham como auxiliares da igreja. Na prática, os diáconos são quase sempre pastores- aprendizes. Só os bispos podem ordenar outros para o ministério e eles traçam a sucessão através dos séculos. Este sistema não tem como reivindicar base bíblica, no sentido de que o Novo Testamento apresente alguma exigência indiscutível quanto ao assunto. Os estudiosos de todas as tradições aceitam hoje a idéia de que os termos episkopos (bispo) e prebyteros (ancião) são equivalentes no Novo Testamento (At 20.17,28; Fp 1.1; Tt 1.5,7). Assim sendo, a idéia da palavra bispos no Novo Testamento não é em geral aquela encontrada no sistema episcopal. Eles eram oficiais da igreja local, havendo quase sempre alguns servindo na mesma igreja, segundo o modelo dos anciãos do Antigo Testamento, na sinagoga judaica. Por outro lado, as igrejas episcopais destacam dois fatores significativos como apoio ao sistema. Primeiro, a presença de ministérios na igreja primitiva que transcendiam os da igreja local. Os apóstolos são o exemplo supremo neste caso; os profetas parecem Ter às vezes atuado nesse sentido. Timóteo, Tito e Tiago são vistos como exemplos especiais dessa terceira dimensão do ministério do Novo Testamento, desde que foram claramente investidos de responsabilidade sobre várias igrejas. Segundo, não pode haver dúvida de que a ordem de ministério tríplice retroceda quase até a era apostólica, sendo em meados do segundo século o padrão praticamente universal para o ministério cristão. Quando a igreja teve de enfrentar a perseguição extrema e a heresia em seu próprio meio, ela reforçou sua liderança oficial, principalmente o episcopado, a fim de fazer frente a esses desafios. Trata-se, portanto, de uma forma de ministério que provou ser de considerável valor para a igreja no decorrer dos séculos. Presbiteriano O governo por meio de anciãos (presbyteroi) caracteriza as igrejas Reformada e Presbiteriana em todo o mundo e, com certas modificações episcopais, o Metodismo. Os anciãos se reúnem geralmente num corpo central, como uma assembléia nacional, e nos presbitérios locais, com jurisdição sobre territórios geograficamente menores. Uma forma de presbiterianismo também opera onde uma igreja local é administrada por um grupo de líderes nomeados. Esta forma reivindica autorização bíblica direta, baseada no padrão do Novo Testamento, onde presbíteros são nomeados nas igrejas locais. Esses líderes aparecem consultando os apóstolos no Concílio de Jerusalém, em Atos 15. Entre os presbíteros na congregação local, um pode ser escolhido como presbítero- mestre, para administrar a Palavra e os sacramentos, à parte dos outros presbíteros administradores, que participam da liderança com ele (1 Tm 5.17). Em termos gerais, o governo é quase sempre exercido por um sistema de presbitérios, sínodos e concílios. O presbiterianismo também reconhece o direito de cada igreja participar da escolha dos pastores. Os diáconos realizam um ministério de apoio, ligado aos assuntos administrativos da igreja. De modo diferente dos episcopais, todos os pastores têm formalmente o mesmo status. Congregacional (Independente) É o governo através da igreja local em conjunto, seguido pelas igrejas batistas, congregacionais, pentecostais e outras igrejas independentes. A igreja local é a unidade básica: nenhum líder ou organização pode exercer qualquer autoridade sobre ela. Todas as decisões são tomadas por toda a igreja; o pastor, os diáconos e os presbíteros (se houver) acham-se no mesmo nível que os demais membros. Cada igreja local tem liberdade para interpretar a vontade de Deus sem interferência de outras igrejas ou grupos, embora na prática a maioria das igrejas independentes se una com outras de interesse comum. A ordenação para o ministério pode ser efetuada sem o envolvimento de outras igrejas, apesar de isso ser raro na prática; muitos congregacionalistas consideram essencial uma representação mais abrangente. O ministério é geralmente duplo, com pastores e diáconos, embora em alguns casos o pastor divida a responsabilidade espiritual com vários presbíteros. Algumas igrejas do tipo congregacional põem em dúvida a validade da idéia de nomear um determinado indivíduo para ministrar na congregação local. Os congregacionalistas se baseiam no significado da igreja local no Novo Testamento. Como vimos, a Escritura faz uso da mesma linguagem, relativa à natureza da igreja, tanto para se referir à igreja local como à igreja universal. Além disso, não existe no Novo Testamento qualquer evidência quanto à imposição de grupos mais amplos ou oficiais de fora sobre a vida da igreja local, excetuando-se evidentemente os apóstolos ou seus representantes pessoais, como Tito e Timóteo. Subjacente a isso, acha-se a convicção de que a liderança de Cristo na igreja implica sua presença imediata entre o povo e o poder de transmitir a sua vontade sem a mediação de qualquer outro agente, quer pessoal ou corporativo. Na prática, o congregacionalismo reconhece o valor da comunhão mútua e da cooperação entre as igrejas, embora não a ponto de restringir a suprema liberdade do grupo local para agir conforme a vontade do Senhor, segundo o seu discernimento.
Católico-Romano
O catolicismo é essencialmente uma expressão histórica específica do episcopalianismo. Existem sérios desvios das normas bíblicas em sua compreensão da igreja. O aspecto singular da organização católica é a primazia do Bispo de Roma, o Papa. A Igreja Católica difere outrossim das igrejas reformadas em seu conceito de um sistema eclesiástico sacerdotal, também encontrado nas igrejas ortodoxas do oriente e em algumas igrejas anglicanas. Este breve resumo mostra que nem o sistema episcopal, nem o presbiteriano, nem o congregacional pode reivindicar o apoio total das Escrituras, embora isso possa ser negado por alguns, em cada tradição. Não queremos sugerir com isso que a evidência bíblica deva ser posta de lado e o assunto seja decidido em bases pragmáticas. Mas, a fim de nos identificarmos com o corpo de Cristo, precisamos unir-nos a um desses grupos, e um mínimo de compromisso com suas estruturas é algo essencial para dar significado à nossa adesão. Devemos reconhecer, entretanto, os limites assim como a extensão de nossas convicções em assuntos que não contradigam claramente o ensino bíblico e exercer aquele respeito mútuo fraternal que é o sinal que distingue o povo de Deus (Jo 13.14s).









BIBLIOGRAFIA
Nota: Texto tirado e Aperfeiçoamento do site Conhecimento Bíblico.
- ALVES, J. C. M. - Direito Romano; Editor Borsoi, RJ, 1965, vol. 1, c. XVII E XVIII.
- TRICI, J. R. C.; AZEVEDO, L.C. - Lições de História do Processo Civil Romano; Ed. Revista dos Tribunais, c. 3,4 e 5
- JÚNIOR, J. CRETELLA - Curso de Direito Romano; 19ª edição; Ed. Forense; Rio, 1995.

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